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"Talvez quando um homem possui conhecimento especiais e poderes especiais como eu, isso o encoraje a procurar uma explicação complexa, quando está à mão uma mais simples." Sherlock Holmes (Sir Arthur Conan Doyle)
Sei de onde vem. Herdei-o da minha mãe, que adora histórias de crime e descobre sempre o criminoso primeiro que toda a gente. Ela, por sua vez, herdou-o do seu avô e do seu bisavô, ambos "barristers". A tradição familiar terminou no seu pai, meu avô, que se formou em leis em Oxford mas que nunca exerceu.
Em vez disso, concebia engenhocas complicadas como o famoso sistema de campainhas na casa do Estoril, cujo objectivo era manter uma vigilância apertada aos namoricos das criadas à janela. Mal as abriam para enviar beijos aos pretendentes, a engenhoca tocava uma campainha no escritório do meu avô e ouvia-se a sua voz "Maria! Close the window!".
Pronto. Tive um avô excêntrico. Nunca o conheci. A minha mãe diz que eu tenho os olhos dele, muito sérios e profundos. Gosto disso. Gostava também era de ter saltado, como ele, outra geração e de não ter queda para detective. É muito chato.
Quando se tem queda para detective, topam-se as incongruências todas, descobrem-se os exageros e as coisas que não batem certo e andamos sempre com a pulga atrás da orelha, algo que não é assim muito agradável. Por outro lado, os outros chamam-nos de desconfiados e estão constantemente a acusar-nos de vermos coisas onde elas não existem ...
Poirot diz-vos alguma coisa? ... Miss Marple? ... Sherlock Holmes? ... 007? ... A Inglaterra é profícua em detectives. Por algum motivo. É que ... sabem ... o bife, ao contrário do tuga, nunca mete o bedelho onde não é chamado mas ... como um bom cão de caça de pedigree anda sempre a farejar ... e quando lhe cheira mal não há nada que o convença de que ali não há lebre ... assim como não há nada que o detenha até conseguir provar que está certo ...