sexta-feira, 4 de julho de 2008

MURMÚRIOS DE LISBOA LXV

Os Homens-Aranha
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Homens-Aranha na Torre São Gabriel - Parque das Nações
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Há homens-aranha em Lisboa. Não é só na América.
Os homens-aranha lisboetas não vestem encarnado, mas azul e amarelo, usam capacetes de cores diferentes, consoante as suas personalidades e andam pendurados em cabos. São simpáticos, gostam das alturas, às vezes são tímidos e em vez de baterem à porta, batem à janela. Sobretudo detestam paparazzi armados em chicos espertos. Eu sei porque o ano passado fartei-me de lhes tirar fotografias e eles quando se zangam à séria chegam até a usar linguagem vernacular. É compreensível. Então está ali um homem a trabalhar, pendurado por cordas, a não sei quantas dezenas de metros da segurança do chão e de repente abre-se uma janela e sai de lá uma máquina fotográfica a disparar para tirar umas fotografias altamente com os homens-aranha, que por acaso são eles???!!! Isto não se faz ... É preciso ter respeito pelo trabalho de um homem-aranha, com franqueza ...
franqueldçkfçdlza
Mas também já fui buscar um saco para um deles enfiar a garrafa de água. Os homens-aranha lisboetas podem não ser portugueses. O homem-aranha a quem fui buscar o saco e a quem tirei uma fotografia espectacular que perdi quando o computador teve um dos seus ocasionais ataques (nem imaginam a minha tristeza ...), era ucraniano ou lá por esses lados. Estava lá pendurado na janela uma bela manhã e eu a tentar não me distrair com ele, quando nisto ouço: "Toc. Toc." Olhei para todos os lados, sem perceber muito bem de onde vinha aquele barulho. "Toc. Toc." Outra vez ... Lá olhei para a janela, assim meio a medo, pensando com os meus botões, "Então, mas ó Marta, tás parva ou quê? É claro que não pode ser o homem-aranha que está ali pendurado, ora ... Porque carga de água é que um homem-aranha iria agora estar a bater na janela? ..."
Mas era mesmo. E era mesmo por causa de uma carga de água. Não de chuva, mas da garrafa que tinha na mão. Levantei-me devagarinho ... aproximei-me da janela e abri-a, continuando a pensar "Mas este gajo tá a gozar comigo ou quê? Que raio é que um homem-aranha poderá precisar? Ele não está à espera que eu o segure, pois não?"
E o homem-aranha falou. O problema é que falou em ucraniano, ou russo ou lá o que era. E eu a tentar percebê-lo. E ele a gesticular. E lá percebi que afinal o que ele queria era um saco para enfiar a garrafa de água, porque aparentemente o outro que ele tinha, caira. Lá lhe fui buscar o saco e depois tirei-lhe uma fotografia espectacular a beber água, pendurado. O azar é que a perdi ...
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Os homens-aranha lisboetas só aparecem uma ou duas vezes por ano e deixam qualquer vidro de qualquer janela a brilhar. Depois desaparecem outra vez e a gente tem que ficar um ano inteiro à espera que eles reapareçam. Sabe-se que os homens-aranha lisboetas estão para chegar quando os vidros das janelas começam a ficar realmente peçonhentos, daquela peçonhice que quando se olha lá para fora num dia de verão abrasador por momentos parece que afinal está a chuviscar. Portanto, adoro vidros de janela sujos. Significa que os homens-aranha estão para chegar.
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Este ano estou ansiosa que venham para estes lados de novo. Prometo tentar outra fotografia espectacular, com palavrões ou sem eles. Entretanto, e enquanto eles não se aproximam mais, fica esta ;)

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