segunda-feira, 28 de julho de 2008

Passo os dedos pelo dicionário ao acaso e aterro em ...

MALHA
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As velhas sentam-se em conluiu e fazem malham e falam da vida alheia.
Por cada malha urdida, há uma vida destruída.
Enquanto se faz uma camisola, desfaz-se uma pessoa.
E a camisola cresce em extensão e uma vida decresce em consideração.
E as velhas malham nas agulhas e malham em alguém que diminui a olhos vistos sem ter comido nenhum pedaço do biscoito do País das Maravilhas, como Alice.
E é vudu, por cada malha tricotada, há uma que é espetada na alma de alguém, que sente as orelhas a ferver e não sabe porquê.
E as velhas malham e comentam os malhos da vida dos outros. Há cada malho, dizem elas. E com razão.
E há cada malha da vida entrelaçada ao pescoço de alguns, dizem elas. E têm razão.
E enquanto as velhas malham, há alguém que lá tropeça de novo nas malhas da vida e dá mais um trambolhão.
E enquanto as velhas malham, há alguém que é apanhado nas malhas da vida, nas malhas da lei, nas malhas de alguém mais esperto que ele.
E as velhas malham e falam sobre os malhos dos outros. Malhos descomunais. E esquecem-se que também elas já malharam, e não foi com agulhas. Foi com o coração.

2 comentários:

Dry-Martini disse...

Lembrou-me um ditado popular: "A chover e a fazer sol e as bruxas a comer pão mole". Boa malha .)

XinXin

Andrómeda disse...

Esta por acaso saiu-me porreirinha :)