quinta-feira, 30 de outubro de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 44

Mulholland Drive ou o Filme Mais Perfeito do Universo
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Mulholland Drive é um filme sobre o Cinema, passado em Hollywood, cujas duas protagonistas são uma ambiciosa starlett loira e uma ambiciosa estrela morena em ascenção.
Dito isto, a história até é simples (já o referi aqui, existem apenas um punhado de histórias para contar, mas mil e uma maneiras de as contar ...): uma jovem pretendente a estrela de cinema (a loira) chega a Hollywood cheia de sonhos na cabeça; torna-se amiga de uma actriz (a morena) protegida por um realizador famoso e acaba por se apaixonar por ela. Mas a sua paixão está mais interessada na ascenção à fama do que propriamente em continuar a partilhar a sua cama e aceita casar com o seu realizador protector, deixando a outra com ciúmes doentios e um desejo de vingança. Desesperada, e seguindo a velha máxima dos obcecados doentiamente ciumentos "se eu não te posso ter, mais ninguém poderá", a loira manda matar a morena na estrada de Mulholland Drive e afunda-se num remoinho destrutivo de drogas e respectivas alucinações paranóicas, que acabará num suicídio brutal.
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Só que ... esta é apenas uma das inúmeras interpretações que Mulholland Drive pode ter, ou não fosse o seu realizador nada mais nada menos do que esse estranho terráqueo que dá pelo nome de David Lynch. E quando este senhor decide fazer qualquer coisa, tudo é absolutamente tudo menos aquilo que parece à primeira vista.
Como o próprio Lynch refere, Mulholland Drive é para ser visto não apenas com a razão, mas também e sobretudo com a emoção. E tem toda a razão, ou não fosse o dito senhor um apaixonado por questões de psicologia e do inconsciente.
Ora queiram experimentar ver o filme e tentar apenas a explicação lógica para o seu enredo. Garanto-vos que não conseguem. Se conseguirem, só há 3 hipóteses:
a) São Einsteins
b) Não fizeram mais nada na vida até hoje, dia 30 de Outubro de 2008, a não ser tentar analisar o filme
c) Sabem mais que o próprio Lynch
Eu experimentei e dei comigo em doida. Qualquer das 3 ou 4 interpretações fez-me sempre sentir como um cão rodopiando em volta de si próprio tentando alcançar a própria cauda, sem perceber que a dita cauda, enquanto for ele próprio a perseguir-se, ficará eternamente inalcançável. Existem sempre, em cada uma das interpretações possíveis, um punhado de "falhas" que não encaixam na teoria até aí perfeita e lá regressamos desesperadamente ao início.
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Mas, quem disse que David Lynch é para ser entendido? Lynch é para se abanar a cabeça de boca escancarada e murmurar pela milésima vez: "Sacana do gajo ... mas como é que ele ... como é que ele fez isto? ..." Como diz o mestre de cerimónias no bar "Silencio": "There is no band, and yet the band is playing".
Sei apenas que quando sai um filme dele, vou a correr ver. Sem pensar. Inconscientemente. Instintivamente. É sobre moscas? Orelhas? Anões? Não interessa. Vai-se ver.
E isto, meus senhores, é o que se chama "the perfect show".
Mulholland Drive é a mãe de todos os "motherfucking-fuck-my-brains-out-and-then-some" filmes de sempre.
O que aprendi com Mulholland Drive?
* "A atitude de um homem revela até certo ponto o tipo de vida que virá a ter."
* Não tentar sequer aproximar-me das regiões habitadas por Lynch, é preciso muito cabedal
* Não é a história que conta, é a maneira como se conta que conta
* Naomi Watts nunca mais fez nada que se assemelhasse a esta perfeição de personagem
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Para entrar em paranóia total:
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P.S. Talvez seja uma boa opção experimentar ver o filme completamente pedrada ou depois de beber 4 ou 5 garrafas de vodka. Pode ser que assim resulte ...

1 comentário:

Dry-Martini disse...

Adoro os filmes deste Senhor e a aura misteriosa que sempre envolvem. Também adoro sempre as suas bandas sonoras que nos transportam sempre para lugares estranhamente sedutores. Também vou sempre a correr quando sai um filme deste Senhor. Também já vi todos os filmes deste Senhor .)

XinXin