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"O meu amigo Sasha acompanhava-me. Sasha exprime-se numa voz tão suave que até parece tímido, mas na realidade é um detective de homicídios que mede bem cada palavra. Quando esteve no exército, praticou biatlo, um desporto que o obrigava a esquiar de espingarda a tiracolo, interrompendo a corrida para disparar contra um alvo enquanto o coração lhe batia contra as costelas. Hoje, ainda conserva essa frieza de espírito."
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"Quem manda aqui? Vladimir Putin? O seu sucessor, Dimitri Medvedev? Os míticos oligarcas? O KGB, sob o disfarce do mais gentil FSB? Como se diz na Rússia, 'quem sabe, sabe'. Certo, certo é que Moscovo está inundada de dinheiro oriundo da exploração petrolífera e que existem aqui mais multimilionários do que em qualquer outra cidade do mundo. Os milionários são tão vulgares como pombos."
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"Os negócios multimilionários esperam pela calada da noite, pois há uma tradição russa segundo a qual ninguém pode confiar num homem, nem fazer negócios com ele, sem primeiro se embebedarem juntos. Comida, vodka e dinheiro andam a par e passo."
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"Observámos as prostitutas de calças justas que se bamboleavam. Têm fama de moer comprimidos de clonidina, transformando-os em pó solúvel. A clonidina é um poderoso fármaco para a tensão arterial: se for adicionada a vodka, é suficiente para o cliente desmaiar e rapidamente será roubado. Ao acordar, a vítima não deve correr até ao agente da milícia mais próximo. Bêbedo ou não, é bom saber que os polícias das Três Estações são os proxenetas."
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"O tráfego nocturno tem uma força centrífuga que nenhum carro de polícia consegue igualar: mesmo quando algum condutor é apanhado, limita-se a subornar a polícia. Naturalmente, a Rússia tem um registo alarmante de acidentes rodoviários. Contudo, se tivermos em conta que é possível comprar a carta de condução, em vez de obtê-la após comprovação da capacidade para conduzir, o número não é assim tão mau."
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"As diversas avenidas e auto-estradas russas têm uma certa faceta suicida: uma faixa central com trânsito nas duas direcções. A faixa está reservada a automóveis identificados com sirenes azuis, para que os altos funcionários possam deslocar-se com rapidez para tratar de assuntos de Estado. Para os Novos Russos apressados, estas sirenes são um objecto de desejo: o preço actual para uma sirene azul e chapa de matrícula oficial é de 34 mil euros. Não é raro ver duas comitivas automóveis dirigindo-se uma contra a outra em direcções opostas, numa versão russa do jogo infantil no qual quem se desvia primeiro é mariquinhas."
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"Alexei explicara-me que os ocidentais nunca perceberão a Rússia por verem as coisas a preto-e-branco, enquanto os russos vêem uma enorme zona cinzenta."
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"Moscovo Nunca Dorme" - reportagem de Martin Cruz Smith para National Geographic - Edição Outubro 2008
1 comentário:
интересно .)
XinXin (com Vodka)
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