terça-feira, 7 de outubro de 2008

MURMÚRIOS DE LISBOA LXXIII

Amélie Poulain Precisa-se - Parte II
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Vista do castelo de S. Jorge
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Amélie, filha, mas onde raio é que tu te meteste? Agora é que é. Agora tens mesmo que vir. Não dá para esperar mais. Queres ver?
O casal de lésbicas do 5º andar nunca mais foi avistado. Nem os gatos que costumavam uivar em noites de lua cheia. Muito menos o marido simpático da filha da senhoria que enfiou um pau de vassoura pelo cu acima. Da porteira nem sinal há meses. No entanto, o lixo continua, misteriosamente a ser recolhido, bem como os pagamentos respectivos.
Em contrapartida, o Lulu da filha da senhoria que enfiou um pau de vassoura pelo cu acima está cada vez mais vivaço. Terão todos tido o mesmo destino? Talvez sim ... ou talvez não ... Suspeita-se que a filha da senhoria tenha cortado o pobre marido aos pedaços, bem como o casal de lésbicas e a porteira e os ande a dar em porções somíticas ao pobre do Lulu. Talvez os gatos tenham sido incluídos na receita. Mas claro que isto pode ser apenas a imaginação demasiado profícua da maníaco-depressiva a funcionar. Até porque a maníaco-depressiva anda a escrever uma história de crime e anda um tudo nada obcecada com o assunto, só vendo criminosos a protuberarem de todos os buracos da cidade. Ou não ... também poderá ter decidido levar a sua investigação mais a sério (é comum os escritores quererem levar as suas investigações mais a sério) e experimentar a vida de crime para poder escrever sobre ela com conhecimento de causa. Tudo é possível, até porque a maníaco-depressiva vê muitos filmes.
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Sabe-se que o rapaz da garagem desistiu de lhe assobiar. Em vez disso, passou a rasar de vez em quando o passeio ao volante de um bólide que não lhe pertence, retinindo os piscas da frente para ver se consegue algum resultado. Talvez porque a maníaco-depressiva parece que não vê ninguém à frente do nariz, de tão embrenhada que anda no seu potencial romance criminal best-seller.
Por outro lado, o advogado do 3º andar, que também enfiou um pau de vassoura pelo cu acima e é, por esse motivo, muito mais sabichão que o rapaz da garagem, preferiu não só ignorar totalmente a maníaco-depressiva, como ir mais longe ainda e virar-lhe descaradamente a cara fingindo interessantes conversas ao telemóvel.
A maníaco-depressiva deixou de se importar, quer com o rapaz da garagem atrevido, quer com o advogado que enfiou um pau de vassoura pelo cu acima, e continua a olhar em frente, como se a rua estivesse completamente vazia, mas também pode ser porque anda de tal forma embrenhada no seu pseudo potencial romance policial best-seller que não vê ninguém mesmo que esteja a olhar para uma multidão.
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Em contrapartida, o dono do supermercado ecológico ou biológico ou do raio que o parta, persegue a maníaco-depressiva sem descanso. Primeiro foi por causa das avaliações acústicas urgentes das máquinas ventiladoras que poluem os ouvidos da maníaco-depressiva há exactamente um ano e 2 meses, mas sem que ela repare já nisso. Não se sabe se porque os seus ouvidos já se habituaram aos décibeis, se porque a maníaco-depressiva anda tão obcecada pelo seu possível potencial futuro romance policial best-seller que já não ouve nada acima dos décibeis imaginários que habitam a sua imaginação. Depois foi porque queria oferecer frutas à maníaco-depressiva pelos incómodos causados. A maníaco-depressiva agradeceu (com dois sacos do supermercado rival pendurados em ambas as mãos), fez de conta que sim e continuou a sua vida, sem frutas biológicas. O problema é que o ecológico ou biológico ou o raio que o parta, não só é verde, como infelizmente também é perene. Por outras palavras, não desiste. De vez em quando a maníaco-depressiva ouve assim: "Queres fruta?", mas faz ouvidos de mouca.
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Por sua vez, o dono da garagem, senhor de idade provecta mas olhos de lince para apreciar bólides antigos e maníaco-depressivas jeitosas a passarem à frente de sua garagem, não entende como é possível um idiota daqueles ter tantas intimidades com a maníaco-depressiva assim com tanta facilidade, quando ele próprio anda há exactamente 4 anos a tentar um mísero "Boa noite". Pois logo no outro dia, vejam só, aquele anormal pespega-lhe dois beijos na cara, enquanto lhe fala de cópias de avaliações acústicas e frutas!
É claro que o dono da garagem não percebe, mas o verde perene estava simplesmente a fingir intimidades com a maníaco-depressiva, uma vez que se encontrava de braço dado com a filha da senhoria que engoliu um pau de vassoura pelo cu acima e de modos que havia que fazer boa figura junto de tão ilustre entidade. Mais. A filha da senhoria nem falou à maníaco-depressiva e desatou a correr atrás do Lulu, que entretanto entrara disparado pela porta do prédio adentro, assim que a maníaco-depressiva a abriu. É claro que a filha da senhoria pensa que a maníaco-depressiva quer torcer o pescoço ao seu adorado Lulu com cara de penico.
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O caso tornou-se deveras grave quando o biológico subiu lá acima durante a avaliação acústica e reparou nos seguintes títulos das folhas pautadas A4 penduradas com fita-cola na parede da sala da maníaco-depressiva: Assassinos; Objectos Mortíferos.
Será por isso que o biológico quer cair nas boas graças da maníaco-depressiva? Será por isso que a filha da senhoria teme pela vida do seu Lulu? A maníaco-depressiva terá alguma coisa a ver com o desaparecimento do marido da filha da senhoria, o casal de lésbicas, os gatos e a porteira? Pensará o ecológico que poderá trocar a sua vida por frutas biológicas? O mistério adensa-se.
No entanto, sabemos qual é a opinião da maníaco-depressiva sobre estes e outros assuntos pertinentes - se a vida do biológico ou vegan ou o raio que o parta dependesse de frutas biológicas, o ecologista ou o biológico ou o raio que o parta bem que podia enfiá-las todas pelo cu acima e sufocar-se no processo que ela pouco se importaria. Era matéria para o seu romance policial potencial best-seller.
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Portanto, Amélie, pede-se a tua comparência ASAP no dito prédio ... seguem já as coordenadas por mail.
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P.S. Cuidado com os snipers imaginários da maníaco-depressiva. São bons, bem treinados, estrategicamente posicionados, eficazes e com poder de fogo. Envia sms antes de atravessares a rua. Over and out.

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