sábado, 27 de dezembro de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 52

Um livro também tem voz. Será composta pelas vozes de todos os personagens que o habitam. Mas essas vozes terão de cantar harmoniosamente ou, pelo menos, com algum tipo de estrutura harmónica coerente.
Um livro também tem música. É a mais difícil de encontrar. A última voz. A que resume todas as outras e que lhes dá um sentido superior, a que lhes oferece a vista ampla, de conjunto.
Estava ali, esteve sempre ali. Na esquina dos meus ouvidos. Por ironia do destino ou não, é a minha música. A única que consigo ouvir 200 vezes seguidas sem me cansar.
É, por isso, uma felicidade adicional, um brinde inusitado, a cereja em cima do bolo, que esta, a minha música, seja exactamente aquilo que procurava para o quadro geral.
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Todos os personagens se olham e observam alguém, obssessivamente, quer tenham ou não consciência disso.
Todos os personagens se estudam minuciosamente, por amor, por paixão, por dever, por missão.
E todos, sem excepção, se reencontrarão a si próprios no olhar do outro.
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Espero que ela me ajude a encontrar o ritmo certo desta história.
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