terça-feira, 30 de dezembro de 2008

SUGESTÃO DA SEMANA

HUNGER
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A primeira vez que ouvi falar de Bobby Sands, tinha 17 anos. Bobby era um herói. Lia quilos de coisas sobre o IRA e apoiava a Causa, apesar de não aprovar os métodos.
Passados quase 20 anos mudei algumas opiniões, mantenho outras.
O IRA, aparentemente, entregou as armas definitivamente em 2005. Decidiu prosseguir a luta através da política e da palavra. Certamente que haverá motivos políticos e económicos muito menos nobres do que os apontados oficialmente. Não sei. Há muito tempo que não ando a par da situação na Irlanda do Norte. Mas sei, pelo muito que li, que há algo que nunca se deve esquecer quando se fala de terrorismo - é que os terroristas também têm agendas políticas e não hesitarão em sacrificar os seus para atingir os seus fins. E que o que interessa ao terrorismo é manter-se vivo, mesmo que para isso tenha de inventar razões para se manter vivo ... Tudo vale, neste jogo do terrorismo.
Bobby Sands, esse, continua a ser um herói, mas não pelas razões que era quando eu tinha 17 anos. Continua a ser um herói porque se dispôs a morrer por aquilo em que acreditava. Que o seu país, dividido injustamente, podia voltar a ser reunido. Continua a ser um herói porque, na sua nobreza extrema de quem morreu com apenas 27 anos, foi uma vítima não apenas do governo inglês, mas também do próprio IRA. Foi uma ovelha sacrificada. Outros poderão, com razão, chamá-lo extremista. Outros poderão, também com razão, chamá-lo mártir. Outros ainda, provavelmente sem razão nenhuma, chamá-lo-ão santo. Estes últimos são todos os irlandeses, para quem Bobby Sands continua a ser o maior herói da história moderna irlandesa.
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Hunger é um filme absolutamente extraordinário. Porque conta a verdade. Nem mais, nem menos. A verdade irlandesa. A verdade inglesa. Sem tomar partidos. A verdade, nua e crua de uma das mais terríveis prisões do mundo - Maze (Labirinto), para onde eram enviados os terroristas do IRA.
E conta a verdade sobre a terrível greve de fome que Bobby Sands fez, porque acreditava que era possível fazer-se justiça. Uma justiça que o levou à morte.
E recordo um velho ditado irlandês que reza assim: "Os irlandeses são aquele povo que lutará até à morte por algo, mesmo que já tenha esquecido o que era esse algo" ...
çdlfkçlf
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P.S. E foi bom ver um filme inteiro falado com o sotaque irlandês, o sotaque mais doce e musical do mundo ...

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