quarta-feira, 30 de abril de 2008

MURMÚRIOS DE LISBOA LIX

Cara de Anjo Mau
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Gruta do Labirinto - Quinta da Regaleira
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"Os teus olhos são cor de pólvora, o teu cabelo é o rastilho
O teu modo de andar é uma forma eficaz de atrair sarilho
A tua silhueta é um mistério da criação
E sobretudo tens cara de anjo mau
Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é facil cair
Quem te ensinou a ser sempre o último a rir?"
Jorge Palma
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Tinhas uns olhos, pá! Caraças, pá! Que olhos que tu tinhas!
Eram enormes e azuis, raiados de verde. Eram duas lagoas a dançarem, eram dois sóis terrivelmente belos.
Mas eras maaaaaaau ... ui! Tinhas uma cara de mau ... Cuidado contigo!
Estavas na rua e eu dentro do autocarro. Ainda bem. Porque tinhas uma cara de bera ... vai lá vai ...
Encontrar-te na rua a meio da noite? Nem pensar! Fosga-se!
E acho que nem sabes os olhos que tens. Se soubesses não tinhas essa cara de mau. Porque é uma incongruência, percebes? Porque os teus olhos são maravilhosos, mas a alma que se vê através deles é torcida.
Até andavas à mau. Aquele andar do “o passeio é meu, ...da-se! encosta à berma que eu vou passar e levo-te comigo de arrasto.”
Livra! Que mau que tu és. E ainda nem 20 anitos tens.
E que olhos pá! Que sóis! Vai lá vai ...
Eras tão mau que me roubaste um personagem, literalmente. Usurpaste-o e fizeste-o teu. Agora passou a ter esses teus olhos. E até tive que lhe mudar a cor da pele, à conta dos teus olhos. Mas continua mau, exactamente como tu. Bera mesmo. Vai lá vai ...

terça-feira, 29 de abril de 2008

EM MINHA CASA, NA PONTA DOS PÉS 43 - FIM

Capítulo 12. À NOITE TOQUEI-TE E SENTI-TE
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Durante muito tempo ficou sentada no chão do seu minúsculo quarto a olhar para Wolf, que Clara lhe entregara com um seco:
"O Sr. Strat deixou-lhe o cão. E isto."
Sabia que John lhe deixara o cão porque Clara odiava o animal e durante muito tempo foi incapaz de lhe tocar, e apesar dos ganidos lancinantes que o setter deixava escapar interminavelmente.
Depois os caixotes começaram a chegar. Durante um dia inteiro assistiu, apática, ao descarregamento de caixotes repletos de livros, diligentemente empilhados por todo o quarto pelos quatro carregadores da empresa transportadora que a olhavam e sorriam, tecendo comentários em surdina entre si. John deixara-lhe todos os livros da sua biblioteca pessoal, era o que dizia o documento que ela assinou automaticamente, como se a sua mão pertencesse a uma outra pessoa que ela desconhecia.
flfkçlf
"Ao entardecer de um dia muito quente de inícios de Julho, um jovem saiu do cubículo que subalugara na ruela S… e pôs-se a caminhar lentamente, como que indeciso, na direcção da ponte K… Foi sorte ter evitado o encontro com a senhoria nas escadas. O cubículo era na água-furtada de um prédio alto, de quatro andares, e parecia mais um armário do que um compartimento. Pois bem, a senhoria que lhe subalugara o cubículo, com almoço e serviço incluídos, ocupava …" (2)
" 'O quê?', gritou D'Artagnan, 'o seu primeiro padrinho é o Sr. Portos?'
'Sim. Isso desagrada-lhe?'
'Oh, de maneira nenhuma.'
'E aqui vem o outro.'
D'Artagnan virou-se na direcção indicada por Atos, e avistou Aramis.
'O quê?' gritou ele, ainda mais admirado, 'a sua segunda testemunha é o Sr. Aramis?'
'Sem dúvida que é. Não sabe que nós nunca somos vistos uns sem os outros e que somos chamados nos mosqueteiros e na guarda da corte e na cidade Atos, Portos e Aramis ou os três inseparáveis? …" (3)
"Na bela Verona, onde se vai passar este drama, duas famílias, iguais em nobreza, impulsionadas por antigos rancores, fazem com que entre si se desencadeiem novas discórdias, em que o sangue dos cidadãos tinge as mãos dos cidadãos.
Das entranhas fatais destas duas famílias inimigas, e sob funesta estrela, nascem dois amantes …" (4)

fklçlfk
Não sabia o que estava na cassete que Clara também lhe entregara num envelope. Não conseguia imaginar, tinha medo de ouvir a voz dele, tinha medo que no fim, perto do derradeiro fim, ele se tivesse deixado abandonar a um qualquer tipo de sentimentalismo. “Gostei muito de a conhecer, apesar do que possa pensar.”
Deixou-a guardada no envelope que transportava consigo para todo o lado.
Entretanto, pensou que se ele tivera finalmente coragem para fazer aquilo que queria, ela também teria para acabar com uma relação moribunda e foi o que fez. Steve não percebeu e ela não se importou.
Visitava a sua campa todos os fins-de-semana para o manter ao corrente das novidades literárias e ler-lhe os seus livros. A sua audiência eram os pássaros.
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“Three quarks for Muster Mark!
Sure he hasn't got much of a bark
And sure any he has it's all beside the mark.
But O, Wreneagle Almighty, wouldn't un be a sky of a lark
To see that old buzzard whooping about for uns shirt in the dark
And he hunting round for uns speckled trousers around by Palmer-stown Park?
Hohohoho, moulty Mark!” (53)
lfkçldf
De vez em quando cruzava-se com Clara, mas nunca trocavam uma palavra sequer. As flores estavam sempre frescas e as suas nunca eram retiradas ou maltratadas.
Decidiu começar a frequentar as aulas de literatura da faculdade com o dinheiro que juntara. Mas não se inscreveu com Hesse e este nunca mais lhe dirigiu a palavra.
Até que um dia, um dia particularmente agradável em que recebera uma nota suficientemente boa e um elogio particularmente lisongeador de um dos seus arrogantes colegas, decidiu-se. Retirou a cassete do envelope, colocou-a no gravador e deixou-a correr. A sua própria voz encheu o minúsculo quarto:
lfkçl
"À noite toquei-te e senti-te
sem que a minha mão fugisse para lá de minha mão,
sem que meu corpo fugisse, ou meus ouvidos:
de um modo quase humano
senti-te.
çflºçl
A pulsar,
Não sei se como sangue ou como nuvem
Errante,
Em minha casa, na ponta dos pés, escuridão que sobe,
Escuridão que desce, cintilante, correste.
gflkg
Correste por minha casa de madeira,
E abriste as janelas,
E senti pulsar a noite toda,
Filha dos abismos, silenciosa,
Guerreira tão terrível e tão bela,
Que tudo quanto existe,
Sem tua chama, não existiria para mim." (26)
gfkçlfg
Depois chorou até lhe doerem os olhos.
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(1) Crime e Castigo - Fiódor Dostoiévski; (2) Os Três Mosqueteiros - Alexandre Dumas; (3) Romeu e Julieta - William Shakespeare; (53) Finnegans Wake - James Joyce; (26) Escuridão Formosa - Gonzalo Rojas
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= FIM =
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P.S. Obrigada, por enriquecerem esta história: Lewis Carroll, Fiódor Dostoiévski, Alexandre Dumas, William Shakespeare, Edward Behr, Lord Byron, JRR Tolkien, Arthur C. Clarke, Paul Auster, Gabriel García Márquez, Stephen King, Ernest Hemingway, John Steinbeck, James Joyce, Dante Alighieri, Charlotte Brontë, Gonzalo Rojas, Carl Sagan, Angela Carter, W. B. Yeats, Miguel de Cervantes Saavedra, Franz Kafka, Jorge Luís Borges, Vladimir Nabokov, Nikos Kazantzakis, Michel Tournier, Leo Tolstoy, Johann W. Goethe, Emily Dickinson, Joseph Heller, Thomans Mann, Sophia de Mello Breyner Andresen, Ray Bradbury, Antoine De Saint-Exupéry, Fernando Pessoa

segunda-feira, 28 de abril de 2008

AS TELAS DE ANDRÓMEDA

Composição VIII (1923)
Vassily Kandinsky (1866-1944)
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Óleo em tela - Guggenheim Museum - Nova Iorque
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"Pintor russo, um dos primeiros criadores da abstracção pura na pintura moderna. Kandinsky, ele próprio um músico de sucesso, disse uma vez que a Cor é o teclado, os olhos a harmonia e a alma o piano com inúmeras cordas. O artista é a mão que executa, tocando uma tecla ou outra, causando vibrações na alma. O conceito de que a cor e a harmonia musical estão relacionadas, tem uma longa história, intrigando cientistas como Sir Isaac Newton. Kandinsky utilizava a cor de uma forma altamente teórica, associando tons a timbres (a personalidade dos sons), matizes a afinações e saturação da cor ao volume do som. Ele afirmava que quando via uma cor, ouvia música. Esta característica é hoje conhecida como “sinestesia”, uma condição neurológica rara que apenas algumas pessoas são capazes de experimentar."
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"De todas as artes, a pintura abstracta é a mais difícil. Exige que se saiba desenhar bem, que se tenha uma sensibilidade extrema para a composição e para as cores e que se seja um verdadeiro poeta. Esta última é essencial."

domingo, 27 de abril de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 20


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Há várias imagens que ficam do filme “No Country For Old Men”. Imagens literais e imagens mentais, muito fortes.
O filme é um filme Cohen. Sem classificação possível, portanto. O universo Cohen está lá todo, talvez elevado até à sua máxima e mais madura expressão e por isso provavelmente o Oscar merecido.
Curiosamente não achei que Javier Bardem estivesse assim tããããão extraordinário que justificasse o seu Oscar. Já o vi muito melhor. Aqui pareceu-me mais uma caricatura do que propriamente um “ser humano”, mas talvez a intenção fosse essa – ele representará o mal, todo o mal que assola esse tal de país que já não é para as velhas noções dos mais antigos. O título em português é fraco, mas seria impossível traduzir em poucas palavras comerciais o segundo sentido do título original. É que No Country For Old Men significa que este país (o deles e o nosso, o mundo enfim) já não é para aqueles que ainda acreditam e vivem pelos velhos ideais, e que não são necessariamente apenas os mais velhos de nós.
Tenho 35 anos e depois de ver este filme sinto-me ainda mais velha do que já me sinto na realidade. Sinto-me a dizer as coisas que a minha avó dizia, quando eu era uma pirralha – este mundo está perdido. E não é sempre assim? Todas as gerações se queixam eternamente do mesmo. Mas será sempre assim?
O que este filme vem dizer é que a situação que o mundo vive não é apenas o que sempre se repetiu eternamente, à medida que as gerações dão lugar a outras gerações, sucessivamente. O que este filme vem dizer é que a situação é alarmante, descabida, ultrajante, insana, como nunca se viu. E por isso é que este filme é tão forte, tão terrivelmente forte. O que nos diz o filme? – que este mundo está perdido, vejam, olhem, o mundo e as suas “crianças” estão perdidas.
E depois as imagens.
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O deserto californiano cru, seco, infinito, desesperado, que representa a nudez de valores. Já nada cresce naquela terra, onde apenas os mortos parecem brotar da areia e das pedras do deserto, como plantas condenadas.
A sombra do xerife Bell, projectada na parede do quarto do crime, uma clara homenagem à figura do velho cowboy, quando os fora-da-lei ainda tinham princípios e ainda havia duelos com honra e não se matavam jamais adversários que não nos estivessem a fitar nos olhos e que não estivessem armados.
Os três miúdos a quem o ensanguentado Llewelyn oferece 500 dólares em troca de um casaco que lhe cubra as manchas de sangue. Llewelyn pede ainda a garrafa de cerveja a um dos miúdos e este, sem compaixão nenhuma, pede-lhe mais dinheiro ainda por ela.
A voz cansada de Tommy Lee Jones, extraordinário, extraordinário actor, que nos conduz lenta e inexoravelmente através da insalubridade do inferno imoral.
O olhar absoluta e terrivelmente vazio de Javier Bardem, sem medo, sem remorso, sem pudor, sem clemência, sem misericórdia, sem raiva, sem ódio, sem nada. Como o olhar vazio de um pássaro sem alma.
E quando o “nada” é quem mais ordena, que “país” nos dará abrigo? ... Que “país” será este por onde vagueamos como almas perdidas?

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çfklgçlf
O que aprendi com este filme?
Duas coisas importantes:
- Que um assassino tem necessariamente que saber tratar das suas próprias feridas (literal e metaforicamente)
- Que não quero que o “país” que estou a escrever seja assim, mesmo que a realidade seja cada vez mais assim

sábado, 26 de abril de 2008

GEOLÂNDIA 11

TEORIA CROMÁTICA
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sexta-feira, 25 de abril de 2008

MAGIC MOMENTS 33

Beijo #9 - O Beijo Atrevido
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quinta-feira, 24 de abril de 2008

PALAVRAS ESTÚPIDAS 11

Aviso à navegação: E pronto. Aqui vem mais um post execrável, adivinhem sobre quem ... Russell Crowe, claro. Mas caramba! Este homem tira-me do sério ...
lfkdçlf
Sou maluca pelo Russell Crowe. Tenho uma panca pelo Russell Crowe. Tenho uma tara pelo Russell Crowe. Sou doida pelo Russell Crowe. Babo-me pelo Russell Crowe. Sonho com o Russell Crowe. Adoro o Russell Crowe. Sou tarada pelo Russell Crowe. Não me ponham o Russell Crowe à frente que eu não respondo por mim. Se eu visse o Russell Crowe à frente, desmaiava. Quando ouço a voz do Russell Crowe fico sem pernas. Russell Crowe forever! I love Russell Crowe. Tenho um postal do Russell Crowe vestido de Gladiador na estante da sala e tenho 35 anos! Já vi o Gladiador com o Russell Crowe umas 50 vezes. Já vi os filmes todos do Russell Crowe. Vejo qualquer filme do Russell Crowe, mesmo que seja a maior bosta do mundo. Gosto do Russell Crowe feio, bonito, sujo, lavado, gordo, magro, vestido, despido, a gaguejar, com ceroulas, de óculos de fundo de garrafa, com aparelho nos dentes, coxo, manco, loiro, moreno, ruivo ou com o cabelo cor-de-rosa às bolinhas amarelas. Se sair um filme em que o Russell Crowe esteja de coma o filme inteiro, deitado numa cama, tapado com lençóis e embrulhado em ligaduras de modo que só se consiga ver a ponta do nariz, não fale, não tussa, não respire sozinho e morra no fim sem abrir a boca, eu vou continuar a dizer que ele é um dos maiores actores do mundo e que a sua interpretação de um gajo em coma, mudo e em que só se vê a ponta do nariz é fabulosa e merece o Óscar. Raios, eu até via um filme em que o Russell Crowe fizesse de morto. Mais, eu até via um filme em que o Russell Crowe fosse suposto aparecer ... mas afinal não ... Se inventassem um prato chamado Russell Crowe, composto de fígado e moelas, espargos, grão e dióspiros, que são as coisas que eu mais odeio nesta vida, eu emborcava aquilo todos os dias. Amo-te, Russell Crowe. Quero ter filhos teus, Russell Crowe. És o meu herói, Russell Crowe. És o meu príncipe encantado, Russell Crowe. O teu sotaque australiano que é das coisas mais intragáveis do planeta, nos teus lábios é pura poesia, Russell Crowe. Eu até gosto do teu riso estúpido, Russell Crowe, só porque é teu. Russell Crowe, és o maior. Ainda bem que és bom actor, Russell Crowe, porque se não fosses ai tanta merda que eu ia ter que gramar ... mas gramava de muito bom grado. Se o Russell Crowe me aparecesse à frente vestido de Gladiador, eu morria, mas morria feliz como o caraças. Se o Russell Crowe dissesse que me beijava se eu me conseguisse pôr em cima dum cavalo a galope de patins em linha a fazer malabarismos com bolas barradas de manteiga derretida, eu tentava. Se o Russell Crowe alguma vez fizer de russo num filme, eu suicido-me porque o que é que eu vou andar cá a fazer depois desse Nirvana ter acontecido? Sinceramente, não estou a ver ...

Ainda bem que existe ctrl+c e ctrl+v nos teclados porque senão ia ter que escrever Russell Crowe 50 vezes para este texto.
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Pronto, hoje apeteceu-me dizer isto.
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P.S.1 Russell Crowe rules!
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P.S.2 Eu vestida de cheerleader com dois pompons com as letras "R" e "C" nas mãos:
"R! C! Ninguém é melhor que tu! Russell Crowe We love you!
R! C! Ninguém é melhor que tu! Russell Crowe We love you!
R! C! Ninguém é melhor que tu! Russell Crowe We love you!
R! C! Ninguém é melhor que tu! Russell Crowe We love you!
R! C! Ninguém é melhor que tu! Russell Crowe We love you!
R! C! Ninguém é melhor que tu! Russell Crowe We love you!
R! C! Ninguém é melhor que tu! Russell Crowe We love you!
R! C! Ninguém é melhor que tu! Russell Crowe We love you!
R! C! Ninguém é melhor que tu! Russell Crowe We love you!
R! C! Ninguém é melhor que tu! Russell Crowe We love you!
R! C! Ninguém é melhor que tu! Russell Crowe We love you!
R! C! Ninguém é melhor que tu! Russell Crowe We love you!
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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Passo os dedos pelo dicionário ao acaso e aterro em ...

INIQUIDADE

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Interior do calabouço da Torre de Belém
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Porque é a maldade fascinante?
Por causa do sexo.
Não estais a ver a ligação? É simples.
O sexo é uma necessidade básica do ser humano, como comer, dormir ou cagar. Porque a preservação da espécie dele depende (o amor é apenas uma boa "desculpa" para ter filhos e preservar um relacionamento que os crie o tempo suficiente para que consigam sobreviver sozinhos e continuar por sua vez a nossa árvore genealógica - mas isso é outra história bem mais longa e controversa que não iremos tratar aqui de momento).
Ora bem, o que é preciso para ter sexo? Atrair a fêmea ou o macho (também existe a variante de pagar a uma fêmea ou a um macho, mas isso também é outra história não tão longa e se calhar não tão controversa, que também não iremos tratar aqui de momento).
Como se atrai, então a fêmea ou o macho? Não é de certeza a tirar macacos do nariz. Como se atrai? Usando-se de sedução. O que é a sedução? Somos nós no nosso melhor. E o que somos nós no nosso melhor? Uma cambada de mentirosos.
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Recapitulando: Vida --> ADN --> Sexo --> Atracção --> Sedução --> Mentira.
Quem é o Príncipe da Mentira? E não é que é o danado do Mefistófeles, do Belzebu, do Satanás?! Pois é mesmo! Esse depravado e debochado ... esse torcido ... esse ... ser deveras tão interessante ...
Agora, pergunta chatinha e irritante:
Preferis ver um filme sobre a vida do São Miguel ou sobre a de Satanás? Hãannn??? Não vale mentir! A mentira fica para depois, para o truca-truca. É claro que preferis o nosso amigo Satanás ... Muito mais interessante, certo? A vida do Miguelito deve ser uma secanteeeee ... Matou um dragãozito - olha que grande coisa. Tsss...
Já o nosso amigo Satanás mentiu, roubou, seduziu, enganou, matou, torturou, foi cínico e sádico e às vezes sado-maso, armou-se em vítima, atolou-se em vícios deliciosos, chorou lágrimas de crocodilo, foi um actor ainda melhor do que o Brando, divertiu-se que nem um maluco, dançou até não se aguentar mais nas patas e fodeu tudo o que lhe apareceu pela frente - o que significa cenas sexuais altamente com gajas e gajos bons comó milho que um filme com Satanás certamente teria.
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O São Miguel meteu a pilinha entre as pernas e plantou-se à direita de Deus armado em bonzinho. "Não passarás!" Sabem o que foi que Satanás lhe respondeu? Virou-lhe o cu, baixou as calças (ou subiu as saias, consoante o responsável pelo Guarda-Roupa do filme) e berrou-lhe "Óptimo! Fica aí feito estúpido a fazer companhia ao esquizofrénico, que eu vou mas é pá borga!"
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E agora outra pergunta ainda mais chatinha ... preferis espreitar pelo buraco da fechadura do quarto do São Miguel ou do de Satanás? Hãnnnn?? É que do quarto de Satanás, já sabeis o que esperar, mas do quarto do São Miguel talvez apanhásseis uma surpresazinha ...
kgjklj
Gostemos ou não dela conscientemente, aprovêmo-la ou não, vivamos em paz com isso ou não, a verdade nua e crua é que a vida sem iniquidade seria muito insonsa ...

terça-feira, 22 de abril de 2008

EM MINHA CASA, NA PONTA DOS PÉS 42 (cont.)

Capítulo 11. PODEREI COMPARAR-TE A UM DIA DE VERÃO?
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Fechou-os lentamente. Depois ouviu:
“Agora faça de conta que quer levantar-se para se ir embora e não pode porque as suas pernas não mexem.”
E então Emily deixou-se cair pela cadeira abaixo.
“Estou no chão.”, murmurou.
“Vá até à porta, como puder.”
Ela arrastou-se lentamente, carregando o peso todo do corpo com o tronco e os braços, mantendo as pernas completamente inertes atrás de si. A distância percorrida pareceu-lhe subitamente muito mais longa do que calculara. Tacteava à sua frente, ao mesmo tempo que puxava o resto do corpo, sentindo a carpete japonesa por baixo dos dedos. Sentia Wolf saltitar à sua volta e ganir.
John chamou o cão, batendo com a mão na cadeira:
“Wolf!”
O setter correu para ele e deixou-se ficar sentado junto da roda esquerda da cadeira, observando Emily, confuso.
Emily continuou a sua travessia da carpete, sem sequer se lembrar que alguém poderia entrar naquele momento, a criada com o chá ou Clara com o seu azedume, e surpreendê-la naquela inexplicável posição. Mas como tudo o resto que se passava dentro daquela sala, pareceu-lhe que o que estava a fazer era perfeitamente lógico e pareceu-lhe que não queria saber se mais ninguém compreendesse.
Chegou finalmente ao fundo da sala e puxou o resto do corpo até junto da parede, calculando mal a distância e lançando os ombros de encontro à pedra com mais força do que pretendera. Permaneceu assim, encostada de costas contra a parede, de olhos cerrados, respirando pesadamente, o corpo torcido.
Wolf abandonou finalmente a roda do dono e correu para junto dela, lambendo-lhe as mãos e arfando.
“Percebeu?”, murmurou John do fundo da sala.
Emily suspirou e engoliu em seco. Naquele momento, apeteceu-lhe não ter que abrir os olhos mas sabia que era apenas naquele momento. Abanou a cabeça e depois lembrou-se que ele, ao contrário dela, não podia abrir os olhos quando lhe apetecesse. Disse:
“Sim.”
Levantou-se e regressou à cadeira, relutantemente. Queria rodear a mesa e tocar-lhe na mão mas tinha a certeza que isso não seria a atitude mais correcta e que apenas serviria para os afastar, ironicamente. Em vez disso, incitou Wolf na direcção do dono, como se na impossibilidade de o poder fazer ela própria, pretendesse que o animal transportasse o seu toque e o depositasse na sua pele.
John curvou-se na cadeira e recebeu o cão com ambas as mãos abertas, erguendo-o nos braços para o depositar no seu colo e permaneceu o tempo restante da sessão de leitura a acariciar-lhe o dorso suavemente.
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Em certa medida, Clara tinha razão, quando a comparava ao cão, mas não pelos motivos que apontara. Era verdade que Emily não passava de uma simplória, um tanto ou quanto ingénua, que não sabia muito bem o que queria da vida nem para onde se dirigia.
Mas ele tinha a certeza que era apenas uma questão de tempo e de experiência, até que ela conseguisse desabrochar e todas as suas extraordinárias capacidades latentes explodiriam muitos anos mais tarde, numa altura em que ele já não estaria presente.
Tal como Wolf, ela tivera a capacidade, subtil e inadvertidamente, de o suavizar ao longo do tempo, apenas dentro daquela sala, onde os dois partilhavam um mundo secreto, tecido nas entrelinhas das palavras que alguns génios da análise da condição humana haviam escrito há muito tempo atrás. E sentia que com o passar do tempo, ela conseguiria suavizar-lhe o carácter muito mais, até perder provavelmente a clareza e frieza de ideias que o impediam de amolecer, até se transformar numa sombra de si próprio, numa ridícula farsa sobrevivente, fingindo sentir prazer numa patética pseudo-vida de aleijado. Não queria que chegasse a esse ponto. Não queria, pura e simplesmente porque o que estavam a tecer entre os dois não passava de uma ilusão.
Se não estivesse naquele estado, Emily teria permanecido invisível aos seus olhos, mesmo que a tivessem pespegado à sua frente todos os dias. E mesmo que por um qualquer desígnio da vida, ele tivesse conseguido perceber que por baixo daquela simplicidade enervante ela escondia uma sabedoria insuspeita até para si própria. Descobrira isso quando a criatura o surpreendera com a sua análise ao intragável Joyce.
E como estava naquele estado, ser-lhe-ia impossível permitir-se sequer deixar que a sua mente começasse a fantasiar.
Restava-lhe apenas deixar-lhe algo, não como agradecimento, mas porque ela seria a única pessoa capaz de dar sentido a tudo o que amara na vida.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

AS TELAS DE ANDRÓMEDA

O Baloiço (1766)
Jean-Honoré Fragonard (1732 - 1806)
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Óleo em tela, The Wallace Collection, Londres, Inglaterra
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"Pintor francês cujas cenas de frivolidade e galanteria se encontram entre as mais completas encarnações do espírito Rococó. As suas cores delicadas, caracterização espirituosa e pinceladas espontâneas garantem que até os seus temas mais eróticos nunca são vulgares e o seu melhor trabalho possui uma verve e uma alegria irresistíveis."
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poirpto
“Se fosse necessário, era capaz de pintar até com o meu próprio traseiro.”

domingo, 20 de abril de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 19

AVISO: Este post é de leitura interdita a menores de 18 anos ou a pessoas sem o mínimo de bom senso ou senso de humor dentro da tola
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A Melhor Amiga de Um Sniper – Parte XV
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"One Shot, One Kill"
Lema dos snipers marines
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Em Fort Bening, na Georgia, os candidatos a sniper passam cerca de 10 semanas de treino intensivo. No final do curso, um soldado ficará a conhecer a sua arma como nunca conhecerá mais nenhuma ferramenta na sua vida. Ela torna-se parte integrante da sua pessoa.
As aulas começam com teoria e com treino de tiro, onde se inclui treino de corrida para aumentar o ritmo cardíaco e depois controlá-lo.
Seguem-se técnicas de navegação, perseguição e camuflagem.
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O curso de snipering enfatiza o trabalho de equipa de tal forma, que até as flexões são realizadas em conjunto, como se de siameses se tratassem.
Por outro lado, um sniper depende da sua memória mais do que qualquer outro soldado, pois 90% do trabalho de um sniper é a recolha de informações e observação do inimigo. Um dos exercícios realizados é fazê-los olhar para 10 objectos durante alguns segundos e, após meia hora de corrida intensa, dar-lhes apenas 2 minutos para fazerem uma descrição exacta dos objectos, enquanto são utilizadas toda a espécie de estratagemas de distracção - luzes a apagar e acender, canções, ruídos com tachos, gritos dos instrutores.
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Um sniper aprende a colocar a face exactamente no mesmo sítio da arma e o dedo exactamente no mesmo sítio do gatilho, de todas as vezes que dispara. Aprende também todas as características do vôo de uma bala e as condicionantes que podem influenciar a sua trajectória.
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Hoje em dia as espingardas específicas de snipering são fabricadas de forma muito particular, de modo a optimizarem o mais possível a precisão do tiro. O cano é um tubo de aço com cerca de 60 centímetros de comprimento e 2 centímetros de espessura. É duas vezes mais pesado do que um cano normal, de forma a diminuir a distorção durante o tiro. A culatra é feita de fibra de vidro para não ser afectada pelas condições meteorológicas. O cano não toca na culatra, para que a vibração seja a menor possível quando a arma é disparada. As munições são fabricadas para terem a maior precisão, velocidade e poder e penetrarão um colete à prova de bala a uma distância de 800 metros.
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E as regras básicas para uma boa missão de snipering:
1º - Usar os binóculos para observar o horizonte
2º - Escolher posições seguras é mais importante do que o poder de fogo
3º - O primeiro tiro deve ser sempre um "hit"
4º - Movimentar-se de esconderijo para esconderijo
5º - Ser paciente
6º - Um tiro certeiro é mais importante do que um carregador desperdiçado
7º - Antes de tudo, o sniper deve certificar-se que consegue sair do local após o tiro, sem se expor demasiado
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Hasta la vista, baby

sábado, 19 de abril de 2008

PALAVRAS EMPRESTADAS 36


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A revista alemã "Kulturaustausch" levou a cabo o ano passado um inquérito internacional para encontrar a palavra mais bela do mundo.
Os critérios eram: uma bela sonoridade condensada, agradável ao ouvido em qualquer parte do mundo e que necessite, para ser explicada em palavras vulgares, de muitas outras.
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Eis os resultados:
1º - Yakamoz (Turquia) = "o reflexo da lua sobre a água"
2º - Hu lu (China) = "doce sussurro que faz o dormir suave"
3º - Volongoto (África - dialecto baganda) = "caótico"
4º - Oppholsvaer (Noruega) = "a luz do dia depois da chuva"
5º - Madala (Níger e Nigéria - dialecto hausa) = "graças a Deus!"
6º - Saudade (Portugal) = "nostalgia"
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Eu diria que "nostalgia" é pouco, muito pouco, para descrever "Saudade".
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"Tia - Filha minha, basta! Quando um homem começa a tocar-te com as palavras, chega longe com as mãos.
Beatriz - As palavras não têm nada de mal.
Tia - As palavras são a pior coisa que há. Prefiro que um bêbedo no bar te apalpe o rabo com as mãos, a que te diga que o teu sorriso voa como uma borboleta.
Beatriz - Estende-se como uma borboleta.
Tia - Voa, estende-se, tanto faz. Consegues ver-te como te vejo eu? Basta tocar-te com um dedo, para te fazer cair.
Beatriz - Estás enganada! É uma pessoa séria.
Tia - Quando se trata de ir para a cama, não há diferença entre um poeta, um padre ou até um comunista."
in O Carteiro de Pablo Neruda
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ekrçlr
"Nua
És simples
Como uma das tuas mãos
Lisa, terrestre, mínima
Redonda, transparente
Tens linhas de lua
Caminhos de maçã
Nua, és delicada como o trigo nu
Nua, és azul como a noite em Cuba
Tens entrelas trepadeiras no cabelo
Nua, és enorme e amarela
Como o Verão numa igreja de ouro"
Pablo Neruda
kjlkfjg
kjdjfk
"Tia - Desde há um mês, anda a rondar a minha taberna o tal Mario Ruoppolo, o qual seduziu a minha sobrinha.
Pablo Neruda - O que lhe disse?
Tia - Metáforas.
Pablo Neruda - E então?
Tia - Com as metáforas, aqueceu a rapariga como uma estufa. Um homem, cujo único capital são os fungos entre os dedos dos pés. Mas se os pés estão cheios de micróbios, a boca dele sabe dizer coisas que encantam.
Pablo Neruda (fingindo indignação) - Não ...!
Tia - Sim. Começou inocentemente, dizendo que o sorriso dela era como uma borboleta. Mas agora começou a dizer que o seio dela é como um fogo de duas chamas.
Pablo Neruda (fingindo ainda mais indignação) - Ahh!!!"
in O Carteiro de Pablo Neruda

sexta-feira, 18 de abril de 2008

EM MINHA CASA, NA PONTA DOS PÉS 41 (cont.)

Capítulo 11. PODEREI COMPARAR-TE A UM DIA DE VERÃO?
çfºlg
"Sim?"
"Traga um dos seus preferidos, amanhã."
FKLJG
"Súbita mão de algum fantasma oculto
Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.
lklfç
Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.
flkglçf
E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão nocturna que me guia.
çflgºçf
Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.” (51)
çflºçf
Quando saiu estava a nevar e estava frio. Olhou para a Casa Branca, para a janela iluminada onde a sombra dele se recortava e sorriu tristemente. Pensou que enquanto ele quisesse que ela continuasse a ler, provavelmente não pensaria em fazer nada … bastava-lhe continuar a ler …
Clara observava-a, do interior da casa e pensava exactamente a mesma coisa.
fçgºçf
Foi quando ela lhe tocou que abandonou quaisquer pensamentos idiotas, finalmente. Há meses que ninguém lhe tocava. Nenhuma mulher. Ela pegara-lhe na mão e colocara lá o pacote que iria acabar com tudo. Tencionara deixá-la ir embora, mas não fora capaz, porque a maldita esperança que ela lhe trouxera se estendera a um desejo de voltar a sentir a sua mão quente e suave.
"Onde é que pensa que vai?"
Não quis saber se ela ia achar que ele fraquejara. Provavelmente nem se dera conta. Mas não queria saber, mesmo assim. Não sabia o que estava a fazer. Só queria tê-la ali até tudo acabar. Ao menos isso. Nenhuma mudança na rotina estabelecida. Como se isso lhe oferecesse uma espécie de cortina transparente guardiã do pudor entre si e a terrível resolução que acabara de tomar.
Depois caíra na pateticidade de lhe pedir para trazer um dos seus preferidos. Ela pensara certamente que ele estaria interessado no que ela gostava. Não estava. Só não queria pensar.
Uma tarde chegou a ter o descaramento de querer levá-lo a dar uma volta ao quarteirão. Limitou-se a responder:
"Emily, eu pago-lhe para ler. Não para passear o cãozinho. Continue."
Queria apenas continuar a ouvir a sua voz sem ter de prestar atenção ao que ela dizia. E queria ouvi-la no seu melhor, lendo o que realmente gostava.
E ela excedeu-se. Atingiu a perfeição.
fçºlgºçf
Passara a observá-lo com atenção redobrada. Se até então o estudara com uma curiosidade simplória, como um aldeão mira um palácio apenas baseado em noções de beleza pré-concebidas por outros, agora passara a fazê-lo com interesse, tentando descortinar os seus pensamentos, as suas expressões, as suas nuances com um rigor quase obsessivo. Queria tentar perceber se um determinado dia era um dia mau ou bom, se nesse dia particular ele poderia tentar fazer o que se propusera.
ºçflgºçfg
“Hoje é um bom dia para morrer.”(52)
fçglºçfg
Enquanto isso, escolhia livros que lhe pareciam celebrar a vida, embora de qualidade duvidosa, numa patética tentativa de dissipar o odor a morte que os envolvia.
Um dia interrompeu bruscamente a leitura e, sem pensar no que estava a fazer, perguntou:
“Porquê?”
John não respondeu, nem sequer se mexeu.
Ela insistiu:
“Porque é que vai fazer isso?”
Ele soltou um suspiro audível, como se ela fosse uma menina mimada a quem era preciso explicar tudo mil e uma vezes.
“Emily … escusa de tentar a psicologia invertida. Não funciona.”
“Eu não estou a tentar nada. Eu quero saber porquê. Explique-me.”
“É preciso explicar? …”
“É.”, insistiu teimosamente, sem saber muito bem o que realmente pretendia.
“Feche os olhos.”, murmurou.
Ela piscou os olhos, sem ter a certeza de ter compreendido.
“Emily, feche os olhos agora.”
dkfdçlf
(51) Sem título - Fernando Pessoa
(52) Ditado popular dos índios norte-americanos

quinta-feira, 17 de abril de 2008

GEOLÂNDIA 10

ÓRGIA
KLJFKL

FKJFL

quarta-feira, 16 de abril de 2008

PALAVRAS CONTESTATÁRIAS 5

VIVA, INTACTA, DIGNA, EXACTA
ÇDLFÇDºF


ldçd
Ouvi dizer que te vão assassinar.
Ouvi dizer ... mas não pude acreditar ...
Ouvi dizer que te vão amordaçar.
Ouvi dizer ... mas não quis acreditar ...
Dizem eles que é porque te querem cuidar.
Mas custa-me mesmo acreditar ...
Que é porque te querem fazer voar.
Mas, ouve, não faz sentido ...
O que eles querem é vender-te.
E isso já aposto contigo ...
Que te querem simplificar?
Continuo sem entender ...
É lá coisas de políticos.
E isso é bem possível ...
Vão escrever uns tais de éditos.
Parece impossível ....
Ouvi dizer ... e quero-te dizer ...
Que eu lutarei por ti, se mais ninguém houver
Que empunharei a minha pena, se de mim depender
Que daqui eles não passarão
Que terão de me enfrentar!
Que só por cima do meu corpo caído neste chão
Se atreverão a te mutilar
Que eu que ganho tempo a moldar-te
Que eu que me alegro a trabalhar-te
Nestes dedos que a terra há-de comer
Nestes olhos que um dia se fecharão
Nestas folhas que um dia se desfazerão
Aqui continuarás viva, intacta, digna, exacta
Que não é com amarras mal amanhadas
Que te poderão fazer crescer
Que só nas ruas, nas vidas, nas bocas
Dos que te usam sem o saber
Para dizer e sentir e compreender
Que só assim poderás dançar
Como as ondas deste mar
E seguir por esse mundo a cantar
Que não és deles, dos que a medo te tacteiam
Mas do teu povo e dos teus artesãos
Que te enrolam nas suas mãos
Que te abusam e te usam e te amam
Que só eles podem mudar-te
Que só eles conhecem essa arte
E o engenho dos sonhos que te moldam
Ouvi dizer ... e quero-te dizer ...
Que estou triste, desiludida
Porque me sinto traída
Por aquele em nome de quem lutei
Por quem outros desafiei
Porque é um homem de Palavra
De trabalho e de acção
Mas que não entende nada
De ti, das tuas letras, do teu coração
É nos números que reside a sua mestria
Não na música da ortografia
Mas, pobre diabo, como poderá entender
O crime que esses falsos conselheiros o farão cometer?
Porque assim o farão empunhar
O punhal que te irá mutilar
E eu não posso ficar calada
Devo usar da minha palavra
Para te e lhes dizer ...
A ele que julga fazer por bem
Aos outros que não dão contas a ninguém
Que se depender de mim
Não hão-de passar por ti
Não te hão-de esventrar
Não te hão-de esmilhafrar
Não se atrevam a julgar!
Que a todos podem enganar
Porque
És o meu PAÍS
És a minha CASA
És a minha TERRA
Aqui poderás refugiar-te
Nos meus dedos enroscar-te
Aqui continuarás sempre
Exacta, Digna, Intacta, Viva
Meu PORTUGUÊS
Minha LÍNGUA
Minha ALMA

terça-feira, 15 de abril de 2008

MAGIC MOMENTS 32

Beijo #8 - O Quase Beijo mas ... ahhh ... ainda não é desta ... caraças ...
ldfkdlçkf
dkfjldj


segunda-feira, 14 de abril de 2008

EM MINHA CASA, NA PONTA DOS PÉS 40 (cont.)

Capítulo 11. PODEREI COMPARAR-TE A UM DIA DE VERÃO?
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Chegou como de costume às cinco para as seis. John esperava-a como de costume junto da janela. Clara já nem se dava ao trabalho de lhe abrir a porta. Ironicamente, Emily tornara-se mais uma parte da mobília (o que já não era mau, pensava) ou, quando muito, mais uma parte da rotina diária da casa. A empregada abriu-lhe a porta e cumprimentou-a com um sorriso, o único que ela recebia naquela casa desde que ali começara a trabalhar.
Entrou na sala e sentou-se, como de costume, na cadeira frente à secretária. Mas John não se virou. Continuou a olhar para a janela, escondido na penumbra.
"Fiz o que me pediu. Está aqui. Os recibos também."
John não falou.
Emily abriu o livro que estavam a ler e prosseguiu com a leitura até às oito em ponto. Contrariamente ao que já era habitual, John permaneceu silencioso até ao final, como no dia anterior.
flklçf
" 'E agora?' - perguntou Gregor de si para si, olhando para a escuridão que o rodeava. Depressa descobriu que já não era capaz de se mexer. Não estranhou que assim fosse, pelo contrário, o que lhe parecia pouco natural era ter conseguido movimentar-se com estas perninhas tão finas durante todo aquele tempo. De resto, e tendo em conta as circunstâncias, sentia-se até muito bem. É verdade que todo o corpo lhe doía, mas parecia-lhe que as dores se iam tornando cada vez mais fracas e que acabariam por desaparecer. Já mal sentia a maçã podre enterrada nas costas e a região infectada a toda a volta, completamente coberta de pó fino. Recordava a sua família com amor e ternura. A convicção de que tinha de desaparecer era possivelmente ainda mais firme nele do que na irmã. E assim se deixou ficar neste estado de cogitação vaga e serena, até o relógio da torre bater as três horas da manhã. Ainda assistiu aos primeiros sinais de claridade na janela. Depois, a sua cabeça descaiu completamente, sem ele querer, e das narinas desprendeu-se, quase imperceptivelmente, o último sopro de vida." (50)
fçlçf
Às oito fechou o livro e levantou-se. Aproximou-se da cadeira e pegou-lhe na mão, entregando-lhe um pacote. Era a primeira vez que se tocavam. Talvez pela intimidade criada com as visitas e leitura diárias, talvez sobretudo porque não pensava voltar a vê-lo, não se inibiu.
"Está aqui. É tudo. Espero que consiga o que quer. Até sempre."
John farejou-a. Foi o primeiro movimento que fazia naquela tarde.
"Onde é que pensa que vai?"
"Vou-me embora. Não volto mais. Não se vai matar? Não foi por isso que me contratou?"
Sentiu-lhe uma perplexidade que nunca lhe vislumbrara.
"Ou quer que eu continue a vir aqui ler para as paredes? Se quiser, posso ler-lhe junto à campa. Sempre é mais agradável."
Sentiu-o enfurecer-se. Mas John controlou a ira, apesar de lhe notar um rubor nas faces que traía o esforço para se conter.
"Que comovente, Emily. Posso dar-lhe uma lista dos preferidos."
"Não é preciso. Eu sei quais são todos os seus preferidos."
fçlçf
" Ele era um velho que pescava sozinho num barco na corrente do Golfo e já tinham passado oitenta e quatro dias sem ter pescado um único peixe. Nos primeiros quarenta dias …" " 'E agora?' - perguntou Gregor de si para si, olhando para a escuridão que o rodeava. Depressa descobriu que já não era capaz …" "… eunuco cujas funções eram mais ou menos as de uma buzina: caminhava cerca de dois ou três metros adiante do grupo e fazia um ruído para avisar alguém que andasse pela vizinhança que devia …" “Poderei comparar-te a um dia de verão? És mais bela” “’Eu sou um computador HAL Nove Mil Número de Produção 3. Tornei-me operacional na Fábrica Hal, em Urbana, Illinois, em 12 de Janeiro de 1997. A veloz raposa …’" "… estaria em plena posse das faculdades mentais e deveria fazê-lo. Yossarian sentia-se profundamente impressionado com a notável simplicidade daquela cláusula do Artigo 22 e emitiu um silvo de respeito." "Leitor, embora pareça confortavelmente instalada,não estou muito tranquila … " "… Num campo perto do rio o meu amor e eu detivémo-nos, E no meu ombro inclinado ela pousou a sua mão branca de neve ..." " … um grande medo, como se aguardasse o pronunciamento de uma sentença que previra há muito tempo, mas que, apesar disso, esperava em vão não fosse pronunciada. Encheu-lhe o coração um desejo …" "… e flechas do destino, Ou empunhar armas contra um oceano de tormentas, E opondo-se-lhes …"

lkçlf

"Sabe?"
"Sei. Não pense que só porque não me consegue ver, eu não o consigo ver a si."
John virou a cabeça para a janela. Aquela confissão parecera ter-lhe dado subitamente consciência de si próprio. Passaram alguns minutos antes que respondesse.
"Mas eu ainda não vou fazer isso …"
"Ah não?"
"Não … Quando o fizer, aviso-a com antecedência, esteja descansada. Até lá, gostava que continuasse as suas leituras."
Esta última frase foi proferida num tom tão baixo que Emily teve que se inclinar um pouco para o ouvir.
"Está bem. Volto amanhã, então."
John não lhe respondeu.
Emily pegou na mala e dirigiu-se para a porta.
"Emily …"

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(50) A Metamorfose - Franz Kafka

domingo, 13 de abril de 2008

AS TELAS DE ANDRÓMEDA

Ascensão dos Abençoados (1500)
Hieronymus Bosch (c. 1450 - 1516)

LFKDÇLK

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Óleo em painel, Palazzo Ducale, Veneza, Itália
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"O extraordinário pintor Hieronymus Bosch destaca-se da restante tradição flamenca do seu tempo. O seu estilo era único, marcadamente livre, e o seu simbolismo, inesquecivelmente vívido, permanece sem paralelo até aos dias de hoje. Maravilhoso e assustador, ele expressa um intenso pessimismo e reflecte as ansiedades da sua época, um tempo de conturbação social e política."
jsdkljf

sábado, 12 de abril de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 18


dçld
Regresso a Hannibal Lecter.
Porque Hannibal é muito mais do que se possa pensar, à partida. É um personagem de uma riqueza extraordinária. Quanto mais penso no que li e mais interiorizo o que captei, mais inveja sinto de Thomas Harris.
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E ainda bem que foi Anthony Hopkins o escolhido para o interpretar. Quem não leu os livros não pode saber que Hopkins é absolutamente fiel ao personagem. O papel foi o seu golpe de génio. É difícil entender isto em 2 horas e tal de filmes. É pouco. Mas só um actor com a inteligência emocional de Hopkins poderia construir um personagem que em cada segundo de filme respira subtilmente as palavras exímias de três livros de 400 e tal páginas.
lkf
Thomas Harris é brilhante no retrato de Hannibal. A delicadeza do seu pensamento, das suas palavras e dos seus gestos é dada através de frases curtas e incisivas, em que se diz apenas o essencial para que o leitor possa imaginar tudo o resto. Nas entrelinhas existem passinhos de lã e veludo e atitudes impiedosas, descritos de uma forma tão cuidadosa e tão delicada, com um cuidado extraordinário pelas palavras, como se estas fossem jóias preciosas e terríveis, ingredientes de um elixir destinado a provocar emoções precisas no leitor que o bebe.
kjflf
"Hannibal" é um anagrama de "Animal", mas com o "H" de "Humano" no início. Hannibal é um animal humano, não um humano animal. E aqui talvez resida todo o segredo. Hannibal é instintivo, puro, delicado como um animal. Hannibal nunca magoa, por isso, animais. Ao invés, ele come carne humana. Quando lhe matam a irmã e a comem e lhe deixam a dúvida sobre se também lha terão dado a provar, algo de terrível acontece no interior do pequeno e precoce Hannibal. Deve haver um termo psiquiátrico para isso. Não sei qual é. A sua mente rasga-se de forma atroz e irreversível. O que fizeram à sua irmã e os "animais" que o fizeram perseguirão para sempre Hannibal e, mais tarde, Hannibal persegue-os, um a um, mata-os e come-os.
kjklrf
As vítimas de Lecter nunca são exactamente inocentes. E repare-se que se formou em psiquiatria. Talvez para entender como um ser humano é capaz de praticar canibalismo. Talvez para se entender, mais do que para conseguir controlar a mente dos outros?
E repare-se também que Hannibal ama Clarice. À sua maneira ... mas o amor tem regras? Não me parece. Se tivesse, deixava de o ser.
kdjfdkl
Hannibal. Animal. Canibal. "Hannibal, the Cannibal", assim o apelidam os polícias que o perseguem, os mesmos que perseguem Clarice, mas por motivos muito diferentes. Porque ela é mulher e não "deve", não "pode" assumir lugares de poder dentro da hierarquia policial. São animais, portanto. E Clarice sabe disto. Só uma mulher inteligente pode entender Clarice. Ela sabe que são raros os homens que a possam entender, como são raros quaisquer homens que possam entender qualquer mulher inteligente. Ela sente isto, mesmo que não o consiga provavelmente explicar a si própria. E Hannibal sabe que ela sente que ele a entende.
E aqui reside um dos fascinantes pontos fulcrais da narrativa de Thomas - por ironia (ou não) do destino, o único homem de entre todos os outros homens (animais) que a podem entender, é o maior Animal de todos, o Monstro.
dkjdkl
O que torna a série de 4 romances de Thomas Harris tão soberba é que ele deixa nas entrelinhas esta pergunta arrepiante e contundente: "Quem é mais animal, afinal? Hannibal, o Canibal, dono de uma sensibilidade agudíssima, ou os agentes do FBI, os homens que farão tudo o que for possível para que uma mulher não possa juntar-se à sua alcateia? Quem é, afinal, o Canibal? O devorador de carne humana ou os devoradores de mentes?"
dlkd
Que inveja que eu tenho de Thomas Harris ...
Rais parta o homem :)

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Passo os dedos pelo dicionário ao acaso e aterro em ...

PERSPECTIVA
SLKLD

Escada em caracol no interior da Igreja do Palácio da Regaleira
DLKÇ
Kant dizia que nunca se pode conhecer a realidade tal como ela é. Cada qual apreende a realidade, o mundo, de acordo com a sua percepção, a sua experiência, o seu "mundo" interior.
Mas não é preciso ler Kant para nos apercebermos deste facto da vida. Há sempre pelo menos duas versões em todas as histórias e, afinal de contas, o que é a Verdade senão a nossa própria versão dos acontecimentos?
çfdlçºd
E há apenas uma Verdade? Talvez o único sítio onde ela existe, por imposição dos trâmites da justiça, seja no tribunal. Aí a Verdade só pode ser uma, mas toda a gente sabe como muitas vezes essa também não é a melhor forma de encontrar justiça e que a Verdade assim achada, por força das circunstâncias, dos factos e dos testemunhos pode ser tão redutora ...
lkfçldfk
Por outro lado, a perspectiva proporciona multifacetas verdadeiramente atraentes e coloridas e todos teremos de agradecer à magia e ao talento dos mestres renascentistas a descoberta dessa representação realista e complexa da realidade, muito mais interessante.
E porque quem conta um conto lhe acrescenta sempre um ponto, talvez muito mais interessante do que tentar encontrar a Verdade, seja tentar descobrir nas diferentes perspectivas da mesma história as Verdades pessoais que se revelam por trás de cada uma delas. A nossa perspectiva é sempre uma parte de nós e por isso cada livro, depois de colocado à venda, ganha infinitas vidas tão ou mais deslumbrantes do que aquela que o seu autor criou inicialmente.
kfjldkf
E o que dizer dos campos abertos debaixo dos nossos passos pela ciência, essa brincalhona atrevida que sempre nos coloca questões inusitadas? Haverá apenas 3 dimensões ou nós apenas conseguimos ver 3 das muitas outras que poderão existir? E se sim, como seria o mundo para nós? Um outro universo absolutamente desconhecido e novo.
dkjd
Como somos vistos pelos outros? Nunca da forma como nos vemos a nós próprios. E nunca da mesma maneira para cada um dos que nos vê. Então, quem somos nós, realmente? Onde nos poderemos encontrar no meio desse remoinho assustador de tanta perspectiva? Seremos, como diria Hume, apenas um conjunto de momentos, nunca iguais, sempre em mudança constante, não mais como ontem, ainda não como amanhã?
dkjd
A perspectiva pode ser assustadora e causar mesmo vertigens.
Qual é a tua perspectiva sobre este assunto?

quarta-feira, 9 de abril de 2008

GEOLÂNDIA 9

DOWNSIZING

DLKDÇL
DºÇLKDºÇ

terça-feira, 8 de abril de 2008

EM MINHA CASA, NA PONTA DOS PÉS 39 (cont.)

Capítulo 10. AMAR UMA FLOR
flºçf
“Foi a última vez que essa serigaita entrou nesta casa.”
“Porquê?”
“Sabes muito bem porquê.”
“Não, não sei. Mas se fizeres o favor de me esclarecer ...”
“Não quero escandaleiras à porta desta casa.”
“Ah! Não me digas que estiveste a ouvir atrás das janelas, Clara?”
Não obteve resposta. Os dedos da mão direita tamborilavam no antebraço esquerdo com uma veemência que o fez sorrir interiormente.
“Ouviste bem o que eu te disse, Johann?”
“Ouvi, querida Clara. Ouvi tudo, inclusivamente aquilo que tu chamas escandaleira e que não passou de um breve atrito entre dois namorados, se bem entendi.”
“E como não me parece que estejas em condições de fazer um julgamento correcto da situação, o assunto passa para as minhas mãos.”, continuou, como se ele nem sequer tivesse aberto a boca.
John virou a cadeira repentinamente na direcção dela e farejou-a durante o que pareceu a ambos um momento interminável, antes de proferir num tom tranquilo:
“Se a mandares embora sem o meu consentimento, vais logo a seguir.”
Clara piscou os olhos, como se uma ténue nuvem de fumo ou um insignificante insecto tivesse passado pelo seu campo de visão e continuou:
“Não tens que te preocupar com nada. Nem ela. Sairá daqui com as contas acertadas e até lhe vou dar um bónus. Mas esta farsa acabou, John.”
“Clara ... não ouviste o que eu disse, pois não?”
“Johann, não é altura para essas tuas brincadeiras cínicas e infantis! Eu estou a falar de um assunto sério. Essa rapariga não deve entrar mais nesta casa. Ontem trouxe um indivíduo até aqui, um indivíduo que podia ser perigoso. Não sabemos nada dela, a não ser o que vem no curriculum. Eu não quero arriscar ...”
“Clara ...”, o tom tornara-se monocórdico, como um disco repetido à espera de uma mão atenta que levantasse a agulha e a voltasse a colocar noutro local do prato.
“... sabes tão bem como eu que deves ter cuidado com certas pessoas. Não te estou a ensinar nada de novo, John. Não és nenhuma criança. És um homem. Inteligente. Sabes perfeitamente do que as pessoas são capazes para cheirarem a cor do teu dinheiro, quanto mais na situação em que te encontras ...”
“Clara!”, berrou finalmente, “Se a mandares embora sem o meu consentimento, podes começar a fazer as malas porque não te quero ver mais nesta casa. Ouviste agora?!”
O silêncio foi tão intenso que por momentos John colocou a hipótese de ela ter saído da sala sem que ele tivesse dado por nada. A sensação que tinha era de total ausência física, para além de si próprio. E depois, vinda do fundo da escuridão, tal e qual a voz que o perseguia no seu sonho, ouviu Clara proferir num tom cavernoso, como se não quisesse acreditar nas próprias palavras que proferia:
“Tu gostas dela ...”
Ouviu-se responder automatica e naturalmente, esquecendo-se das mil e uma barreiras que colocava sempre entre si e o seu interlocutor:
“Sim, gosto.”
“Não ...”, continuou Clara ainda mais baixo, “Tu gostas dela.”
lkjlkf
"- Amar uma flor de que só há um exemplar em milhões e milhões de estrelas basta para uma pessoa se sentir feliz quando olha para elas. Porque pensa: 'Ali está ela, lá no alto, a minha flor.' Mas se a ovelha comer a flor, para essa pessoa é como se as estrelas se apagassem todas de uma vez! Mas isso também não tem importância nenhuma, pois não? E não conseguiu dizer mais nada. Desatou de repente a soluçar." (49)
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E tão repentinamente como tinha entrado, Clara saiu sem fechar a porta deixando John com a mesma sensação de vazio, mas desta vez real.
Sentiu-se novamente ridículo. Porque se vira subitamente a defendê-la, àquela serigaita e ao seu namorado campónio, perante Clara, apesar de aquela serigaita e o seu ridículo namorado provinciano o terem magoado até à medula com as palavras que haviam trocado entre si.
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(49) O Principezinho - Antoine De Saint-Exupéry

segunda-feira, 7 de abril de 2008

MAGIC MOMENTS 31

Beijo #7 - O Beijo Refrescante
çfºlºçdf
çfdldçf





kfldfk

Porque John Wayne também sabia beijar :)

domingo, 6 de abril de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 17

A Melhor Amiga de Um Sniper – Parte XIV
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glfºçg
Se pegar numa espingarda para simular tiros é uma experiência difícil e interessante, pegar numa espingarda de pressão de ar e atirar a um alvo situado a 10 metros, foi uma experiência difícil, interessante e viciante.
Primeiro experimenta-se na posição sentada. Se eu estivesse a aprender, experimentaria nesta posição durante alguns meses, até me levantar. Como fui apenas bisbilhotar, também disparei de pé. Em ambas as posições, consegui acertar quase todos os tiros no alvo e não muito longe do centro, o que para principiante não foi nada mau.
Quanto à pistola, foi um autêntico desastre :) Sentada, tudo bem. De pé, o braço treme por tudo quanto é músculo e consegui até um feito extraordinário - duas balas fizeram ricochete e acertei no vidro por trás de mim e em mim própria ... ou seja, se fosse com balas a sério neste momento estaria a cantar loas lá em cima.
Portanto, a pistola, para além de não me fascinar por aí além, foi mesmo para esquecer.
lgkl
Gostei muito mais da espingarda e não foi por influência do "meu" sniper em estado de incubação interior. Gostei, não tanto pelo facto de estar a disparar um cartucho e atingir um alvo, mas o que me fascinou foi toda a operação de tentar fazer pontaria a um alvo através da concentração máxima numa série de factores: visão, respiração, pressão do dedo no gatilho e posição da espingarda nos braços.
Fazer pontaria nestas condições é uma aventura e lembrei-me de uma velha anedota contada entre físicos: porque é que os físicos quânticos não conseguem fazer amor? porque quando encontram a posição não têm a velocidade e quando encontram a velocidade não têm a posição; neste caso, quando a respiração está controlada, a posição da arma ainda não é a melhor e quando finalmente a posição está no sítio certo, já se perdeu novamente todo o controlo da respiração.
kfjkd
Aliás, o que me fascinou mais foi mesmo a questão da respiração. Assim que o olho pousa na mira e encaixa no alvo, é como se se entrasse numa outra dimensão ligeiramente paralela à nossa realidade física, onde o corpo se encontra. Forma-se uma visão de túnel e subitamente a respiração passa a concentrar toda a nossa atenção e ouvimo-la e sentimo-la como não é costume. Por outro lado, assim que nos apercebemos dela e de como pode influenciar a segurança do nosso tronco e braços e, consequentemente, a precisão da pontaria ao alvo, imeditamente lhe perdemos todo o controlo e começamos a respirar de forma acelerada. Entrentanto, já os braços estão cansados e lá se vai a pontaria toda por água abaixo.
djfk
Senti que não me importava de passar meses a tentar dominar a respiração e os batimentos cardíacos. É um desporto fascinante.
lkflçd
Hasta la vista, baby
dlkdçl



terça-feira, 1 de abril de 2008

OS ANIMAIS DE ANDRÓMEDA

Primatas
flgklfçg


KLFÇLDKF
Não podia terminar este ABC sem os meus Avós – o Chimpanzé, o Gorila e o Orangotango, por quem nutro um fascínio, uma admiração, um carinho e um respeito infinitos.
Ficam apenas as imagens, os olhares profundos que transmitem tantos sentimentos intraduzíveis por palavras – um arrebatamento do coração sempre que os observo. E esta informação: O Orangotango, por exemplo, na linguagem de algumas ilhas do Sudeste Asiático, significa literalmente "homem da floresta".

LFKÇDLKF

dlkldk

dklkddk

lkgl
Humano, vamos conversar?
Senta-te, vamos fumar
O cachimbo da sabedoria
Senta-te, minha irrequieta cria
lgkfçklg
Tenho muito para te ensinar
Se quiseres respeitar
Estende-me a tua mão
Não tenhas medo, entoemos uma canção
lkjfl
Olha, vê como se entrelaçam
O teu e o meu polegar
Sente, vê como se encaixam
O meu e o teu olhar
kljfkljdf
Ensinarte-ei o som do silêncio, é como o vento
E escutarás a Terra respirar
Dá-me a mão, viajaremos no tempo
Até antes de saberes caminhar
lkjf
Homem, sou eu, o teu avô
Não te lembras já de mim?
Fui eu quem te embalou
Para que hoje estivesses aqui
kjfkldf
Escuta, meu neto
Pára um pouco, pequeno irrequieto
Respira comigo um segundo
E entenderás todos os segredos do mundo
kjfldk
Encosta-te a mim, pequenote
Ainda tenho mais força que tu, sim
Mas já preciso do teu abraço forte
Chegou a tua vez de cuidares de mim
lkfçldkf


çflºçfd
A maioria dos textos explicativos incluídos neste ABC, foi traduzida do site da National Geographic.
lkfçldkf
THE END
KFJDK
P.S. Muitos, muitos, muitos animais ficaram de fora. Talvez fiquem para um próximo ABC.