domingo, 11 de maio de 2008

Passo os dedos pelo dicionário ao acaso e aterro em ...

FÚRIA

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Das fúrias se pode dizer que são públicas ou privadas, solitárias ou em massa.
Das privadas não reza a história e apenas o próprio saberá dos graus, das características e dos consequentes cacos de loiça partida.
Há quem nunca as tenha públicas e as guarde sempre para si. Mesmo quando o esforço necessário para as esconder possa provocar úlceras, maxilares doridos e unhas cravadas dolorosamente na pele.
Há quem as solte a torto e a direito, sem pejo nem vergonha, libertando tensões no momento exacto em que acha que devem ser soltadas.
Há quem nunca as solte e as vá acumulando lenta e perigosamente. E um dia, um belo dia, as solte todas duma vez só, não numa fúria mas numa hecatombe apocalíptica.
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As nossas fúrias libertam-nos, aliviam-nos. As nossas fúrias ou assustam os outros, ou fazem-los rir, ou ter dó.
Há quem mate por causa duma fúria momentânea. As nossas aldeias portuguesas estão cheias de homicidas involuntários. Há quem mate por causa duma fúria antiga, incompreensível, doentia e desconhecida. As estradas americanas, por exemplo, são profíquas a produzir homicidas voluntários, em série.
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Depois há as fúrias massificadas. No futebol, nos comícios, na guerra, em manifestações. O comportamento mais pacífico pode transformar-se, por via de um fenómeno chamado comportamento das multidões, no espírito mais furioso, como se a multidão fosse um mar, as suas fileiras as ondas e cada um dos presentes uma gota arrastada no entusiasmo da maré.
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E há quem nunca tenha fúrias. Dalai Lama vem-me à ideia. Como Ghandi. Como Martin Luther King. Como Madre Teresa de Calcutá. E há os que não era suposto nunca terem fúrias e ... no entanto as tiveram. Como Jesus, escavacando bancas e artefactos numa explosão repentina. Nesse dia deu-lhe uma fúria das grandes e nem lhe passou pela cabeça oferecer a outra face. Às vezes só assim é que nos ouvem ... Às vezes só assim é possível mostrar aos outros o quanto nos fazem doer ...

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