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As gaivotas são as imperatrizes do areal. Mais do que os pescadores, elas pressentem todas as ínfimas mudanças de humor do mar e agem de acordo.
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Quando levantam vôo levam o céu na ponta das asas, e quando regressam a terra planam de forma tão elegante e aerodinâmica que fazem inveja aos melhores e mais avançados aviões de combate do mundo.
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De madrugada, assistem, serenas, à partida dos marinheiros. Durante o dia perseguem os barcos em bandos ruidosos, à procura de alimento, e brincam em vôos picados com os conquilheiros. Ao entardecer pousam próximo dos barcos de pesca e fitam o sol poente, como se em adoração, como se em despedida.
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Pergunto-me se todos os dias elas pensam que é a última vez que o vão poder ver e se todas as madrugadas rejubilam ao vê-lo de novo. Se assim for, deve ser bom existir assim, sem memória, surpreendidas eternamente pela magia do nascente, mas também carregada de melancolia uma existência que assim se despede diariamente do astro.
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Os machos, brancos e negros, são magníficos navegadores dos céus. As fêmeas, mais lentas e discretas, seguem os seus itinerários. As crias correm em alta velocidade pelo areal, desprevenidas, ensaiando os primeiros vôos sobre as ondas que vêm morrer à praia.
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Como sentinelas astutas e prevenidas, as gaivotas patrulham a costa com os seus vôos imperiais e são, verdadeiramente, as imperatrizes do areal.
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