quinta-feira, 26 de novembro de 2009

MURMÚRIOS DO PARAÍSO IV

Os Pescadores
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"Se queres aprender a rezar, vai para o mar."
Provérbio
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Os pescadores são homens rudes, tisnados e crispados do sol, eternamente morenos. Levantam-se de madrugada e por vezes saem para o mar para só regressarem no dia seguinte.
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São homens que conhecem os humores marítimos de cor e salteado. A praia é deles. São os seus donos e guardiões e por isso se passeiam nela com propriedade intrínseca.
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Enfrentam as ondas revoltas apenas com um barco feito de madeira e um motor. No passado o motor eram os remos e os braços. Agora, pelo menos, o motor é mecânico e impele o barco e os seus ocupantes sem que estes tenham já de transpirar. Os mais velhos olham os mais novos com fascínio, nunca desdém, e pensam como no seu tempo era tudo tão mais difícil. Lá está, como prova, o último barco de madeira usado na pesca do Paraíso, monumento simples e singelo, à entrada da vila, discreto, rodeado de pedras brancas dispostas em onda.
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As mulheres já não esperam na praia, vestidas de negro e azul escuro, nem se lamentam presas aos próprios cabelos, escorrendo lágrimas de sal, de ansiedade e de mar. Os barcos já não correm o risco de ser totalmente destruídos pelas ondas quando regressam ao areal nas marés vivas.
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Mas a autora destas linhas ainda se lembra, pequena, de assistir à luta heróica dos pescadores no regresso a terra firme, quando os barcos pareciam rolhas de cortiça levantadas pela espuma violenta e a multidão de veraneantes se aglomerava na praia para assistir ao espectáculo para uns, vida madrasta para outros.
Os pescadores vestem calças arregaçadas até ao joelho e enterram os pés calejados nas tábuas húmidas da madeira, na areia molhada e fria. Envergam camisas aos quadrados azuis, encarnados, verdes e pretos e bonés na cabeça.
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Os pescadores lançam as redes ao mar e esperam pelas sardinhas, as tainhas, os robalos, os carapaus, as pescadas que depois irão vender na lota do mercado. A autora também se lembra de ir com a avó à praça, carregando o seu cestinho de verga onde a avó lhe colocava cachos de uvas para que ela ficasse contente por se fazer de dona-de-casa fingida por uma manhã, e recorda os pescadores com os seus baldes cheios de água e peixe fresco, o cheiro das escamas a encher-lhe as narinas, o brilho prateado dos linguados a pularem nos alguidares e nas balanças antigas de ferro e madeira.
Os pescadores escondem-se em barracas à beira-mar e sentam-se cá fora a fumar, a beber, a assar sardinhas e a galar as turistas.
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Os pescadores têm Fé e acreditam na Nossa Senhora das Dores, que os protege dos maus humores do mar. Muitos não sabem sequer nadar. Enfeitam os barcos com bandeirolas multicoloridas e saem para o mar a saudar a Senhora com as sirenes que lançam lamentos estridentes no ar.
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Os pescadores rezam e blasfemam e maldizem a sua sorte. Os pescadores d' O Paraíso são muito provavelmente como todos os outros pescadores de todos os outros Paraísos deste mundo mas, se perguntarem à autora destas linhas em quem pensa quando ouve a palavra "pescador", é certamente naqueles e não noutros quaisquer.
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