sábado, 9 de dezembro de 2006

OS ACTORES DE ANDRÓMEDA - PARTE I


Marlon Brando

“To grasp the full significance of life is the actor's duty,
to interpret it is his problem, and to express it his dedication.”

Marlon Brando foi, é e continuará a ser
o maior actor que o mundo conheceu.

Quando irrompeu literalmente pela tela protagonizando
o inesquecível bruto e ordinário Stanley Kowalski
n’O Eléctrico Chamado Desejo de Tennessee Williams
ao lado da consagradíssima Vivien Leigh,
o Cinema nunca mais voltaria a ser o mesmo.

Brando não representava, Brando vivia os personagens
que lhe cabiam e para nós, seus espectadores abismados,
os personagens eram pessoas reais,
intrinsecamente ricas e profundamente humanas.

Como o descreveu magistralmente Eli Wallach,
seu colega do Método,
Brando balançava constantemente na corda bamba,
realizando um prodigioso exercício de equilíbrio
que nos deixava suspensos do seu próximo movimento,
com o coração na boca, à espera da queda abismal.
Porque o muito bom está sempre muito próximo do péssimo.
Mas Brando jamais caía,
apesar dos incríveis riscos que abraçava.

A sua carreira é de uma versatilidade esmagadora,
de uma coragem sem precedentes,
que nenhum actor consagrado imitou.
Da multiplicidade de personagens que viveram
no seu corpo e na sua alma, Brando tratou-os sempre
com a mesma dignidade e respeito,
do bruto e insuportável Stanley,
ao terno e perdido Terry de Há Lodo no Cais,
o omnipotente Don Corleone d’O Padrinho,
o atormentado Paul d’O Último Tango em Paris,
o misterioso Coronel Kurtz de Apocalipse Now,
e tantos outros, até ao derradeiro Max,
gentil e educado marchant de Sem Saída
(onde dá uma lição de representação
a Robert De Niro em 5 minutos de génio).

O seu talento era de tal forma monstruoso
que arranhava o improvável – somos agarrados por ele
como se estivéssemos a espreitar um reality show
e ficamos a vê-lo, a respirá-lo sem pensarmos
por que o fazemos, porque a realidade
da sua magistral representação nos transporta
inconscientemente para fora da ficção.
E ao mesmo tempo, quando paramos para pensar
como é que ele consegue fazer o que faz,
deparamos com um mistério incompreensível.

É este mistério que separa os simplesmente extraordinários
dos génios. Com os segundos sentimo-nos tocados
de formas que jamais supuséramos ser possível,
mas não temos a mínima noção de como isso aconteceu.
Resta-nos apenas aplaudir, o melhor agradecimento
que se pode oferecer a quem nos proporciona
de forma tão generosa momentos únicos e inesquecíveis.

No dia 1 de Julho de 2004 o mundo ficou infinitamente
mais pobre com a morte do seu Maior Actor,
o genial Marlon Brando.

Obrigada, por todos os momentos sublimes.
JGFÇLKJÇLGKÇLFD
-KGKFDG-LKFÇK

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