quarta-feira, 21 de maio de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 24


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Nas prisões dos EUA, na ala dos condenados à morte, quando um prisioneiro sai da sua cela para ser, finalmente, executado, o guarda que lidera a “comitiva” grita “Dead Man Walking!”
O prisioneiro segue então para uma sala, para ser preparado para a morte.
Irão dar-lhe uma injecção letal. Irão atá-lo a uma cadeira com correias grossas e enfiar-lhe uma agulha no braço. Primeiro será anestesiado, a injecção nº 1. Depois vem a injecção nº 2, que lhe destruirá os pulmões. A injecção nº 3 paraliza-lhe o coração. O seu rosto adormece, enquanto por dentro os órgãos se desfazem. Os músculos deveriam contorcer-se, mas a primeira injecção descontrai-lhe os músculos, para que quem está a assistir não se impressione.
Será uma morte clean, sossegada, arrumadinha, clínica e autorizada.
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Um homem vai morrer. Tudo se acabou para ele. Os recursos, os pedidos de clemência, os perdões, as revisões de sentença, os novos julgamentos por descoberta de novas provas ou o encerramento do caso por descoberta de erros processuais.
E porque vai este homem morrer? Porque matou alguém. É um assassino, sem remorso, quase até ao fim. Um assassino que se julga uma vítima, que se desculpa com as más companhias, com a droga, com o álcool, com os ricos, com o mundo. Com tudo, menos com os seus próprios actos.
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Dead Man Walking é um dos filmes mais extraordinários das carreiras de Tim Robbins, Susan Sarandon e Sean Penn. É um filme em estado de graça. Um filme soberbo.
É um filme sobre a morte. A morte de dois inocentes. A morte de um assassino. A morte da esperança. A morte física. A morte espiritual. A morte da família. A morte do casamento. A morte do amor. E a morte de um jovem que se perdeu muito tempo antes de se ter tornado um assassino.
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Com este filme, Tim Robbins contou, no entanto, a história de duas vidas e a história de um amor belo e puro, incondicional. Contou a história de um amor incompreensível, teimoso, redentor e infinito.
Neste filme Susan Sarandon é simplesmente PERFEITA. Não há uma única mácula na sua interpretação de uma freira que decide salvar a alma de um assassino condenado.
E neste filme Sean Penn é DIVINO. Ultrapassa-se e torna-se um gigante da arte de representar, provando-me de uma vez por todas que Marlon Brando tem um digno, assombroso, sucessor – continua a estar a léguas de Brando, porque Brando só houve um e chegava a sítios impossíveis, mas é um dos dois que mais se aproximam da corda bamba onde Brando caminhava sempre (o outro é Johnny Depp).
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Revi o filme por motivos óbvios. Mas a medo. Receava que passados alguns anos, estaria mais atenta a falhas. Não há falhas. Continua imaculado. E não há palavras para o descrever. É preciso ver.
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Para quem nunca viu:

3 comentários:

Dry-Martini disse...

Concordo com tudo o que disse. Tudo. Sem falhas também. Apenas acho o Johnny Depp num patamar superior. Já agora, fica a saber também que sou contra a pena de morte e ainda mais contra a morte dos seus comentários. Faça o favor de ressuscitar .)

Andrómeda disse...

Quanto ao Johnny Depp num patamar superior ... eu não os coloquei em patamares desnivelados. Leia o texto :) E lembre-se, neste caso, que Sean Penn tem 40 e tal anos neste filme e está a representar um miúdo de 20 e poucos. Isso também conta e muito, para o apelido de "gigante" :)

Andrómeda disse...

Outra coisa, também sou contra a pena de morte por dois motivos: 1º porque já aconteceram inúmeros erros de consequências irreversíveis (se bem que hoje em dia com os testes de ADN isso seja já mais difícil de acontecer) e 2º porque, por princípio, não concordo com o paradoxo - vai-se castigar alguém matando-o, praticando-se precisamente a mesma acção pela qual se está a condenar!!!
Mas ... não sei ... não sei mesmo o que me apeteceria fazer ... se um filho da mãe me matasse um filho ou um irmão ...
Por isso, sou cuidadosa nesta "condenação" da pena de morte ...