sábado, 28 de fevereiro de 2009

MURMÚRIOS DE LISBOA LXXIX

Andy & Marilyn
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Interior Sala Cinema Monumental
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Andy procurava Marlilyn. Foi por isso que saiu perto do Inatel.
Andy andava à procura de Marilyn num écran gigante e perguntava a todos onde a poderia encontrar. A maioria não lhe respondia porque pensavam que ele era um louco de Lisboa, como há tantos. E aos loucos de Lisboa não se responde, nem sequer se olha nos olhos. Uma das primeiras coisas que os lisboetas aprendem quando são pequenos é a não estabelecer contacto visual com estranhos. Sei logo quando as pessoas não são de Lisboa e quando são. Quando não são, olham fixamente para os loucos e tecem comentários. Quando são fazem como eu, olham mas não olham. É uma ciência que se tem de aprender desde cedo, ou nunca se dominará com mestria. Foi assim que aprendi a olhar as pessoas sem que elas notem que as estou a olhar. É preciso muito treino.

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Portanto, Andy andava por aí a perguntar por Marilyn, mas claro que a maioria das pessoas pensava que ele tinha acabado de sair daquele edifício cor-de-rosa ali na Av. do Brasil. Até que, finalmente, houve alguém, um cinéfilo, que parou e ficou a pensar.

Marilyn ... écran grande ... olhe, porque é que não experimenta ali o Inatel? Pode ser que ela ande a passear para esses lados. É que é o único sítio em Lisboa em que se podem ver grandes filmes em écran gigante. Podia mandá-lo para a Cinemateca, claro, mas ainda fica um bocado desviado do seu caminho e depois para encontrar o aeroporto vai-se ver às aranhas. De qualquer modo, na Cinemateca os écrans não são tão grandes.
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E, portanto, lá foi o Andy recambiado de autocarro para o Inatel. Vinha vestido com um casaco de xadrez castanho e umas calças pretas, tinha umas botas de camurça castanha com saltos de 5 centímetros e o cabelo todo branco muito curtinho. Usava também uns óculos pretos grandes, à intelectual dos anos 60 e nem sequer tentava disfarçar a sua identidade, de modo que era impossível não se perceber que aquela figura andrógina só podia ser Andy Warhol.
Saiu no Inatel com o seu passo nervoso e ansioso, de quem anda sempre com um par de olhos pespegados nas costas desde que alguém o tentou matar, e nunca mais recuperou.

Não sei o motivo exacto por que procurava Marilyn, mas posso calcular. Andy tem saudades de Marilyn. Muitas. Não de Norma Jean, porque ele está com Norma Jean todos os dias. Tem saudades de Marilyn e Marilyn só aparece em écrans gigantes.
Tem saudades de a ver assim, gigante, a encher a vida de poeira de estrela e de brilho e daquela inocência fatal absolutamente irresistível, que só quem a viu num écran gigante sabe como é.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A FANTÁSTICA FAUNA DE ANDRÓMEDA

Valquíria
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Na mitologia nórdica, as Valquírias são as mulheres que transportam para o além as almas dos guerreiros mortos em combate. O seu nome deriva do antigo dialecto viking "valr" (que significa "cadáver de batalha") e "kjosa", ou "escolher". Esta irmandade implacável constituída por 9 mulheres, atravessa os céus sobre os campos de batalha para reclamar os guerreiros mais merecedores do paraíso dos guerreiros, ou Valhalla.
Eram chegadas a Odin e eram muitas vezes também chamadas as éguas de Odin ou Odins meyar e as cumpridoras dos desejos de Odin ou Oskmeyjar.
O número de Valquírias varia de acordo com os diferentes mitos. No entanto, conhecem-se os nomes de 13 delas, que servem os guerreiros de Valhalla: Hrist (aquela que abana), Mist (nevoeiro), Skeggjold (idade do machado), Hildr (batalha), Thrudr (mulher de poder), Hlokk (ruído de batalha), Herfjotur (acorrentadora de exércitos), Goll (grito de guerra), Geirolul (lançadora), Randgridr (destruidora de escudos), Radgridr (a fortaleza) e Reginlefir (filha de Deus).
Em mitos mais tardios também interferem com o decurso das batalhas e determinam o seu resultado. Algumas apaixonam-se por mortais, como a famosa Brunilde. Nas óperas de Wagner que fazem parte do Ciclo do Anel, inspiradas na saga Volsung, Brunilde é a filha de Erda e Wotan, expulsa de Valhalla.
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Short-Story: Mist pairou sobre o campo de batalha como uma nuvem carregada de tempestade, a capa negra esvoaçando com a trepidação do vôo e os longos cabelos ruivos soltando-se do capacete. Como um falcão, prescrutou o caos dos destroços da guerra, os cadáveres ensanguentados, as espadas e os escudos amontoados por todo o lado, os poucos moribundos que ainda gemiam ou exalavam já o último suspiro de vida, os membros decepados, o fedor inesquecível da morte. Dos seus lábios finos soltou-se um curto lamento, entoado com uma voz profunda e grave - o Lamentos dos Guerreiros. Mist desceu suavemente e pousou próximo de um cavalo moribundo. Espalmou a sua mão firme sobre o dorso do animal e instantaneamente cessou a sua agonia. Fez o mesmo com mais 2 ou 3 machos caídos junto dos seus cavaleiros. Olhou em redor. As suas restantes 8 companheiras faziam o mesmo, espalhadas por todo o campo de batalha. Eram invisíveis para os vivos, mas a sua presença era percebida pelos que já não respiravam. Nem todos as acompanhariam. Alguns suplicavam silenciosamente, os olhos vítreos vertendo lágrimas desesperadas. Mas as Valquírias eram escolhidas porque o seu coração de aço não se deixava comover pelo desespero da morte. Mist aproximou-se do herói que estava encarregue de transportar para Valhalla, mas percebeu que regressaria sozinha - o general havia já partido para o submundo. Louco!, pensou. Mas ao mesmo tempo compreendeu a sua escolha. Valhalla seria porventura demasiado sossegado para um homem que toda a vida apenas conhecera sangue, suor e o frémito trepidante da guerra.
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Vampiro
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Os Vampiros são os cadáveres vivos dos não-mortos que, em vez de devolverem os seus corpos à terra, ao fogo, ao ar ou à água para se decomporem na forma habitual, são animados pelo seu próprio ou por outro espírito de forma a beberem o sangue ou retirarem energia, bondade ou virtude dos vivos. Aqueles que foram mordidos e por isso infectados por um vampiro tornam-se também vampiros, quando são mortos. Os Vampiros são, assim, predadores da energia vital dos vivos e têm um interesse imenso em manter a sua própria meia-vida através daqueles métodos.

Na mitologia europeia os Vampiros regressam aos seus caixões de madrugada, quando o galo canta ou os sinos das igrejas tocam. Mas os Vampiros existem também em muitas outras mitologias, como na China, Malásia, Indonésia, África e o Novo Mundo.

Os métodos pelos quais nos podemos aperceber da presença de um Vampiro são o aparecimento súbito de gado morto, a anemia dos vivos ou cadáveres estranhamente ensanguentados em sepulturas abertas. Também existem uma série de métodos pelos quais se pode destruir um Vampiro, tais como a decapitação, queimar o seu corpo, o exorcismo e o velho pau espetado no coração; usar cruzes sagradas ao pescoço, esfregar alho nas narinas e outros remédios caseiros também são supostos repelentes de Vampiros, mas estes métodos não são infalíveis, sobretudo se o Vampiro professar uma fé diferente da nossa.

Investigações mais recentes têm associado o mito do Vampiro à figura histórica do príncipe transilvano do século XIV Vlad, cuja crueldade sanguinária para com os seus inimigos envolvia a prática de empalamento até à morte. Desde o aparecimento do famoso romance de Bram Stoker, Drácula, que os vampiros têm constituído um tema muitíssimo popular na ficção literária e cinematográfica.

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Short-Story: The window is open, The wind blows strong, She let him in, He sang a song. The bed is soft, The moon shines pale, He moved closer, She told him a tale. Time twists and turns, He never grows old, He knows not what, Makes him so cold. The only thing, Warm inside him, Flows in darkness, And then begins the dream. He longs for lips, He never touched, He feels no fear, Of being watched. She waits for someone, She never met, She’s not afraid, She’ll never regret. He feels her, She sees him, In their dreams, They have been. Lovers since ever, From the dawn of time, Friends forever, Till the end of life’s rhyme. And they have met, Endless times, And they have comitted, Countless crimes. No one knows, Where they go, No one suspects, What they know. They are one, And who would understand, No one cares, No one would give them a hand. And they know it’s meant to be, To wander in eternal darkness, Meeting only in eachother’s dreams, Feeding off their own madness.
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Verme
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Na tradição nórdica europeia, "verme" é o nome dado a vários tipos de dragões. Provém da língua antiga viking "wurm" ou "dragão". Normalmente os vermes têm corpos serpenteantes e chifres, escamas duras como aço libertam fogo da garganta e possuem presas afiadas.

Vivem nas profundezas da terra, guardando ciosamente velhas pedras preciosas e ouro ou então enrolam-se em torno de montanhas, devastando e aterrorizando regiões vizinhas.

O mais famoso dos antigos Vermes foi o do rei inimigo guerreiro Beowulf. Este Verme guardou ciosamente durante centenas de anos um tesouro, até que um escravo penetrou no seu covil enquanto ele dormia e fugiu com uma taça cheia de jóias. O Verme saciou a sua sede de vingança sobre o povo da região e o velho rei enfrentou-o na sua caverna e, com a ajuda do príncipe Wiglaf, conseguiu vencer o monstro que morreu, juntamente com Beowulf. Wiglaf enterrou o tesouro do Verme no túmulo do rei.

Outro herói famoso, Siegfried, também lutou com o Fafner, o guardião do amaldiçoado Anel dos Nibelungos. Siegfried escondeu-se num poço no exterior da caverna da criatura e, quando o monstro saiu, o herói cravou-lhe a espada na barriga, a única parte do corpo do Verme que é macia. Enquanto cozinhava o coração do Verme para Regin, Siegfried provou o sangue do monstro e passou a compreender a fala dos pássaros.
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Short-Story: Ergueu a minúscula serpente no ar, mostrando-a ao Verme. A gigantesca serpente levantou a cabeça, imponente e assustadora, as abas laterais abertas em sinal de ameaça e a língua cissiando e serpenteando para fora das mandíbulas, as longas e afiadas presas escorrendo veneno negro. Como se para marcar bem as suas intenções, acocorou-se e com a mão em forma de concha, apanhou uma mão cheia de serpentes miniatura da água, erguendo-a à altura do rosto. O Verme balançou a cabeça de um lado para o outro, cissiando cada vez mais alto, o que fez com que o lobo ganisse baixinho e largasse o conteúdo da bexiga em seu redor. Murmurou-lhe palavras suaves ao ouvido e continuou a erguer as serpentes no ar, o mais alto que conseguia, porque sabia que só a visão das crias em perigo apaziguaria os instintos assassinos do Verme. Depois, lentamente, levou uma delas à boca, com o indicador e o polegar da outra mão e trincou-a suavemente, sempre com os olhos fixos no Verme. Este mergulhou a cabeça para baixo e para a frente, lançando-a na sua direcção e estacando a escassos milímetros do seu rosto lívido. Escorria litros de veneno negro como sangue ao luar e o som dos seus silvos agudos ensurdecia-o, mas não moveu um único músculo do seu corpo, desafiando o monstro. O Verme cissiou uma última vez e num movimento reptilíneo brusco abocanhou o lobo pelo pescoço e regressou ao seu lugar. Muito bem, pensou, troca por troca. Estamos a ir no bom caminho.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

NOTORIOUS NUMBERS

6-5000
O Número da Orquestra

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Diz-se que é o número de telefone mais antigo da cidade de Nova Iorque e pertence ainda hoje ao Hotel Pennsylvania, desde 1919.
Serviu de inspiração a Glenn Miller, para o cantar e tocar com a sua maravilhosa orquestra o famoso e divertido tema Pennsylvania 6-5000.
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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

WINGS OF WILL XXXI - Quem disse que o Homem não consegue voar?

Porque este é um dos bailados mais bem concebidos de sempre na história da música:
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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

EM BUSCA DE PALAVRAS 60

Kagemusha - A Sombra do Guerreiro
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"Um bom filme é uma coisa que dá prazer. E não é demasiado complicado. Um bom filme é fácil de compreender e interessante."
Akira Kurosawa
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Em 1980 Akira Kurosawa, já um realizador de renome internacional, não filmava há 5 anos e estava desesperado. Queria contar a história que tinha na cabeça, mas não conseguia arranjar financiamento para o seu filme, pois os estúdios japoneses não lhe queria disponibilizar um orçamento tão grande. Frustrado, decidiu desenhar e pintar os storyboards que imaginara, que acabaram por ser mais de 300.
Não fossem dois realizadores americanos e talvez o mundo nunca tivesse visto Kagemusha - A Sombra do Guerreiro. Grandes admiradores do mestre japonês, Francis Ford Coppola e George Lucas uniram os seus esforços e as suas reputações já bem cimentadas para conseguirem que um grande estúdio norte-americano financiasse o filme - a Twentieth Century Fox.
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Kagemusha conta a história de um senhor da guerra japonês que está a morrer e que, não querendo que os seus inimigos saibam disso para não atacarem o reino, decide usar um sósia para se fazer passar por ele. O problema é que o sósia é um reles gatuno com nenhuma experiência sobre os hábitos e modos de um senhor da guerra e tem que ser ensinado a comportar-se como tal para que ninguém desconfie da artimanha. O filme é também o retrato do Japão durante a Era dos Estados Guerreiros e uma crónica dos últimos dias dos grandes samurais, nobres guerreiros que servem um único senhor e por ele morrerão se for preciso, pois a sua honra não lhes permite servirem mais ninguém.
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Kurosawa ficou eternamente grato a Coppola e Lucas por o ajudarem a realizar o seu sonho e o filme ganhou o Grande Prémio do Festival de Cannes e inúmeros prémios internacionais, sendo hoje em dia considerado uma das suas obras-primas e uma das obras-primas do cinema mundial. Enquanto rodava o filme, Kurosawa ofereceu a Coppola e a Lucas algumas das suas primorosas aguarelas que ambos os realizadores prezam ciosamente até à data. Amante de pintura desde muito novo, Kurosawa tinha por hábito desenhar ao pormenor todas as cenas dos seus filmes e os seus storyboards são obras de arte minuciosas e comoventes. O seu director de iluminação (Takeharu Sano) diz que a diferença entre eles, os realizadores, e os pintores é que os pintores pintam sobre telas em branco e eles pintam sobre telas negras, com o pincel da luz. A utilização da cor nos filmes de Kurosawa é extraordinariamente arrojada e original e agora entendo porque no filme RAN alguns dos planos silenciosos me pareceram verdadeiras mangas de pintura japonesa.
O filme tem também algumas das mais complexas cenas de batalhas jamais filmadas por Kurosawa. Eram necessárias centenas de figurantes, mas Kurosawa não teve que procurar muito nem dispender muito dinheiro a pagar-lhes. Centenas de estudantes japoneses apareciam nos locais de filmagens todos os dias apenas porque desejavam ter a oportunidade de participar numa cena filmada pelo Mestre. Mesmo que fosse uma cena onde fizessem parte de uma enorme massa humana indiferenciada. As principais estrelas do filme ofereceram-se para comandarem e orientarem os vários grupos de figurantes nas cenas das batalhas, facilitando o trabalho do realizador, por amor ao Mestre.
Todos os que trabalharam com Kurosawa não o tratam nunca por Kurosawa, mas sempre por Mestre. Não é, no entanto, uma veneração cega, como explica o tratador de cavalos, Minpen Shinai, contratado para orientar os cavalos requeridos para algumas cenas. E explica que Kurosawa possuía o dom de congregar pessoas à sua volta, e mesmo as que não funcionavam em grupo passavam a trabalhar desse modo, não porque fossem coagidas, mas porque havia esse sentido maravilhoso de se estar a fazer as coisas para o Mestre.
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O que aprendi com Kagemusha?
* "Tens 53 anos, se bem me recordo. E ainda te comportais como uma criança de 5 anos. As pessoas juntam-se, espalham-se. Vão para a esquerda e para a direita, seguindo os seus interesses. Não é de estranhar. Mas depois encontro-vos assim. Com uma mente estreita, não deveis sonhar com a governação."
* Seremos cobardes se a morte do nosso rival nos der prazer. Se morrer, será uma grande perda.
* Um japonês a dizer que a paisagem é linda ou a dizer "Vou-te matar" tem exactamente a mesma entoação.
* "Age conforme o teu coração deseja. É o melhor."
* É tão óbvio que George Lucas se inspirou na iconografia samurai para criar o emblemático capacete negro de Darth Vader ... :)
* Admitindo que vi o filme durante uma semana inteira (dura umas 4 horas) e que não apreciei por aí além o que vi, em termos de gosto pessoal, também admito que mesmo assim há sempre lições valiosíssimas a aprender mesmo com aquilo de que não se gosta. O muito bom, independentemente do gosto pessoal, nunca deve ser ignorado
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E o cheirinho do Mestre:
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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

MAGIC MOMENTS 60

Adoro duetos inusitados. Sem qualquer ordem de preferência, irão passar por aqui alguns deles. Que comecem os duelos de vozes surpreendentes :)

Dazzling Duets - Duet # 1 - Nelly & James
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domingo, 22 de fevereiro de 2009

SUGESTÃO DA SEMANA

Os Oscars, pois claro!
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Este ano, como não vi quase nenhum dos nomeados, vou estar a torcer apenas por este senhor, porque o Sean já lá tem um em casa :)
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sábado, 21 de fevereiro de 2009

PALAVRAS ESTÚPIDAS 50

You talkin' to me???!!!!!
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Pois ele é homem pois que nos surpreende sempre.
Pois ele é homem pois sem papas na língua.
Pois ele é homem pois de poucas mas concisas palavras.
Pois ele é homem pois que não tem vergonha de ser como é.
Pois ele é homem pois que nos orgulha a todos, portugueses.
Pois ele é homem pois que não é escravo da moda.
Pois ele é homem pois com H grande.
Pois ele é homem pois muitíssimo subestimado.
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Senão, vejamos:
Jornalista: "Sempre vai para Espanha?"
Paulo Bento: "Você quer-me dar música, mas eu não me apetece dançar."
Ora toma! Curto e grosso! Avia! Enfia! Olé!
Qual Mourinho qual carapuça, pá! Olhos esbugalhados e franjinha é o que tá a dar, carago! E ele está cá por nós, para nós e connosco, sempre pronto a divertir-nos, iluminar-nos e abençoar-nos com sua sabedoria muito própria. Ah Ganda Bento! Assim é que é falar, homem! Rrrrrrrauuuuu!!! Ah fera!!!
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E agora deixo-lhe aqui uma musiquinha especialmente dedicada a si, grande e incompreendido Paulo Bento. Pode ser que com esta lhe apeteça dançar um bocadinho aqui para a malta ;)
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Prince-SEXY MF-VIDEO* -

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

MURMÚRIOS DE AVALON IV

O Astronauta Que Sofria de Vertigens
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O Astronauta estava, como é natural, pendurado de cabeça para baixo no espaldar do beliche superior.
Apesar de tudo, ainda me recordava dele. Era pequeno, magro e nervoso. Tinha uns olhos grandes e melancólicos e gostava de ter discussões infindáveis sobre a extensão do universo e guitarras eléctricas.
Balançava a parte de cima do corpo de trás para a frente e fingia falar para um intercomunicador tecnologicamente avançado, directamente para o centro de controlo da NASA na Terra.
"Voyager chama Terra. Alô Terra. Conseguem ouvir-me?"
Decidi responder-lhe. Penso que ele não notaria a diferença. Aos 8 anos, a sua mente ainda conseguia ser suficientemente flexível para misturar ficção e realidade naturalmente e sem grandes dúvidas existenciais traumáticas.
"Daqui Centro de Controlo da NASA. Ouvimos-te lindamente."
"Óptimo! Estou a fazer o meu primeiro passeio no exterior. Ao mesmo tempo o meu aparelho de detecção de raios y capta as radiações infra-vermelhas de Saturno. Conseguem receber?"
"Roger that, Captain."
"Isto é fenomenal, pá! Estou nas nuvens!"
"Comandante, tenho uma pergunta para lhe fazer."
"Estou a ouvir."
"Consegue ver a Terra daí?"
"Consigo. Perfeitamente. Um pontinho azul no meio do espaçp, lá ao fuuuuuundo. A Terra é bonita."
"E que tal esses anéis de Saturno?"
"Fenomenaaaaaais!!"
"Alguma palavra que queira partilhar connosco, Comandante?"
"Agora não posso falar! Os marcianos vêm aí! Estou a ser atacado! Ratatatatata! Ratatatata!", disparou energicamente a sua imaginária arma de raios laser na direcção da parede oposta.
Depois caiu do beliche subitamente, uma massa de músculos e ossos emaranhados no meio do chão, que gritavam e gargalhavam com excitação.
"Opááááá!!! Tenho vertigens!"
"Um astronauta com vertigens?"
"Sim ...", mais risos, enquanto se endireitava e cruzava as pernas no chão.
"Isso é um absurdo, não acha, Comandante?"
"Se calhar.", encolheu os ombros displicentemente.
"Como é que vai resolver essa situação?"
"Mas não faz mal. No espaço flutua-se e não há chão, por isso ..."
"Bem pensado."
"Quem és tu? És um alien?"
"Não, sou o teu futuro."
"Quê???!!!", olhos arregalados.
"Este aqui que vês é quem tu vais ser daqui a muitos anos."
"Quantos anos tens?"
"Quarenta."
"Ihhhh!!!! Tão velho!"
"Não é assim tão velho.", senti-me um pouco indignado, tinha-me esquecido como as crianças podem ser tão incrivelmente directas e, por isso, cruéis, sem saberem.
"Isso é velhíssimo!", continuou ele, sem se aperceber que me esmagava completamente com aquelas palavras, "Isso é do tempo dos dinossauros. E o que é que fazes? És astronauta?"
"Infelizmente, não. Mas sou escritor."
"Escreves histórias de astronautas? Tenho aqui umas muita giras!", levantou-se e foi buscar um monte de livros de quadradinhos coloridos. Voltou a sentar-se ao meu lado de pernas cruzadas e folheou-os, entusiasmado, mostrando-me todos os pormenores. Depois parou e olhou-me, muito sério.
"Então eu não vou ser astronauta."
"Não. Em Portugal isso é difícil."
"Pois. Só os americanos e os russos é que são astronautas."
"Mas posso escrever sobre astronautas. E imaginar como é ser astronauta."
"Isso também é giro. Um escritor pode inventar tudo e fazer com que seja verdade."
"Exactamente. Mas agora ando à procura de uma palavra."
"Qual palavra?"
"Não sei. Uma palavra qualquer. Perdi-a."
"Mas se não sabes qual é a palavra, como é que podes andar à procura dela? Se calhar já a encontraste e não sabes!"
"Se calhar ... Procuro uma palavra que resuma a minha vida toda."
"Como assim?"
"Uma palavra que esteja relacionada comigo. Tens alguma palavra de que gostes mais?"
"Astronauta! Voar! Chocolate. Pipocas. Há tantas palavras ..."
"É verdade. Muitas mais do que pensas."
"Na escola, todos os dias aprendemos uma palavra nova. Porque é que não procuras no dicionário?"
"Hmmm. Talvez seja boa ideia."
Levantou-se de novo e foi buscar o dicionário a uma estante.
"Olha, podes procurar por letras. Qual é a primeira letra da palavra que procuras?"
"Não sei. Não faço a mínima ideia."
"Oh! Mas assim é difícil. Tens que saber. Pensa nisso e depois vem cá outra vez e procuramos a tua palavra. Agora tenho de voltar ao espaço. A Voyager já acabou de abastecer."
"Roger that, Comandante."
"Adeus."
"Adeus, Astronauta. Boa viagem."

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A FANTÁSTICA FAUNA DE ANDRÓMEDA

Unicórnio

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Solitário e selvagem, o Unicórnio é a mais solitária criatura da natureza. Cobiçado pelas qualidades medicinais do seu chifre mágico, este animal é frequentemente perseguido, mas raramente capturado vivo ou morto. Apesar de as características variarem nas diversas mitologias que o descrevem, existe uma que é comum a todas - existe sempre apenas um único Unicórnio no mundo, o que aumenta a mística em torno desta criatura extraordinária, perseguida por gerações de místicos que nela vêem o símbolo universal da iluminação e da transformação espiritual.
O Unicórnio é geralmente descrito como um pequeno cavalo branco ou prateado, com um comprido e gracioso chifre espiralado na testa. É suposto ter sido um dos animais do Jardim do Éden, que desapareceu durante o Dilúvio, e a magia do seu chifre, chamado "alicorne", purifica as águas venenosas. Era por isso procurado por reis e imperadores, que possuíam taças feitas do seu chifre para detectarem bebidas envenenadas. Para testar se o chifre era genuíno, desenhava-se um círculo na terra em seu redor e colocava-se um escorpião, uma aranha ou um lagarto no interior deste círculo. Se fosse genuíno, a criatura não conseguia escapar do círculo. Também se acreditava que o chifre tinha propriedades afrodisíacas e que conseguia prolongar a vida do seu portador.
O Unicórnio só podia ser capturado por uma virgem, que era colocada sozinha no meio da floresta, para o atrair. O seu encanto inocente fazia o Unicórnio aproximar-se, deitar a cabeça no seu colo e adormecer, altura em que podia então ser capturado. Em algumas descrições, a virgem teria de estar também nua ou amarrada a uma árvore.
O Unicórnio está também associado à Lua e representa a delicadeza, castidade, pureza, virgindade, força mental e realeza, sendo o seu chifre um símbolo do poder individual ilimitado. Na heráldica o Unicórnio surge frequentemente representado com o leão, simbolizando respectivamente as energias da Lua e do Sol.
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Short-Story: O Unicórnio parou subitamente no meio da orla da floresta. Uma poeira dourada envolvia-o e dançava nos reflexos do sol filtrados pela tarde sossegada. Não se ouvia vivalma, até os pitassilgos, sempre tão barulhentos, se haviam calado e nenhum habitante das inúmeras tocas que enchiam cantos musgosos, decrépitos troncos ocos de árvores e amontoados de pedras húmidas do orvalho crepuscular se atrevia sequer a espreitar. Ao longe os ouvidos apurados do minúsculo cavalo prateado distinguiam apenas o suave rumor do fio de água cristalina que escorria de uma cachoeira e salpicava os pequenos girinos de pele escorregadia e transparente.
Algo de errado se passava, pressentiu. Não pensou. Um Unicórnio utiliza pouco o seu pequeno cérebro. Não precisa. O chifre espiralado ardia-lhe na testa, como se instigando-o a agir. Virou a cabeça lentamente, a crina branca agitou-se no ar, e esfregou um dos cascos na terra cor de mel, levantando uma nuvem de poeira acobreada, com cheiro de chuva. Um ser de pele rosa pálido encontrava-se prostrado junto de uma árvore, a longa crina de cabelos loiros a tapar-lhe o focinho. Não era como ele, reparou imediatamente, uma vez que apenas se apoiava nas patas traseiras e as outras duas estavam amarradas ao tronco da árvore. Cheirou-a. O seu olfacto apurado detectou todas as secreções da mulher, desde a parte inferior dos braços, passando pelo colo e até aos montes torneados que escondiam o vale dos prazeres. Cheirou-lhe também outra coisa, a primeira em que um cavalo instintivamente repara - o medo. A criatura tremia, depois levantou a cabeça e esboçou um esgar com os lábios, enquanto os olhos se abriam muito e reflectiam a sua própria imagem nas pupilas. Sentia-se atraído para aquela visão alva, de cabelos dourados e teve de lutar consigo próprio para não se aproximar. Depois deu meia volta e desapareceu a trotar na escuridão verde, em direcção ao coração mais secreto da floresta. Cheirara também outra coisa nela, o odor adoçicado e intenso do suco do seu macho.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

NOTORIOUS NUMBERS

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O Número do Terror

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No dia 5 de Setembro de 1972 o mundo esteve suspenso a olhar para este número e este homem encapuçado, na aldeia olímpica de Munique.
11 atletas israelitas encontravam-se encerrados num quarto do edifício número 31, contra a sua vontade. Viveriam cerca de 24 horas de terror ali dentro, enquanto o mundo queria a todo o custo prosseguir a sua rotação, como se nada se estivesse a passar. Os Jogos Olímpicos só foram suspensos algumas horas mais tarde e a visão dos terroristas a passearem-se na varanda do quarto, enquanto a escassos metros ao lado alguns atletas ainda se treinavam e relaxavam na piscina, era grotesca.
Israel quis enviar uma equipa da Mossad para negociar com os terroristas, mas o governo alemão recusou terminantemente essa opção.
Dois dos atletas israelitas foram mortos ainda no interior daquele edifício. Os terroristas, membros do grupo Setembro Negro, exigiam a libertação de 300 companheiros palestinianos, em troca das suas vidas. Depois pediram um avião e foram conduzidos ao aeroporto de helicóptero. Mas as forças policiais alemãs estavam totalmente descoordenadas e no subsequente caos que se gerou, com tiros a serem disparados por todos os lados e snipers alemães a serem confundidos com terroristas por polícias que desconheciam a sua presença, um dos palestinianos lançou uma granada para dentro do helicóptero e matou os restantes 9 atletas.
Os Jogos da Paz e da Alegria haviam sido irremediavelmente manchados, mas prosseguiriam no dia seguinte à tragédia e Israel jamais esqueceria ou perdoaria a abominável indiferença e ineficácia do mundo ...
A vingança viria depois. A Mossad perseguiu e matou, um a um, todos os terroristas que sobreviveram ou haviam sido responsáveis pela matança, excepto um, que vive escondido com a família algures em África.
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

PALAVRAS ESTÚPIDAS 49

The Boss
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"Blind faith in your leaders, or in anything, will get you killed."

Bruce Springsteen
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O ferry dá a volta à ilha de Manhattan e a certa altura o guia oferece-nos 2 informações importantes: Do outro lado do rio podem observar New Jersey; foi ali que nasceu Bruce Springsteen e foi ali que foi filmado Há Lodo no Cais, de Elia Kazan, com Marlon Brando.
Aparentemente estes dois acontecimentos nada têm que ver um com o outro, mas já veremos como podem estar relacionados :)
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Quando Bruce Springsteen apareceu, um crítico de música da prestigiada Rolling Stone afirmou: "Hoje ouvi o futuro do rock'n'roll e o seu nome é Bruce Springsteen."
Desde o início, na década de 70, quando apareceu, que Bruce canta a alma do povo americano. A vida do homem comum americano, do operário, do tipo que se levanta às 5 da manhã para ir trabalhar para uma fábrica ou uma mina, que se apaixona pela cheerleader, que vai beber umas cervejas ao bar antes de regressar a casa para a sua família e que um dia tem de partir para o Vietname ou para o Iraque para ir matar "the yellow man" (sic "Born in the USA), que ele nem sequer conhece ou entende.

Isto é Bruce Springsteen. A Voz da América comum, a voz da América mais pura e mais inocente, a mais bela, longe dos postais e das luzes da ribalta e do show off. E é por isso que o Boss é imensamente amado pelo povo que canta. Mas também é por isso que continua a ser imensamente respeitado por outros povos que o ouvem, precisamente porque não tem papas na língua e diz sempre a verdade, doa a quem doer.
Mais comercial ou mais artístico, a maioria das suas canções tiveram e têm sempre uma vertente política e social muitíssimo marcada, que passará apenas despercebida a quem não estiver atento às suas letras. Born in the USA, por exemplo, parece um hino à América, um hino daquele patriotismo exagerado que estamos habituados a ver e criticar, mas as aparências iludem. Se ouvirmos a letra atentamente, rapidamente percebemos que é, isso sim, uma crítica profunda à América e a um patriotismo estúpido de olhos vendados.
Bruce, como ninguém, cantou e canta a sua América, a América que ele conhece e que ama. A boa, a simples, a má, a ingénua, a falsa, a ignorante, a oprimida e a livre - o seu genuíno coração. A sua voz poderosa é e sempre foi a voz da classe operária e ele próprio, com o seu corpo rijo e musculado, a sua aparência de "beautiful boy next door" foi durante algumas décadas a personificação dessa classe. Não foi por acaso que Barack Obama o escolheu como um dos principais porta-vozes de campanha, numa altura em que se temia que os votos mais difíceis de alcançar fossem precisamente os da classe operária branca.
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Como um bom vinho, Bruce tem envelhecido para se tornar cada vez mais profundo, mais encorpado e mais próximo das raízes da sua terra-natal, emprestando uma voz cada vez mais patriarcal ao folk puro, repescando canções de séculos passados e trazendo-as de volta à luz do dia com arranjos cada vez mais genuínos, cada vez mais depurados, cada vez mais minimalista.
Não foi por acaso, portanto, que Mickey Rourke lhe pediu para escrever uma canção para The Wrestler, a história de um homem esventrado e maltratado pela vida, que ressuscita - afinal, a coluna vertebral de quase toda a mitologia americana, o herói solitário que reconquista o seu lugar ao sol depois de muito suor e lágrimas.
E não foi por acaso que comecei este texto com aquela introdução. Há Lodo no Cais é um dos filmes mais políticos de Elia Kazan. Retrata as primeiras lutas da classe operária americana pelo direito à representatividade dos sindicatos, que os protegeriam das máfias locais. Marlon Brando representava o icónico Terry Malloy, o ex-boxeur sem rumo que, por amor e por missão, decide fazer com que a sua vida faça algum sentido e acaba por simbolizar o herói solitário contra os usurpadores do poder.
Foi precisamente isso que Bruce Springsteen cantou toda a vida. A sua América e pela sua América. Foi por ela que nunca se calou, doesse a quem doesse. Porque quem mais ama, é quem mais duramente critica.
É por tudo isto que a voz do Boss será para mim, sempre, a mais genuína Voz da América.
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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

EM BUSCA DE PALAVRAS 59

Nikita
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Refiro-me, evidentemente, à versão francesa, porque a versão americana é isso mesmo, uma americanada passada a papel químico da outra.
Sempre gostei do humor negro de Luc Besson e do seu ritmo, que é difícil de explicar. Os dois em conjunto conferem aos seus filmes uma "batida" estranha, mas muitíssimo atraente.
La Femme Nikita é a história de uma assassina tonta e viciada em drogas que é obrigada, a troco da sua liberdade, a tornar-se uma assassina profissional implacável. O filme é delicioso, tem suspense, Anne Parillaud nasceu para fazer este papel e gosto especialmente da presença da diva Jeanne Moreau como conselheira dos assuntos femininos. É irresistível e um poço de sensualidade madura e misteriosa (põe a um canto muitas jovenzinhas com metade da sua idade).
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O que aprendi com Nikita?
Algumas coisas masculinas, que dão sempre jeito:
* A primeira bala nunca deve estar no cano ou no tambor, para auto-protecção.
* Antes de aprender a posição correcta, deves conhecer o teu instrumento
* Para partir um vidro sem fazer barulho, põe-se um pano grosso ou toalha no vidro e com a outra mão dá-se um murro rápido com o braço esticado (é claro que convém ter já praticado isto bastantes vezes, ou arriscamo-nos a partir os dedos, não o vidro ...)
* Que Jean Réno encarna um "limpador" divertidíssimo, burlesco como o caraças, como só ele sabe fazer

Mas também aprendi, com a adorável Jeanne Moreau, algumas coisas importantes femininas:
* Tornar-se um ser humano é uma etapa intermédia mas necessária antes de nos tornarmos o perfeito complemento do homem: uma mulher
* "Podes dar-me uma definição de graça?"
"Não sou inteligente."
"Então sorri, é sempre um bom começo. Sorri quando não souberes algo. Isso não te fará mais inteligente, mas é agradável para os outros. Deixa-te dominar pela ténue fragilidade, que fará o teu rosto belo - um sorriso. O sorriso é uma suavidade à flor da pele. Uma ternura. Quase um estado de espírito."
* "Deixa que o teu prazer seja o teu guia. O teu prazer como mulher. E não te esqueças. Há duas coisas que não têm limites: a feminilidade e os meios de tirarmos partido dela."
* Se para mais não servissem, os franceses existem para nos ensinar que descobrir o que o ser humano escreve nas entrelinhas da vida é uma arte digna de uma especialização monástica
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E o cheirinho de Nikita:
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domingo, 15 de fevereiro de 2009

SUGESTÃO DA SEMANA

Duas sugestões, a primeira já vi e gostei, a segunda ainda não vi mas tenho a certeza que vou ver e gostar. Duas histórias de sobrevivência, para nos inspirarem.
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A primeira, e embora a história não passe de um conto de fadas inverosímil, está muitíssimo bem construída e é inusitadamente diferente. Além disso, relembra-nos a todos, que vivemos neste mundo ocidental, civilizado e protegido, que somos uns sacanas duns sortudos. E só por isso, para nos lembrarmos disso todos os dias e não nos queixarmos tanto de ninharias estúpidas, vale a pena ir ver esta história made in Hollywood mas com um piscar de olhos aos made in Bollywood.
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A outra é um comeback estrondoso e eu adoro comebacks estrondosos, sobretudo quando são protagonizados por rebeldes como o senhor que se segue. Em tempos dizia-se que Mickey Rourke era o próximo Marlon Brando. Sempre achei esta afirmação um exagero, mas sempre gostei dele. Onde Brando tinha argúcia, uma sensibilidade apuradíssima e absolutamente frágil na força que transmitia e um jeito extraordinário do típico "con man" que em vez de aldrabar os outros canalizou isso para a arte de representar, Mickey Rourke tem o instinto da sobrevivência. Diz-se que nos últimos tempos andava pelas ruas, sem dinheiro e sem futuro, um autêntico vagabundo. E agora voltou. E está nomeado para um oscar, com este filme, onde dizem que é extraordinário:
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sábado, 14 de fevereiro de 2009

PALAVRAS ESTÚPIDAS 48


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Descobri recentemente que a palava "Maligno" tem um estranho condão sobre as pessoas:
a) Torna-as mais rápidas e eficientes
b) Torna-as mais simpáticas e tolerantes
c) Torna-as negadoras natas
d) Torna-as mais atentas aos pormenores
e) Torna-as muito mais fortes do que aquilo que pensavam
f) Fá-las agarrarem-se à vida com uma força desmesurada
g) Torna a palavra "Maligno" um pouco menos assustadora do que sempre lhes pareceu (apenas um pouco menos ...)
h) Torna-as capazes de suportarem coisas que jamais julgariam possível suportar

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A FANTÁSTICA FAUNA DE ANDRÓMEDA

Troll
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Troll significa "monstro" na antiga língua dos Vikings e estes seres são certamente monstruosos nas diversas formas que adoptam através da mitologia escandinava. São por vezes descritos como gigantes hostis, embora na literatura da Idade Média fossem frequentemente descritos como inimigos que utilizavam magia negra. Nos textos islandeses mais tardios e no folclore escandinavo, os Trolls são descritos como gigantescos e extraordinariamente feios. Vivem em cavernas nas montanhas e caçam humanos. Na Suécia e na Dinamarca são parecidos com ogres, com narizes enormes e corcundas, enquanto que na Noruega podem ser muito peludos e as fêmeas muito belas, com longos cabelos ruivos.
Os Trolls detestam barulho e podem ser assustados pelo toque dos sinos de igrejas. Costumam roubar mulheres e objectos e também podem ser canibais. São considerados excelentes ferreiros e podem fazer maravilhas pela capacidade auditiva, utilizando ervas e magia. Normalmente só são avistados entre o lusco-fusco e a madrugada e são transformados em pedra se iluminados pelo sol. Por este motivo, muitas pedras erguidas nos países nórdicos são consideradas Trolls petrificados.
Mais uma vez, também JRR Tolkien os utilizou na sua trilogia, fazendo com que um Troll gigantesco ataque a irmandade do anel nas minas de Moria, no primeiro episódio da saga.
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Short-Story: O Troll agarrou na mulher e fugiu, coxeando, a corcunda protuberante parecendo uma outra cabeça, de modo que com a mulher pendurada nas costas e na luz do lusco-fusco, a silhueta do monstro parecia ter não uma mas duas cabeças e uma enorme corcunda até à base da espinha, que esperneava e se debatia. Mas o Troll calculou mal os passos, talvez desorientado com a sua carga insurrecta e, ao virar a esquina, foi atingido por um dos derradeiros raios do Sol e ali ficou, instantaneamente petrificado, com uma corcunda-mulher debatendo-se nas suas costas, presa por um braço de pedra que lhe sufocava as artérias.
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Titã
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O nome Titã tem origem na mitologia Greco-Romana mas os seres titânicos encontram-se em quase todas as grandes mitologias do mundo, onde são identificados com forças elementares poderosas, causadoras de rupturas.
Na mitologia Greco-Romana os Titãs são os 12 filhos gigantes de Urano e Gaia. Os rapazes chamavam-se Céos, Cronos, Hipérion, Jápeto, Oceanus e Créos e as raparigas, Mnemosine, Febe, Reia, Tétis, Teia e Témis. Urano era também o pai dos Ciclopes e dos Hecatonquiros, ou gigantes de 100 mãos. Os últimos causaram-lhe tanta angústia, que Urano os empurrou de volta para o útero da sua mãe, a Terra. Por esta razão, Gaia convenceu os Titãs a imporem-se a Urano e estabelecer Cronos como o chefe de todos os deuses. Mais tarde, ajudaram Zeus a destronar Cronos. Quando os Titãs entraram em guerra com Zeus, este combateu-os com armas forjadas pelos Ciclopes, famosos metalúrgicos, e aprisionou todos no submundo do Tártaro, excepto Oceanus.
Os Titãs também provocavam relâmpagos e trovoadas, tremores de terra e vulcões.
Um segundo grupo de Titãs, muitas vezes confundido com os seus parentes gigantescos, reuniu-se para destruir o deus Dionísio. Este tentou escapar transformando-se em diversos outros seres, mas quando se transformou num touro os Titãs mataram-no e comeram-no. No entanto, a deusa Atena salvou o seu coração, que deu a comer a Zeus, permitindo que Dionísio renascesse da união de Zeus com Sémele. Zeus destruiu então este grupo de Titãs e das suas cinzas criou a humanidade, causando desta forma o aspecto benévolo/malévolo da natureza humana.
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Short-Story: A formiga rastejou até junto da planta soerguida do pé de Titã, trepou diligentemente por ele acima e deambulou uns tempos pelo calcanhar do gigante. Mas o mal estava feito. Titã sentiu uma comichão insuportável e teve de baixar o calcanhar, para raspar a base do pé na rocha fria e, ao fazê-lo, desequilibrou-se. O Mundo tremeu periclitantemente nas mãos poderosas do monstro, os seus braços dançaram lentamente pelo espaço, até que finalmente Titã conseguiu travar o eminente desastre algures entre a força combinada dos músculos dos seus ombros e costas. Mas o tempo dos Titãs é diferente do tempo do Mundo. E o que para aquele Titã foram apenas uns escassos minutos de agonia, foram muitos milhares de anos para o Mundo. Já há muito que Titã o recompôs nos seus braços. O Mundo, esse, ainda treme.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

NOTORIOUS NUMBERS

4.30
O Número Light (ou deveria antes dizer Hot?)
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Nos EUA era às 11.30. Mas cá em Portugal era às 4.30. Provavelmente porque nos EUA se começa a trabalhar bem mais cedo do que em Portugal ... digo eu ...
A verdade é que fosse 4.30, 11.30, ou outro número qualquer do relógio, who cares? O importante é que ele aparecia! Certo, meninas?
Sim! Porque nós também merecemos anúncios com gajos meio despidos! Quatro vivas e meio aos publicitários da Coca-Cola!
Ah sim! Já tendo viajado para terras americanas, posso assegurar que aquilo não é só publicidade. Os homens das obras americanos são mesmo homenzarrões e não os lingrinhas que estamos habituadas a ver cá em Portugal ...
Portanto, os 4 vídeos que se seguem são especialmente para as meninas ;) Enjoy!
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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

MURMÚRIOS DE AVALON III

O Umbigo Que Se Julgava Omnisciente
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Procurei-o algures entre o fim da adolescência e o princípio da idade adulta, naquela fase da vida em que eu também julgara saber todas as respostas de todos os mistérios já repensadas por tantos antes de mim. Nessa idade somos insuportáveis, claro, e balançamos constantemente entre a certeza de sermos o centro do mundo, esse maravilhoso umbigo em redor do qual todos os outros universos giram ininterruptamente, cantando odes como os serafins ao deus omnipotente, e o horror de constituirmos uma absoluta e irremediável incompreensão para os ignorantes (que são todos) que nos rodeiam.
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O Umbigo estava deitado no seu leito de cetim, rodeado de plumas e veludos, refastelado e lambuzando-se com bombons coloridos e cheirosos. O cenário era o de um Baco Caravaggiano, luxuriante e decadente, narcísico e tresandando insuportavelmente a odores corporais, vapores dérmicos e fluidos genitais.
Aproximei-me com cautela. O Umbigo era bonito, mas assustador. Parecia um minúsculo imperador no seu trono. Respirava ofegante, por baixo de todos aqueles tecidos, cremes e licores, mas parecia absolutamente satisfeito e murmurava uma melodia sem palavras, como se se estivesse a embalar a si próprio.
Chamei-o suavemente:
"Umbigo ..."
Ele respondeu, numa voz lânguida e sonolenta, nasalada e arrastada:
"Sim? ..."
"Venho pedir-te um conselho."
"Diz ..."
"Procuro uma palavra."
"Uma palavra?"
"Sim, procuro a palavra. Sabes qual é?"
"Que palavra procuras tu?", repetiu, enfastiado, como se eu fosse a criança e ele o adulto.
"A palavra que me falta."
"Já procuraste dentro de ti?"
"É isso que tenho andado a fazer."
"Procuras nos sítios errados, então. Tens de olhar melhor para dentro de ti. Conhece-te a ti mesmo. Estás familiarizado com Sócrates?"
"Sim. Mas ..."
"Porventura nas tuas buscas incessantes pensaste neste conceito?"
"Sim. Sim. Tenho feito isso."
"Não. Não mintas. Não estás a procurar bem. Porque vieste aqui importunar-me?"
"Porque quis falar com a altura da minha vida em que fui um umbigo."
"Errado. Estás profundamente errado. O passado não interessa. Eu faço parte do teu passado. Só o presente importa. O aqui e agora. Leste Hume?"
"Li. Li tudo o que há para ler."
"Então qual é a dúvida?"
"Não sei. Estou perdido. Preciso de me centrar."
"A dúvida é a única certeza. Sabes quem disse isto?"
"Descartes."
"Exactamente. Porventura já te interrogaste se não estarás condenado a não encontrar a palavra que tanto procuras?"
"Não pode ser."
"Talvez o sentido da tua vida seja esse mesmo. A busca da palavra, o que não implica necessariamente que a encontres, claro. Até porque, se assim fosse, terias de terminar a tua vida."
"O que queres dizer?"
"Se o sentido da tua vida é a busca dessa palavra, assim que a encontrares deixas de ter uma razão para existires ..."
"E se não for?"
"Se não for ... para quê tanto desespero?"
Reflecti sobre o que o meu próprio umbigo me dizia e não encontrei palavras para lhe responder. Muitas vezes, nesta idade em que achamos que sabemos tudo, momentos há em que somos de facto mais sábios do que jamais seremos, porque não temos medo. Sabia que ele não fazia a mínima ideia do que estava a dizer, eram apenas palavras que juntava daqui e dali, de leituras que eu fizera, de conclusões que eu retirara a partir das palavras de outros. Mas as combinações que eu criava nessa altura da vida eram tão prolíficas e variadas que acabava muitas vezes por acertar, quase como a lotaria da própria vida.
Ele prosseguiu:
"O que é a realidade? O que és tu? Para quê procurar alguma coisa? Conheces a filosofia zen?"
"Talvez porque seja escritor e precise disso. Não sei. Tem que haver um motivo?"
"Se não tem que haver um motivo, se a realidade não existe senão na nossa consciência, como disse Kant, então porque terá de existir uma palavra?"
Abandonei-o. Ele continuou a falar, mesmo depois de eu ter saído, sem dar conta de que ficara a falar para o boneco.
Mas ficara mesmo?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

EM BUSCA DE PALAVRAS 58

Aviso: Este post é de leitura interdita a menores de 18 anos e a qualquer pessoa sem o mínimo de bom senso ou senso de humor dentro da tola
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Dear Wendy
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"Lee is cold as ice
Grant is hot as hell
I think they are both real nice
And I hope it all ends well"

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Em Dear Wendy, nada é o que parece.
Wendy não é uma mulher.
O mau da fita, não é exactamente aquele que estávamos à espera.
A velhota não é assim tão inocente.
A cidade não é exactamente uma cidade como a julgávamos.
E as crianças, para além de já não serem bem crianças mas ainda não exactamente adultas, também não são totalmente ... normais.
Para além disto, existe um conceito louco - o pacifismo com armas.
Mas quando um grupo de jovens estranhos e renegados se junta, coisas extraordinárias podem acontecer, uma das quais é começarmos a olhar para simples revólveres e pistolas como se fossem verdadeiros objectos de arte, providos de uma personalidade muito própria e até de nomes.
Um Dandy nunca deve exibir a sua arma, qualquer que seja a provocação. Elas serão usadas como apoio moral, podendo ser transportadas, mas nunca exibidas. E nunca se deverá acordar uma arma, ou ela seguirá a sua verdadeira natureza - matar. Com efeito, a palavra é tão proibida, que se utiliza uma outra em seu lugar e, portanto, se diz "amar" em vez de "matar". E "amar" nunca poderá acontecer.
E cada Dandy tem uma forma especial e muito própria de disparar, inventada ou encontrada por si. Cada Dandy é um só com a sua arma e nada faz sem com ela conferenciar primeiro. Cada Dandy é casado com a sua arma, numa cerimónia que segue todos os protocolos que a ocasião exige.
E se porventura algum dia um Dandy tiver que disparar com a sua arma contra outro homem, acordá-la-á primeiro antes de o fazer e chamá-la-á pelo seu nome.
E todos os Dandies caminham com mais confiança do que quando não eram Dandies. Porque sabem fazer, apesar de não o fazerem. Pois é precisamente isso que torna um Dandy mais forte e melhor que o seu adversário.
Mas ... como em todas as histórias, há sempre um mas ...
Dear Wendy é um filme mágico. Foi um verdadeiro manancial de informação sobre armas e merece a pena ser visto, mesmo que não se ande em pesquisa balística.
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O que aprendi com os Dandies?
* O orifício de entrada não diz nada e o orifício de saída diz tudo sobre um tiro, uma arma e o seu potencial ou a sua "alma"
* Os guerreiros Moro cortavam-se e atavam correias de cabedal ao pénis para ficarem tão imunes à dor que suportavam qualquer coisa durante as batalhas
* Se fores um Dandy, é possível dominares a técnica do tiro indirecto, disparando contra coisas para que a bala faça ricochete propositadamente e acerte no alvo, mas é preciso muito cabedal para isto
* Retirar a mira é uma alteração radical à arma, pois ela é uma parte muito importante da sua personalidade
* "A diferença entre nós é que talvez tu não compreendas muito bem as mulheres, ou os revólveres femininos. Na minha experiência, as mulheres gostam de palavras, mas esquecem-nas facilmente. Querem alguma acção."
* Nunca se deve confiar num homem que carrega uma L1080 de polímero, é uma arma traiçoeira
* Se tiveres um sniper a 120 metros de distância e o vento estiver ligeiro de noroeste, deves usar uma bala de calibre 7.63 mm com peso extra, que deverá baixar uns 90 cm na sua trajectória de vôo
* Se a temperatura for de 30º C, a Pressão Barométrica de 28.75'' Hg e a humidade relativa de 85% e tendo em conta que os valores standard para se poder disparar em condições óptimas são uma temperatura de 15ºC, uma pressão barométrica de 29.53'' Hg e uma humidade relativa de 78%, então se o nosso coeficiente balístico for de .299 (7.8 mm), calcula-se o factor de correcção de temperatura (que será 85 + 459.4 a dividir por 59 + 459.4) - 1.050, calcula-se o factor de conversão barométrica (que será 29.53 a dividir por 28.75) - 1.027 e obtém-se o novo coeficiente balístico = factor de correcção de temperatura x factor de correcção barométrica, ou seja, 1.050 x 1.027 e temos um novo coeficiente balístico de .322 (8 mm). Bingo!
Parece complicado? Agora imaginem ter que fazer isto de cabeça no meio duma batalha no Iraque, por exemplo ... Ainda vos parece complicado? ...
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E o cheirinho do filme brilhante:
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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

PALAVRAS EMPRESTADAS 51


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"E quando me perguntam o que é que eu sei fazer?
Sei fazer ovos estrelados com bacon, um bom bife, café, com um molho porreiro, mostarda e natas, sei domesticar um animal. E de resto, epá, sei desmontar um rádio. Basicamente um gajo é directo, directo às coisas, pá. Eu não tou aqui pa enganar ninguém. Epá, esta frase é conhecidíssima, não é? (risos) Eu não tou aqui pa enganar ninguém. Eu tou aqui pa viver convosco, pá. E gracias a la vida, que me ha dado tanto. Epá, fumar os meus cigarros, beber uns copos, pá, fazer a minha vida e fazer aquilo que eu mais gosto, uma das coisas que eu mais gosto é música. De resto, não sei fazer mais nada."
Jorge Palma
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E eu pergunto ao Jorge Palma: Mas quem são os atrasados mentais pá, que te perguntam o que é que tu sabes fazer? ...
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domingo, 8 de fevereiro de 2009

PALAVRAS ESTÚPIDAS 47

Até tou gaga por causa disto.
Ora bem, é que nem nos meus sonhos mais arrojados, jamais a minha inocente mente teria tido capacidade para conceber uma coisa destas.
Eu juro que encontrei isto por mero acaso (é o destino! só pode!). Andava à procura de ... já nem sei o que era ... aliás, depois de ver o que está aí em baixo, eu já nem sei quem sou, já não me lembro de onde vim, não me lembro de nada do que fiz antes deste dia memorável. E de certeza que nunca mais serei a mesma.
Portanto, então é assim.
Desculpem, tenho que gulp! gulp! beber um pouco de água com açúcar para me gulp! gulp! acalmar ... ok ... agora sim ...
Então cá vai:
E se eu vos dissesse que aí em baixo nesse vídeo está nada mais nada menos do que o Russell Crowe em pelota!!! a montar um cavalo?!!! Hmm? Diriam que eu tinha perdido as estribeiras de vez, certo? E que a minha imaginação tinha saído disparada a galope qual Shadowfax, Pégaso ou qualquer cavalo do John Wayne? ...
A verdade é que está mesmo ...
E agora vou ali tomar os sais pela milionésima vez e desmaiar mais outras tantas.
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P.S. Praise the lord almighty!!!!!! There is a God, after all!!!!!!!
Thank you Loooord!!!! Thank you!!!!!! Thank you!!!!! Thank you!!!!!!

sábado, 7 de fevereiro de 2009

SUGESTÃO DA SEMANA


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É sem dúvida nenhuma, na opinião desta vossa humilde leitora que já leu muita revista que anda por aí, uma das melhores revistas portuguesas. Não só porque os seus fotógrafos são imbatíveis, como também porque os textos que acompanham as fotografias, coisa rara nas publicações especializadas em imagem, são tão bons como o resto. Há um estilo de escrita NG e isso nota-se.
Depois, não só estará a disfrutar de uma revista belíssima e com conteúdos interessantíssimos (e não, eles não falam só de animaizinhos e plantinhas), como também contribui para as investigações realizadas pelos biólogos, antropólogos e outros ólogos por esse mundo fora, se assinar.
E ainda terá acesso aos mapas da NG, que são pequenas obras-primas da cartografia.
Ah! E em cada edição garanto que vai encontrar algo surpreendente sobre este nosso mundo que não tinha ainda descoberto.
Por isso, de que é que está à espera para se viciar na janela amarela? Hmmm?

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

NOTORIOUS NUMBERS

50
O Número da Fuga
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De acordo com Paul Simon, deve haver p'ráí umas 50 maneiras de deixar o nosso amado/a. 50 Ways to Leave Your Lover. É certo que ele não especifica todas, mas dá algumas pistas. A saber: sair de fininho, fazer novos planos, ser arrojado, simplesmente abraçar a liberdade, apanhar um autocarro, não discutir muito o assunto e não esquecer de deixar ficar as chaves de casa, claro.
Portanto, inspirai-vos. Ideias não faltam. Ouçam o Tio Paul, que ele já cá anda há muito tempo.
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The problem is all inside your head
She said to me
The answer is easy if you
Take it logically
I’d like to help you in your struggle
To be free
There must be fifty ways
To leave your lover
She said it’s really not my habit
To intrude
Furthermore, I hope my meaning
Won’t be lost or misconstrued
But I’ll repeat myself
At the risk of being crude
There must be fifty ways
To leave your lover
Fifty ways to leave your lover
CHORUS: You just slip out the back, Jack
Make a new plan, Stan
You don’t need to be coy, Roy
Just get yourself free
Hop on the bus, Gus
You don’t need to discuss much
Just drop off the key, Lee
And get yourself free
She said it grieves me so
To see you in such pain
I wish there was something I could do
To make you smile again
I said I appreciate that
And would you please explain
About the fifty ways
She said why don’t we both
Just sleep on it tonight
And I believe in the morning
You’ll begin to see the light
And then she kissed me
And I realized she probably was right
There must be fifty ways
To leave your lover
Fifty ways to leave your lover
CHORUS