terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

EM BUSCA DE PALAVRAS 60

Kagemusha - A Sombra do Guerreiro
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"Um bom filme é uma coisa que dá prazer. E não é demasiado complicado. Um bom filme é fácil de compreender e interessante."
Akira Kurosawa
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Em 1980 Akira Kurosawa, já um realizador de renome internacional, não filmava há 5 anos e estava desesperado. Queria contar a história que tinha na cabeça, mas não conseguia arranjar financiamento para o seu filme, pois os estúdios japoneses não lhe queria disponibilizar um orçamento tão grande. Frustrado, decidiu desenhar e pintar os storyboards que imaginara, que acabaram por ser mais de 300.
Não fossem dois realizadores americanos e talvez o mundo nunca tivesse visto Kagemusha - A Sombra do Guerreiro. Grandes admiradores do mestre japonês, Francis Ford Coppola e George Lucas uniram os seus esforços e as suas reputações já bem cimentadas para conseguirem que um grande estúdio norte-americano financiasse o filme - a Twentieth Century Fox.
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Kagemusha conta a história de um senhor da guerra japonês que está a morrer e que, não querendo que os seus inimigos saibam disso para não atacarem o reino, decide usar um sósia para se fazer passar por ele. O problema é que o sósia é um reles gatuno com nenhuma experiência sobre os hábitos e modos de um senhor da guerra e tem que ser ensinado a comportar-se como tal para que ninguém desconfie da artimanha. O filme é também o retrato do Japão durante a Era dos Estados Guerreiros e uma crónica dos últimos dias dos grandes samurais, nobres guerreiros que servem um único senhor e por ele morrerão se for preciso, pois a sua honra não lhes permite servirem mais ninguém.
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Kurosawa ficou eternamente grato a Coppola e Lucas por o ajudarem a realizar o seu sonho e o filme ganhou o Grande Prémio do Festival de Cannes e inúmeros prémios internacionais, sendo hoje em dia considerado uma das suas obras-primas e uma das obras-primas do cinema mundial. Enquanto rodava o filme, Kurosawa ofereceu a Coppola e a Lucas algumas das suas primorosas aguarelas que ambos os realizadores prezam ciosamente até à data. Amante de pintura desde muito novo, Kurosawa tinha por hábito desenhar ao pormenor todas as cenas dos seus filmes e os seus storyboards são obras de arte minuciosas e comoventes. O seu director de iluminação (Takeharu Sano) diz que a diferença entre eles, os realizadores, e os pintores é que os pintores pintam sobre telas em branco e eles pintam sobre telas negras, com o pincel da luz. A utilização da cor nos filmes de Kurosawa é extraordinariamente arrojada e original e agora entendo porque no filme RAN alguns dos planos silenciosos me pareceram verdadeiras mangas de pintura japonesa.
O filme tem também algumas das mais complexas cenas de batalhas jamais filmadas por Kurosawa. Eram necessárias centenas de figurantes, mas Kurosawa não teve que procurar muito nem dispender muito dinheiro a pagar-lhes. Centenas de estudantes japoneses apareciam nos locais de filmagens todos os dias apenas porque desejavam ter a oportunidade de participar numa cena filmada pelo Mestre. Mesmo que fosse uma cena onde fizessem parte de uma enorme massa humana indiferenciada. As principais estrelas do filme ofereceram-se para comandarem e orientarem os vários grupos de figurantes nas cenas das batalhas, facilitando o trabalho do realizador, por amor ao Mestre.
Todos os que trabalharam com Kurosawa não o tratam nunca por Kurosawa, mas sempre por Mestre. Não é, no entanto, uma veneração cega, como explica o tratador de cavalos, Minpen Shinai, contratado para orientar os cavalos requeridos para algumas cenas. E explica que Kurosawa possuía o dom de congregar pessoas à sua volta, e mesmo as que não funcionavam em grupo passavam a trabalhar desse modo, não porque fossem coagidas, mas porque havia esse sentido maravilhoso de se estar a fazer as coisas para o Mestre.
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O que aprendi com Kagemusha?
* "Tens 53 anos, se bem me recordo. E ainda te comportais como uma criança de 5 anos. As pessoas juntam-se, espalham-se. Vão para a esquerda e para a direita, seguindo os seus interesses. Não é de estranhar. Mas depois encontro-vos assim. Com uma mente estreita, não deveis sonhar com a governação."
* Seremos cobardes se a morte do nosso rival nos der prazer. Se morrer, será uma grande perda.
* Um japonês a dizer que a paisagem é linda ou a dizer "Vou-te matar" tem exactamente a mesma entoação.
* "Age conforme o teu coração deseja. É o melhor."
* É tão óbvio que George Lucas se inspirou na iconografia samurai para criar o emblemático capacete negro de Darth Vader ... :)
* Admitindo que vi o filme durante uma semana inteira (dura umas 4 horas) e que não apreciei por aí além o que vi, em termos de gosto pessoal, também admito que mesmo assim há sempre lições valiosíssimas a aprender mesmo com aquilo de que não se gosta. O muito bom, independentemente do gosto pessoal, nunca deve ser ignorado
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E o cheirinho do Mestre:
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