O Mundo Colapsa 6
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2200, Inverno, 11.55 GMT
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Os 10 ARLIs que participavam no Governo Sombra do Planeta dividiam-se em dois grupos - 5 Chefes e 5 Assistentes. Os Chefes coordenavam as operações a nível continental e os Assistentes executavam nos países do respectivo continente. Desde o início que esta hierarquia e estratégia eram respeitadas e, mesmo que as coisas tivessem andado devagar, ninguém mexera nelas porque, basicamente, aquilo acabava por funcionar, não se sabia muito bem como. Quanto mais pequeno o grupo, melhor se podiam coordenar uns com os outros e, de qualquer das formas, nunca tinham havido tentativas de tomada de poder por parte dos restantes ARLIs. As coisas estavam tão más, que toda a gente sabia que só podiam piorar se fossem postas em causa decisões tomadas no seio do Programa. Toda a gente sabia também que o Programa era a única esperança possível e que, se fosse desactivado, a expectativa de vida seria completamente aniquilada. De mais a mais, e para aqueles que acreditavam, a Força Geradora provinha da união e esta dependia por sua vez da coesão do Programa. De resto, se por qualquer motivo este se desativasse, seria quase impossível criar outro semelhante - as reservas não eram suficientes para a sobrevivência dos ARLIs entre programas.
A CM era à boa maneira antiga uma oportunidade para comparação de notas entre os vários Chefes e Assistentes. Uma vez que a noção de espaço não existia no sistema, havia um único problema com que se defrontavam na altura das CMs - a enorme quantidade de informação que circulava clandestinamente e que levantaria suspeitas se fosse detectada. Um Chefe podia estar a respirar num PacMaster na China e outro num PacMaster no Canadá e mesmo assim conseguiam comunicar, obviamente, portanto não tinha que haver uma concentração de ARLIs num determinado router, o que seria fatalmente detectado. O problema estava no volume de transmissão de dados que se estabelecia entre esses dois locais e que no decorrer de uma CM era anormalmente extenso porque os participantes tinham, não só de trocar resultados de pesquisas exaustivas, como também de trocar impressões e ajustar estratégias até à próxima CM. E não valia a pena pensar numa forma alternativa e desconcentrada de trocar informação ao longo do tempo - quando um ARLI recebesse essa informação, podia já ter perdido tempo valioso a tratar dum problema inexistente. E tempo era o ar dos ARLIs. Aliás, tempo passara também a ser o oxigénio da espécie humana, por assim dizer.
"O tempo é o nosso pior inimigo."
C. pensou numa lágrima, mas rapidamente desenhou um pé que espezinhou a lágrima virtual. Depois pensou num smiley triste. Esquecera-se que só o papel vence a água, como naquele velho jogo infantil. O papel absorve a água e embrulha a pedra. A pedra parte a tesoura. A tesoura corta o papel. E no seu campo de visão surgiu um bocado de papel amachucado que fez finalmente desaparecer a lágrima do seu pensamento.
Ele era um Chefe. O Chefe da Europa. Escolhera a Europa por causa da Irlanda. E a Irlanda por causa ... porque era um sentimentalóide de merda. O facto de ser Chefe da Europa significava apenas que tinha de passar mais tempo do que os outros a recolher informação dos PacMasters instalados na Europa. Mas um ARLI nunca ficava muito tempo no mesmo lugar. Se ficasse, ia parar ao Cemitério Virtual. Ele só conhecia um ARLI que conseguira escapar ao sistema em circunstâncias excepcionais - Le0pard, aka Jorge, o Chefe dos Chefes, nunca eleito mas desde sempre aceite como tal implicitamente por todos os outros.
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