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"Isso tudo????!!!"
Esta frase é recorrente na minha vida. Exclamada por outros. A nível pessoal e profissional.
"Escreveste isso tudo???!!!"
Pois. Sim, escrevo muito. Sim, já escrevi muito, desde os oito anos de idade. Sim, tenho ainda muito mais para escrever, até aos 80, por aí, mais ano menos ano. Tenho 36.
Escrevo muito. Mas, para mim, esse "muito" é relativo. Para outra pessoa, uma página inteira A4 pode ser muito, para mim é peanuts. Para outra pessoa, escrever 4 folhas A4 pode levar um dia inteiro, para mim às vezes bastam 10 minutos para as encher. Para outra pessoa, escrever o dia inteiro e ficar cheia de cãibras nas mãos pode ser um suplício, para mim é uma alegria tremenda. Para outra pessoa ter ideias para escrever num blog todos os dias do ano pode ser uma tarefa impensável, para mim é quase automático e não perco mais que meia hora por semana com isso. Para outra pessoa o facto de eu ter escrito 4 livros inteiros pode ser motivo de espanto. Para mim é muito pouco, comparado com os quilómetros de escrita de alguns autores. Ou, por outra, custaram sim, muito, a escrever, mas são trabalho necessário para todos os outros que ainda quero escrever e que darão muito mais trabalho.
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Não sei porque escrevo. Uma das minhas primeiras memórias de criança é uma página pautada e a minha mão direita a desenhar cuidadosamente as primeiras letras aprendidas. O movimento do indicador e do polegar a segurar o lápis e a conduzir a mão lentamente através da folha. Desenhar letras. A escrita começou assim, para mim. E permanece. Ainda gosto disso. Ainda gosto de desenhar letras, muitas, numa folha de papel. A diferença está em que agora escrevo muito mais depressa do que quando era criança e às vezes nem preciso de estar a olhar para a folha para o fazer. Esse movimento físico é-me tão essencial como respirar. Nunca perdi muito tempo a perceber por que escrevo. Como nunca perdi muito tempo a perceber por que respiro. Escrever é como respirar. Escrevo tudo. Escrevo sobre tudo. Quero escrever sobre tudo. Tudo é motivo de escrita. Não penso nisso. Escrevo. Penso, isso sim, em como escrever a próxima frase melhor que a anterior, sempre. E escrevo. Escrevo. Inspiro. Escrevo. Expiro. Escrevo.
ºdfºçfl
Sei porque gosto de contar histórias. Há motivos psicológicos e psicanalíticos e freudianos. Já os analisei todos. Sei muito bem porque gosto de criar personagens. Uma parte disso está relacionada com uma das características da minha personalidade - gosto de controlar as coisas. E, por isso, quando escrevo uma história, sou Deus nessa história. Mas, apenas até um certo ponto. E uma das coisas que descobri na tarefa de construir uma história, foi o maravilhoso mundo estranho dos personagens. Ser conduzido por um personagem é infinitamente melhor que ser Deus.
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Escrevo.
Escrevo muito.
Sim.
Para quê?
Pouco me importa o para quê.
Para viver.
É tudo.
Ponto final.
Parágrafo.
Segue ...