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"Abrasadores,
Os anjos caem
Sentindo
O raio profundo nas suas costas
Colérico,
Ardendo no fogo de Orc."
Roy Batty (Rutger Hauer)
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Ridley Scott é um criador de mundos, diz-se no DVD d'O Gladiador. É verdade. Ele criou o mundo de Alien. Criou a Roma antiga d'O Gladiador. Criou a América de 1492. E criou aquele que é considerado o filme precursor do género cyberpunk - Blade Runner. Quando estreou, em 1982, foi um flop de bilheteira. Hoje, décadas mais tarde, é considerado um dos filmes de ficção científica mais importantes do século XX e uma verdadeira obra de culto para muitos fanáticos do género.
Sempre gostei deste filme. Já não o via há anos e do que me recordava melhor era de toda aquela ambiência estranha, uma cidade que era uma mistura de Nova Iorque, Tóquio e Londres, com personagens estranhíssimos que falavam um calão de rua que era uma amálgama de japonês, alemão e espanhol, a vaguearem por becos iluminados de néon, sobrevoados por naves da polícia e, claro, a voz de Harrison Ford como o narrador da sua própria história, criando uma atmosfera típica daqueles filmes noir dos anos 40, em que se ouve a voz do detective em off enquanto reflecte sobre os meandros obscuros do caso que lhe veio parar às mãos, só que transportado para o século XXI, mais concretamente, o ano 2019.
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Transcrevo aqui a entrada do filme, que resume a história:
"No início do século XXI, a TYRELL CORPORATION fez avançar a evolução robótica para a fase NEXUS - um ser virtualmente idêntico a um humano - conhecido como replicante. Os Replicantes da geração NEXUS 6 eram superiores em força e agilidade, e pelo menos semelhantes em inteligência, aos engenheiros que os haviam criado. Os Replicantes eram utilizados como mão-de-obra escrava, na exploração e colonização de outros planetas. Após um motim sangrento despoletado por uma equipa de combate NEXUS 6 numa colónia extra-Terra, os Replicantes foram declarados ilegais no planeta Terra - sob pena de morte. Esquadrões de polícia especiais - as Unidades Blade Runner - tinham ordens para matar, após detecção, qualquer Replicante transgressor. Não se chamava a isto execução. Chamava-se reforma."
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Porque fui eu parar a Blade Runner? Bom, porque trata de um, nas palavras do próprio Deckard, "ex-chui, ex-blade runner, ex-assassino", nas palavras da sua ex-mulher "um sushi" (peixe frio), em missão. E foi uma boa desculpa para rever uma obra de arte que não via há muitos anos.
Aprende-se alguma coisa com robots? Sim, aprende-se, entre outras coisas, poesia e uma vontade de ler a obra na qual este filme foi em parte baseado - "Será que os andróides sonham com ovelhas eléctricas?" - do também escritor de culto Philip K. Dick.
O que aprendi com Blade Runner?
* Que Rutger Hauer nasceu para fazer o papel deste andróide do caraças!
* Que, ainda assim existem incongruências, tais como o facto de Deckard (Harrison Ford) ficar pendurado na beira dum prédio com dois dedos partidos na mão direita e mesmo assim conseguir içar-se. Mas pronto, vá, é o Harrison Ford caramba ... e estamos em 2019 ... e ele é um Blade Runner ...
* Que logo a seguir o mesmo Deckard, com os mesmos 2 dedos partidos, se atira do topo de um outro prédio e consegue ficar outra vez pendurado ... mas, vá, é o mesmo Harrison Ford caramba ... e estamos em 2019 ... e ele é um Blade Runner ...
* Que um andróide é capaz da mais bela poesia cyberpunk: "Vi coisas que vocês nunca acreditariam. Naves a arder em Orion. Vi raios C a brilhar no escuro junto a Tannhausen. Todos esses momentos ... perdidos no tempo como lágrimas na chuva. Tempo para morrer."
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E um cheirinho da obra de culto:
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2 comentários:
Concordo totalmente com a afirmação de que "Ridley Scott é um criador de mundos" e se há filme que o demonstra é este.
É, visualmente, um filme encantador e bastante bem acompanhado de uma banda sonora inesquecível.
Tido se desculpa à luz de um final destes:
"I've seen things you people wouldn't believe.
Attack ships on fire off the shoulder of Orion.
I watched C-beams glitter in the dark near the Tannhauser gate.
All those moments will be lost in time, like tears in rain.
Time to die."
Beijos
Sim, por isso mesmo terminei o post exactamente com esse final, mas em português :) Poesia Andróide da melhor :P
Beijinho
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