domingo, 31 de janeiro de 2010

Fetiche #10

Fetiche
Nome masculino > 1. Objecto a que se presta culto por se lhe atribuir poder mágico ou sobrenatural > 2. figurado. aquilo a que se dedica um interesse obssessivo ou irracional > psicologia. objecto gerador de atracção ou excitação sexual compulsiva.
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“There's nothing better than good sex. But bad sex? A peanut butter and jelly sandwich is better than bad sex.” - Billy Joel
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[Peanut Butter]
1. Parelha substantiva deliciosa > 2. Faz mal como o caraças, but who gives a damn? > 3. Transforma qualquer pedaço sensaborão de pão de forma numa iguaria gourmet > 4. De manhã, ao almoço, ao lanche, ao jantar ou à ceia > 5. Em creme, nunca com pedaços e sempre da mesma marca, que é secreta (não quero que ninguém me açambarque os frascos no supermercado) > 6. No Inverno, com uma chávena de chá quente; na Primavera, com groselha; no Verão com sumo de laranja gelado; no Outono, com leite com chocolate > 7. Nunca experimentei com doce, mas os gringos dizem que é bom ... > 8. Peanut butter rules!

sábado, 30 de janeiro de 2010

'Till I Found You

O Mundo Colapsa 10
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28/11/2030
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Guardian-Angel
The sky here is so blue it hurts. Do you remember the sky that afternoon when we first met? I still can't describe it. It still puzzles me. I'm no writer. I can't find the words to paint the colors I saw or to draw what I felt. You were always so much better with words than me. I'm a photographer. Or I was. I stole from reality but I gave it right back with the exact same elements I saw. But even if I had had a camera with me that day, I would not have been able to steal that sky for eternity. It was different, like you said it would be. As if it belonged in a strange movie, the kind of movie we both enjoyed. Only what was going on was our own movie, in which we were co-directors.
The funny thing is that movie ended the way we like - it didn't have a soppy happy ending. We both belong to that weird group of people that likes weird movies with weird endings, but deep down we're more romantic than those who call themselves romantics. Are you following me? Of course you are.
When you were a child, you told me, you thought you were the only normal person in the whole world. How strange to think that when I was a child I thought I was not normal. How strange to think that the only possible thing that could have happened to us was that eventually we'd find eachother. How so very plain it would have been if we'd ended together, don't you think?
I think both our weird systems told us it wasn't a good ending and we rewrote it. You know what? I think if it hadn't been me to screw up, you'd have done the job just as well.
Tuesday
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30/11/2030
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Guardian-Angel
I miss you. I told myself I wasn't going to be sentimental but I can't help myself. I miss you. I miss your voice whispering foolishnesses in my ear. I miss the way you looked at me and the way I saw all there was to know in your eyes. I miss your hand on my shoulder and the way it seemed to belong there. I miss our hands dancing together a strange, solitary, beautiful dance whose meaning only they seemed to hold the secret of. I miss the way we fitted together and the way we belonged to eachother. But most of all, I miss your mind and your face, your dear, frightened face trying to make some sense of what had no sense at all. And trying to find that sense in the nearness of me.
I'm sorry. I'm sorry I didn't love you as much as you deserved. I'm sorry I didn't understand you the way you wanted someone to understand you. I'm sorry I feared the happiness you promissed me. I'm sorry I didn't follow my instinct instead of my reason. I'm sorry.
Tuesday
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2200, Inverno, 13.30 GMT
dçflçºd
Enquanto esperava pelo fim da CM, lembrou-se que podia aproveitar o tempo e a oportunidade para passar finalmente pela Dheli de Cascais, que lhe andava a atazanar a paciência e os bytes há semanas. Para além disso, se não fosse agora não sabia quando poderia ser, uma vez que se cruzara com J. e este lhe conseguira enviar um Button de Alerta Laranja. Isto significava que, pelos vistos, a informação que o Krueg estava a tentar passar trazia água no bico. O que queria dizer que provavelmente não haveria tempo para mais brincadeiras nos próximos dias, ou mesmo semanas.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Macro Secrets 25

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You're the only one who really knew me at all

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

MORMORIOS DI FIRENZE IV

Os Tectos de Florença
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Florença partilha uma característica em comum com Nova Iorque.
O que tem a Grande Maçã dos desfiladeiros de pedra e aço em comum com a pequena e preciosa Città Bela? Bom, é que ambas forçam os seus visitantes a ganhar torcicolos no pescoço de tanto olharem para cima.
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Na verdade elas partilham mais uma coisa - ambas são maravilhas do Ocidente.
Mas enquanto a maravilha do Novo Mundo nos força o olhar para cima cá fora, a maravilha do Velho Mundo fá-lo no interior das suas igrejas e palácios sumptuosos.
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Em Florença há provavelmente tantos tectos obrigatórios como há estátuas em todos os recantos.
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E eles existem para todos os gostos.
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De todas as cores.
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Formatos.
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Contando mil e uma histórias.
dçlkdç
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Em muitos materiais.
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E de muitas famílias diferentes.
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É só olhar para cima.
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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

EM BUSCA DE PALAVRAS 96

Violência
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Que mecanismos despertam a nossa agressividade?
O sociólogo norte-americano Erich Fromm, no seu livro "Anatomia da destrutividade humana" define dois tipos de violência, uma esquematização apoiada pela maioria dos estudiosos:
1. Violência Compulsiva - o nosso corpo está geneticamente programado para ela; é a que compartilhamos com os animais; um impulso instintivo de atacar que surge quando sentimos que a nossa sobrevivência está em perigo
2. Violência Humana - exclusiva das pessoas; não tem base genética e a sua única finalidade é sentir satisfação; a este tipo de violência devem-se a maioria dos actos criminais e de vandalismo que acontecem
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Maioritariamente, os protagonistas de episódios violentos, como assassínios, violações e maus-tratos, são pessoas com perturbações mentais. Mas isto não significa que todas as situações de perturbação mental sejam associadas à violência. Há pessoas que têm episódios de violência associados a situações de tensão extrema, que habitualmente são pacíficos e sem nenhuma perturbação mental específica.
A agressão maligna não é instintiva mas adquirida, é o que pensam a maioria dos estudiosos. As sementes da violência semeiam-se nos primeiros anos de vida, cultivam-se e desenvolvem-se durante a infância e começam a dar frutos malignos na adolescência.
No entanto, estudos recentes com animais outorgam uma possível origem biológica aos comportamentos agressivos:
* Lesões no lóbulo frontal do cérebro
* Lesões no lóbulo temporal
* Diminuição do óxido nítrico
* Carências enzimáticas
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Apesar de deixarem os cientistas cépticos, uma vez que defendem que a conduta humana é decisivamente influenciada pela aprendizagem cultural, não obstante, estes estudos são interessantes e poderão explicar alguns comportamentos desviantes que a ciência ainda não consegue deslindar, como é o caso das características muito próprias dos assassinos em série. Existem teorias que defendem que, assim como há casos raros de pessoas que nascem sem o sentido do tacto, por exemplo, também há casos em que as pessoas nascem sem conseguirem sentir qualquer tipo de emoção. Desta forma, a única maneira que encontram para conseguir sentir algo são experiências extremas, como provocar a morte a animais ou pessoas. Por sua vez, este tipo de comportamento torna-se um ciclo vicioso porque, exactamente como uma droga, uma vez praticado o primeiro crime, o organismo pede mais e mais intenso.
Esta é uma das explicações possíveis para o comportamento obssessivo e psicótico dos assassinos em série, que vão progredindo e refinando os seus crimes ao longo do tempo.
Outra teoria interessante defende precisamente que poderão existir indivíduos que nascem com determinadas áreas cerebrais defeituosas e, por isso mesmo, estarão mais propensos a actos violentos contra os quais não possuem qualquer tipo de consciência moral.
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A violência constitui uma das três fontes principais de poder humano; as outras 2 são o conhecimento e o dinheiro. Mas a violência cruel é a forma mais baixa e primitiva de poder e ao mesmo tempo a mais acessível a todos.
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baseado n' "Os Filhos da Ira" - Revista Quo

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

MURMÚRIOS DO PARAÍSO X

As Marés Vivas
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As Marés Vivas são as Deusas do areal.
Recordemos a hierarquia aqui estabelecida: as Gaivotas são as Magníficas Imperatrizes, os Pescadores os Nobres Donos e Guardiões, os Conquilheiros os Atrevidos e Carismáticos Ladrões.
Nas Marés Vivas apenas a Lua tem interferência e, por isso, elas elevam-se (literal e metaforicamente) acima de todos estes protagonistas. São secretas e enigmáticas. Claro que há quem as estude e lhes conheça os segredos mais insignificantes, mas para o mero observador permanecem um mistério insondável e fascinante.
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De onde vêm? Para onde regressam? Que tanto as revolta? Que pretendem arrebatar?
Nada há que imponha mais respeito do que a presença de uma Maré Viva à nossa frente ou à nossa volta. Os habitantes de qualquer selva, o portador do veneno mais mortífero, os abismos mais periclitantes empalidecem em comparação. O coração da Maré Viva provoca arritmias perigosas no coração de um pobre homem. Piedade para aquele que nela for apanhado desprevenido. A Maré Viva recompensá-lo-á pela sua audácia com um rol de monstros marinhos aterrorisadores: remoinhos vertiginosos, ondas titânicas, espuma sufocante, correntes imparáveis.
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As Marés Vivas chegam devagar, ciclicamente, progressivamente e fazem-se anunciar em detalhes que podem passar despercebidos ao mais incauto. A autora destas linhas conhece-as bem. É correcto dizer que as conhece melhor que a palma das suas próprias mãos, pois que as contemplou, e aos seus sinais, embevecida, mais vezes, claramente mais vezes do que contemplou as suas próprias mãos. E então: uma tonalidade do lençol aquático ligeiramente diferente, uma brisa milimetricamente desviada da costumeira direcção, um padrão de vagas progressivamente crescente e adquirindo um desenho típico, o rugido assustador das vagas durante a calada da noite precedente. E assim se adivinha, no suave frémito dos sentidos, a aproximação das marés mais entusiasmantes.
E quando chegam, elas arrebatam a praia e transformam o areal. Como um pincel gigante, pertencente a um artista excessivo e determinado, as deusas jackson pollockam as dunas, lançando jactos trepidantes de água e sal e areia contra a tela do areal, esculpindo montes e vales,
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fendendo crateras lunares, rasgando paisagens alienígenas,
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colorindo o horizonte com manchas intensas e a sua própria superfície de listas contrastantes. As águas assemelham-se a abismos assustadores, povoados pela multiplicidade da vida esquiva.
As Marés Vivas roubam, transformam, reorganizam. Mas também são generosas, deixam oferendas na praia - feixes emaranhados de sargaços tubulares, escorregadios e brilhantes, como esparguetes acabados de cozer al dente na espuma marinha; tufos perfumados de algas, que temperam a areia de tonalidades verdes, castanhas, douradas; medusas gelatinosas e transparentes, que se esvaem à beira mar;
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bouquets chocalhantes de conchas coloridas,
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búzios por alugar, estrelas do mar decapitadas e caranguejos desorientados.
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E subitamente, elas desaparecem de novo, como por magia, largando a bonança quieta no lençol marítimo e deixando sempre um rasto de destruição à sua passagem e a saudade de assistir ao seu desenrolar trepidante.
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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

PALAVRAS ESTÚPIDAS 83

He's Back!
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Sim! Estás de volta.
Leaner, meaner and stronger!
Russell, baby, agora sim, voltaste à tua forma habitual, musculado como se quer, no ponto, como Robin Hood. Cá te espero ansiosamente, por volta de Maio, I hope ...
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P.S. E Russell, baby, espero bem que não me desiludas, porque tens concorrência feroz. E é lá da tua terra também. Acho que vou ter que emigrar para a Austrália ... (aguarda próximos posts para ficares a conhecer o teu rival)

domingo, 24 de janeiro de 2010

AS TRIBOS DE ANDRÓMEDA

Iroquois
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"You shouldn't slaughter more than you can salt."
Provérbio Iroquês
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O território original dos Iroqueses foi a parte norte do estado de Nova Iorque, entre as montanhas Adirondack e as Cataratas do Niagara. Através de conquistas e migrações, ganharam controlo da maior parte do Nordeste dos EUA e do Leste do Canadá. No seu apogeu, em 1680, o império dos Iroqueses estendia-se para Oeste, desde a margem norte da Baía de
Chesapeake, através do Kentucky, até à união entre os rios Ohio e Mississippi; pelo norte, seguindo o rio Illinois, até ao sul do Lago Michigan; para este, através do sul do Michigan, sul do Ontario e partes adjacentes do sudoeste do Quebec; e finalmente pelo sul através do norte de New England, a oeste do rio Connecticut, através dos vales Hudson e norte do Delaware, Pennsylvania e de volta a Chesapeake.
Durante os 100 anos que precederam a Revolução Americana, guerras com as tribos Algonquin aliadas dos franceses e a colonização britânica, empurraram os Iroqueses de regresso às suas fronteiras originais. A sua decisão de apoiarem os Ingleses durante a Guerra Revolucionária, revelou-se um desastre. A invasão americana ao seu território em 1779 empurrou muitos dos Iroqueses para o sul do Ontário, onde têm permanecido desde então. Com grandes comunidades Iroquesas localizadas ao longo do norte de St. Lawrence no Quebec, quase metade da população Iroquesa tem habitado o Canadá desde então.
Nos EUA, grande parte do território Iroquês foi adquirido por especuladores de terras em Nova Iorque, numa série de tratados que se seguiram à Revolução. Apesar disto, a maioria dos Seneca, Tuscarora e Onondaga evitaram a extradição durante a década de 1830 e permaneceram em Nova Iorque. Permanecem de igual modo a habitar este estado grupos significativos de Mohawk, Oneida, Cayuga e Caughnawaga.
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O mundo sobrenatural dos Iroqueses incluía numerosas divindades, a mais importante das quais era Grande Espírito, responsável pela criação dos seres humanos, plantas e animais e as forças do bem na natureza. Os Iroqueses acreditavam que Grande Espírito guiava indirectamente as vidas do comum dos mortais.
Outras divindades importantes eram Thunderer (Trovejador) a as Três Irmãs, os espíritos de Maize, Beans e Squash.
Em oposição a Grande Espírito e outras forças benéficas, encontravam-se Espírito Maléfico e outros espíritos menores, responsáveis pelas doenças e outras más-fortunas.
De acordo com as lendas Iroquesas, os seres humanos comuns não conseguiam comunicar directamente com Grande Espírito, mas podiam fazê-lo indirectamente queimando tabaco, que carregava as suas preces até aos espíritos menores benévolos. Os Iroqueses consideravam os sonhos como sinais sobrenaturais importantes e era dada grande importância à sua interpretação. Acreditavam que os sonhos expressavam os desejos da alma e como resultado, o cumprimento de um sonho assumia uma enorme importância para o seu protagonista.
Não havia especialistas religiosos. No entanto, existiam especialistas femininas em part-time, conhecidas como as guardadoras da fé e cuja principal responsabilidade era organizar e conduzir as principais cerimónias religiosas. Estas guardiãs da fé eram nomeadas pelos anciãos e tinham enorme prestígio.
Em tempos históricos, os Iroqueses enterravam os seus mortos na posição sentada, na direcção leste. Após o enterro, um pássaro capturado era libertado, acreditando-se que carregaria o espírito do defunto. Os Iroqueses acreditavam que após a morte, a alma embarcava numa viagem e numa série de aventuras que terminavam na terra dos mortos, no mundo do céu.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Fetiche #9

Fetiche
Nome masculino > 1. Objecto a que se presta culto por se lhe atribuir poder mágico ou sobrenatural > 2. figurado. aquilo a que se dedica um interesse obssessivo ou irracional > psicologia. objecto gerador de atracção ou excitação sexual compulsiva.

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"I don't trust or love anyone. Because people are so creepy. Creepy creepy creeps. Creeping around. Creeping here and creeping there. Creeping everywhere. Crippity crappity creepies." - Vincent Gallo
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[Vincent Gallo]
1. Nome de ser politicamente incorrecto > 2. Polémico, directo, louco > 3. Paradoxal e, por isso, intensamente humano > 4. Modelo da Calvin Klein meets realizador independente sui generis > 5. Buffalo '66 - um filme impossivelmente hilariante, com o próprio e alguns senhores em estado de graça - Christina Ricci, Anjelica Huston, Ben Gazzara, Mickey Rourke e Rosanna Arquette. Billy Brown saiu da prisão e tem dois problemas imediatos - mijar (que não há maneira de conseguir porque não encontra nenhum sítio para o fazer) e ganhar coragem para enfrentar os seus pais que são, no mínimo, um par de aves raras > 6. Rosto que atrai a atenção do observador, não sendo especial em particular, provavelmente porque o seu portador é dono de personalidade em quantidades obscenas > 7. Tem o condão de me fazer rir até às lágrimas com as expressões do seu rosto e a entoação da sua voz > 8. Com ele temos sempre a certeza de sermos surpreendidos, sempre de uma forma deliciosa
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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

'Till I Found You

O Mundo Colapsa 9
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2200, Inverno, 13.07 GMT
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O seu relatório estava a ser distribuído aleatoriamente por todos os pontos por onde saltitava. De PacMaster em PacMaster, os dez resistentes dançavam como se estivessem a atravessar um lago, pulando de nenúfar em nenúfar. Não havia diálogo, apenas troca de informação. Por vezes cruzavam-se a velocidades vertiginosas e deixavam um rasto de bytes coloridos, como um arco-íris virtual. Um deles era designado à vez para ficar quieto num determinado local, para avisar os outros de qualquer movimento suspeito de detecção. A única forma de escapar era se essa detecção fosse avistada ao nanosegundo, possibilitando uma reacção imediata. Tudo estava a correr bem e, se algum dia corresse mal, era o fim das CM's. Não se podiam dar a esse luxo.
Mas desde há algumas décadas que o Circuito de Vigilância andava atrás deles. Desde que J. tinha conseguido escapar, passara a existir um ficheiro negro na Fonte sobre J. ou sobre aquilo que elas tinham conseguido sobre J., que era quase nada. Mas a suspeita ficara lá e era o suficiente para as colocar de sobreaviso. Elas sabiam que havia algo, algo que infectava o sistema e que precisava de ser eliminado. Mas como todas as máquinas, faltava-lhes o poder de dedução lógica não programada. Apenas podiam estar atentas e esperar pela próxima falha. E eles apenas tinham que ter cuidado para não criar um novo precedente susceptível de ser programado no Circuito de Vigilância.
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Conseguiu enviar todo o relatório com sucesso. Mas a informação que precisava de receber ainda ia demorar. Krueg, o Chefe da América, tinha uma quantidade obscena de dados que aparentemente pretendia partilhar sem delongas. O gajo quererá debitar o romance da vida dele, mais o Antigo Testamento, mais a lista telefónica completa do século XX? Não morria de amores pelo Krueg, aka Vincent. O tipo era arrogante, mas o que mais o irritava era que tinha razões para isso - de todos os ARLIs, era o que tinha mais conhecimentos técnicos sobre o Sistema e J. considerava-o uma espécie de braço direito. De mais a mais, havia que admirar a sua persistência e paciência para estudar as máquinas como se se tratasse de um pit-bull. Se elas pensassem, poder-se-ia afirmar que ele lhes poderia adivinhar o pensamento.
Que merda! Queria acabar com aquilo o mais depressa possível. Hoje não estava com pachorra nenhuma para o raio da CM. Era curioso como ainda conseguia ser invadido por sentimentos, como esta melancolia que lhe assaltava os bytes nesse preciso momento. E nem sequer se podia dar ao luxo de se entreter com desenhos. O facto de estar a pensar já lhe estava a atrasar o raio do processamento da informação. Lembrou-se que estava parado já faziam mais de 2 segundos e disparou em direcção aleatória. Foi parar à América. Percebeu isso quando foi rodeado por caracteres anglo-saxónicos de todos os lados.
Os poucos humanos livres que ainda sobreviviam fora das Colónias de Alimentação e Combustível eram os Privilegiados, mais concretamente os Traidores, na gíria os Colaboradores ou pura e simplesmente, como C. lhes chamava, os Merdosos. J. era o único que condescendia.
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«Le0pard» tiveram sorte, apenas isso
«Júpiter» sorte uma porra daaaa-se
«Le0pard» há gajos que nascem c o rabo virado pa lua
«Júpiter» há gajos q n merecem o ar que respiram, isso sim
«Le0pard» são eles que um dia vão fundar o Novo Mundo
«Júpiter» só por cima dos meus bytes
«Le0pard» hás-de precisar dum corpo p voltares
«Júpiter» naaaaa, prefiro continuar por aqui
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E preferia. Já se habituara. Não se queria lembrar das
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VANTAGENS DA VIDA NATURAL
* sentir o corpo, o cheiro, a respiração duma gaja boa
* ver as cores do arco-íris sem ser a 24-bits True Color resolution
* beber uma bica capaz de lhe rebentar o estômago
* fumar 50 cigarros de seguida
* amar ...
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Disparou novamente. Merda para ti, Krueg. Espero que essa PORRA valha a pena.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Love's Vessel


dskflçd
Long ago, in days past
A simple vessel you gave me
You filled it with love to last
And then you set me free
dfklçd
Out into the world I flew
From love's secret castle
Far, far away did I fly from you
And with me I took that vessel
dlfldk
Life offered me gifts plenty
I loved, laughed and cried
I learned to fall and rise mighty
As I left you behind
lçdkflçd
But that vessel remained with me
And though often forgotten
It never ceased to be
Your love's magic begotten
lçdskflçd
Treasures, a few, it saves
Inside its frail, clear glass
One tiny drop is all it takes
And I am whisked back to the past
lçdkfçklf
To the smell of your skin
As of sweet red wine
To a beating deep within
To your lips on mine
lkfçlf
To hands soft as velvet
On arms strong as vine
From a voice where clouds would melt
To that shiver down my spine
dlçsfkçdf
And it never crossed my mind
I was too distracted to feel
That so frail a vessel could find
Such powerful, lasting will
dslçfklçdf
No, it never was so clear
That your simple, candid vessel
Kept you close all these years
Kept alive love's secret castle
dlçfklçsd
Of wizardry you had no notion
But somehow you conceived
A magical, powerful potion
That in me always lived
dslçfkçlds
Long ago, in days past
"With much love" you wrote to me
Knowing that it would forever last
Far beyond my blind flee
çdlsfkçld
For those words you wrote to me
Are the vessel I kept from thee
And that vessel was meant to be
Your arms wrapped tight around me
dçslfkçds
Long ago, in days past
A simple man offered me
A tiny vessel, a precious flask
Filled with love and dreams to be
çdlfkçdlsf
Fairer words others might woo
Richer, cleverer or wiser
How could they ever compare to you?
They could not, never, ever
dflkçd
For in your vessel, my love, I know
Love will last a thousand years
There your love will for ever grow
And wipe away all my tears

Para ti, P.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Macro Secrets 24

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The secret of life is in the details

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

MORMORIOS DI FIRENZE III

O Encontro das Estátuas
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A Estátua abriu caminho por entre a multidão que se aglomerava próximo da entrada da Galleria dell'Accademia. Era jovem e inexperiente. Não calculou bem a distância que separava o seu pé do degrau mais próximo e caiu estatelada no meio do chão. Só não empalideceu porque fora esculpida em mármore de carrara e já era pálida por natureza. Esbracejou sem dignidade nenhuma na pedra fria e ergueu-se de novo, um moinho de braços e pernas descoordenados girando no ar.
º~çdº~d
dçdºç
Sentiu um arrepio. Aquele contacto súbito com a pedra dura do chão fê-la encolher-se de asco e franzir o sobrolho.
Imaginemos por momentos que esbarramos contra alguém imundo, um vagabundo que deambula pelas ruas sem nunca conhecer um banho reparador, e que a nossa pele toca na pele desse alguém. Que faríamos? Que sentiríamos? Nojo. E fugiriamos rapidamente desse contacto, resguardando-nos no interior dessa esfera invisível que todos transportamos connosco e que constitui o nosso Eu.
fdkçfdlk
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Pois, assim sucedeu com esta Estátua, quando tombou no chão e sentiu a pedra, suja por milhares de solas de sapatos, e gasta pelo peso de milhares de corpos ao longo dos anos, contra o seu mármore nobre e polido, quase aveludado.
dlfºçd
SDFªÇL
Ninguém reparou, claro. Em Florença existem tantas estátuas espalhadas por todo o lado que, se uma delas começar a caminhar sozinha pelas ruelas medievais, ninguém se apercebe disso.
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Talvez a menina encostada à porta da loja de chocolates tenha puxado a saia da mãe e falhado a direcção da barra de chocolate negro que segurava na mão, e que foi embater no nariz em vez de entrar na boca, sujando-lhe o pequenino apêndice de cacau derretido. Talvez ela fosse a única testemunha, mas enfim, não importa.
dlfdºç
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E para onde se dirigia a Estátua? Para um encontro secreto na Piazza Della Republica, mais concretamente no Caffé Le Giubbe Rosse.
Lá esperava-a outra estátua, impaciente.
dlfºdç
ºçdflºdç
Esta era bem mais pequena que a primeira e o seu semblante encontrava-se ainda mais franzido do que era costume. Havia duas razões para isto: Michelangelo detestava atrasos de qualquer espécie (a não ser os dele próprio, claro está) e, pior ainda, vivia transtornado com a ideia de não ter sido ele próprio a esculpir-se. Era frequente ouvi-lo murmurar entredentes "porca miseria!", referindo-se ao estado deplorável de alguns pormenores do seu corpo.
ºçlfdºç
fºdçlkfdºç
No entanto, quando David chegou finalmente ao Giubbe, Michelangelo animou-se e pareceu subitamente rejuvenescer. Olhar uma das suas obras-primas animava-lhe sempre o dia.
ºçflºçf

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

EM BUSCA DE PALAVRAS 95

Playing With The Boys
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Construir um enredo criminal é, estou a descobrir, como apresentar um puzzle em que só nós estamos em poder das peças todas e decidimos quando e onde é que elas podem ser posicionadas correctamente. Este processo é divertido como o caraças.
Quer dizer, passada a fase do primeiro rascunho, claro, que é sempre uma tarefa herculeana, desgastante, que às vezes parece quase impossível e que nos faz exclamar semana sim, semana não: "MAS ONDE É QUE EU ESTAVA COM A CABEÇA QUANDO DECIDI TER ESTA BRILHANTE IDEIA????!!!! EU NÃO CONSIGO FAZER ISTO!!!!"
Ainda estou nessa fase, que ainda vai durar mais algum tempo (MESES!!!! OH MY GOOOOD!!!), mas já começo a vislumbrar por baixo da porcaria toda que o lápis vai escrevendo, por baixo da poeira toda levantada pela borracha, algo parecido com uma forma com algum sentido, o desenho minimamente coerente de um enredo com pés e cabeça. E esse formato já permite brincar com algumas das peças e decidir o que quero ou não mostrar.
Esta vai para aqui e só mostro isto por enquanto. Aquela viaja para ali e só se vai perceber mais lá para o fim.
Outra coisa engraçada é que tenho um personagem que é investigador da polícia. Seria de esperar que eu tivesse algum poder de decisão sobre o rumo da investigação que ele está a tomar para deslindar este quebra-cabeças. Mas não. Mais uma vez, os personagens é que mandam. E como este não é excepção à regra, ele é que me diz para onde quer prosseguir, o que se torna um processo no mínimo divertido, no máximo quase místico. Percebi isto quando constatei um facto que me tinha passado despercebido, mas que era óbvio - é que ele é muito mais esperto e inteligente do que eu. Eu tenho espírito de Sherlock e sou bastante atenta aos pormenores, mas sou uma autêntica azelha em perceber uma série de coisas. Ele não é. Para além disso, tem mais uns 10 anos que eu, 20 dos quais passados atrás de criminosos.
Quanto ao criminoso, não sei se é mais esperto do que eu, mas de certeza que é muito mais perfeccionista. Não falha absolutamente nada e pensa em tudo. É também muito mais concentrado e focado. Por este motivo, exige de mim loucuras, que nenhum personagem jamais exigiu, como o ter uma réplica duma carabina em casa para treinar as posições e lhe sentir o peso e as formas; como obrigar-me a aprender a camuflar-me dos pés à cabeça; como o facto de se continuar a recusar a falar muito comigo, porque parece querer permanecer um mistério também para mim e desta forma adensar ainda mais o puzzle.
E como peças de um quebra-cabeças possuído de vontade própria, eles e as suas acções vão-se posicionando lentamente neste tabuleiro ainda cheio de poeira, cheio de entulho, cheio de lixo, cheio de peças soltas.
ddklç
P.S. Lembrei-me desta música, para ilustrar o meu entusiasmo. I'm really enjoying playing with these boys :)
dlklçd

domingo, 17 de janeiro de 2010

MURMÚRIOS DO PARAÍSO IX

Nuestros Hermanos
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Nuestros Hermanos são ruidosos, orgulhosos e altivos, sem arrogância.
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ºçdlºd
Nuestros Hermanos são castanholas faladoras ritmadas, sem precisarem de música.
çdlçºd
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Nuestros Hermanos são adeptos de motociclos barulhentos, sem respeito por peões.
Nuestros Hermanos decoram qualquer pedaço de cidade com azulejos coloridos e excessivos, sem pedirem licença.
çºdlçºd
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Nuestros Hermanos preferem as cores fortes, entre o amarelo canário e o vermelho sangue, porque são as que melhor decalcam o que lhes vai na alma.
çdºlfºçfd
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Nuestros Hermanos partilham connosco a paixão pelo mar e pela boa mesa, mas certificam-se que o mundo tenha conhecimento disso.
Nuestros Hermanos são muito mais quentes, mesmo em dias de trovoada.
çfºlfçº
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Nuestros Hermanos são mais exóticos, mais soltos e mais selvagens do que nós, basta vê-los a dançar, olé!
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Nuestros Hermanos apreciam a degustação de saborosas tapas, pequenas mas intensas.
Nuestros Hermanos não prescindem da "siesta" - "pues, que hacemos? mucho calor para trabajar, hombre!"
Nuestros Hermanos são obscenamente religiosos, sem vergonha nenhuma.
ºdçlfºçd
dºçlfºd
Nuestros Hermanos apelidam qualquer hermano de "tio", mesmo que não partilhe laços de sangue ou de parentesco.
Nuestros Hermanos estão aqui sempre tão perto do Paraíso, à largura de um rio, mas continuam sempre tão longe de nós.
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sábado, 16 de janeiro de 2010

PALAVRAS ESTÚPIDAS 82

James - Parte I
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Em toda a história da minha vida, há um único homem que me continua a aterrorizar.
Chama-se James, está morto há precisamente 69 anos e 3 dias e era irlandês.
James é o único homem que ainda me aterroriza. Tenho o volume na estante há coisa de uns 5 meses. Decidi-me finalmente a encomendá-lo. Há coisa de 5 meses que olho para ele todos os dias como se dali emanassem os vapores do apocalipse terminal. Na contra-capa leio aquilo que já li vezes sem conta noutras páginas, ao longo dos anos, desde os meus 16: "Everybody knows now that Ulysses is the greatest novel of the century." - Anthony Burgess, Observer.
Well ... right ...
Pego nele, finalmente. Penso: Porra! Eu também tenho sangue irlandês! Que mal é que o homem me pode fazer? En garde!
Lembro-me, esperançada, que tenho, afinal, tenho algum background, bolas! Não sou propriamente uma iniciada imberbe, caramba! Já li o Dubliners, já li excertos d'O Retrato do Artista Enquanto Jovem e do Fi ... dessa coisa que destrói os meus membros e os transforma em esparguete escorregadio sempre que me lembro dele, chamada Finnegans Wake.
Portanto! Vamos a isto, porra!
Armo-me em cavaleira destemida e! decido lançar-me na Odisseia (literal e metaforicamente, uma vez que isto utiliza a Odisseia como inspiração e é, portanto, uma espécie de Odisseia pós-moderna), lançar-me na odisseia, dizia eu, sem ler a introdução explicativa!
Ah, mulher! Tomates, pá! Assim é que é! Daddy would be proud if daddy knew who the fuck James is.
Surpreendo-me. Consigo ler até à página 45! e perceber pelo menos metade do que estou a ler! Sim, porque eu, não só me aventurei nesta odisseia sem introduções de qualquer espécie, como também tive a brilhante ideia de ler "Ulisses" na língua original - inglês. Porra!, pensei, eu leio o tio Shakes em inglês e aguento-me ao barulho sem cair muito. Portanto, isto não há-de ser nada, ......daaaa-se.
ah ..........................
exactamente na página 45 estilhaço-me contra um muro de tijolos e fico ali, espalmada, com um esgar estúpido a barrar-me a cara, desfeita.
Não .... percebo .... patavina .... do .... que ..... o ..... homem .... escreveu....
Levanto-me. Pego em todos os pedaços estilhaçados de mim e colo-me. Descanso em cima duma estante, enquanto a cola seca. Fecho o livro e digo para mim mesma "James, amanhã é outro dia, porra!"
James, you motherfucker, I will not go down without a fucking fight! And one more thing James ... you're a fucking genius, James ... at least until page 45 you were ...
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E isto era o que estava escrito na página 45:
"Ineluctable modality of the visible: at least that if no more, thought through my eyes. Signatures of all things I am here to read, seaspawn and seawrack, the nearing tide, that rusty boot. Snotgreen, bluesilver, rust: coloured signs. Limits of the diaphane. But he adds: in bodies. Then he was aware of them bodies before of them coloured. How? By knocking his sconce against them, sure. Go easy. Bald he was and a millionaire, maestro di color che sanno. Limit of the diaphane in. Why in? Diaphane, adiaphane. If you can put your five fingers through it, it is a gate, if not a door. Shut your eyes and see."