sábado, 16 de janeiro de 2010

PALAVRAS ESTÚPIDAS 82

James - Parte I
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Em toda a história da minha vida, há um único homem que me continua a aterrorizar.
Chama-se James, está morto há precisamente 69 anos e 3 dias e era irlandês.
James é o único homem que ainda me aterroriza. Tenho o volume na estante há coisa de uns 5 meses. Decidi-me finalmente a encomendá-lo. Há coisa de 5 meses que olho para ele todos os dias como se dali emanassem os vapores do apocalipse terminal. Na contra-capa leio aquilo que já li vezes sem conta noutras páginas, ao longo dos anos, desde os meus 16: "Everybody knows now that Ulysses is the greatest novel of the century." - Anthony Burgess, Observer.
Well ... right ...
Pego nele, finalmente. Penso: Porra! Eu também tenho sangue irlandês! Que mal é que o homem me pode fazer? En garde!
Lembro-me, esperançada, que tenho, afinal, tenho algum background, bolas! Não sou propriamente uma iniciada imberbe, caramba! Já li o Dubliners, já li excertos d'O Retrato do Artista Enquanto Jovem e do Fi ... dessa coisa que destrói os meus membros e os transforma em esparguete escorregadio sempre que me lembro dele, chamada Finnegans Wake.
Portanto! Vamos a isto, porra!
Armo-me em cavaleira destemida e! decido lançar-me na Odisseia (literal e metaforicamente, uma vez que isto utiliza a Odisseia como inspiração e é, portanto, uma espécie de Odisseia pós-moderna), lançar-me na odisseia, dizia eu, sem ler a introdução explicativa!
Ah, mulher! Tomates, pá! Assim é que é! Daddy would be proud if daddy knew who the fuck James is.
Surpreendo-me. Consigo ler até à página 45! e perceber pelo menos metade do que estou a ler! Sim, porque eu, não só me aventurei nesta odisseia sem introduções de qualquer espécie, como também tive a brilhante ideia de ler "Ulisses" na língua original - inglês. Porra!, pensei, eu leio o tio Shakes em inglês e aguento-me ao barulho sem cair muito. Portanto, isto não há-de ser nada, ......daaaa-se.
ah ..........................
exactamente na página 45 estilhaço-me contra um muro de tijolos e fico ali, espalmada, com um esgar estúpido a barrar-me a cara, desfeita.
Não .... percebo .... patavina .... do .... que ..... o ..... homem .... escreveu....
Levanto-me. Pego em todos os pedaços estilhaçados de mim e colo-me. Descanso em cima duma estante, enquanto a cola seca. Fecho o livro e digo para mim mesma "James, amanhã é outro dia, porra!"
James, you motherfucker, I will not go down without a fucking fight! And one more thing James ... you're a fucking genius, James ... at least until page 45 you were ...
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E isto era o que estava escrito na página 45:
"Ineluctable modality of the visible: at least that if no more, thought through my eyes. Signatures of all things I am here to read, seaspawn and seawrack, the nearing tide, that rusty boot. Snotgreen, bluesilver, rust: coloured signs. Limits of the diaphane. But he adds: in bodies. Then he was aware of them bodies before of them coloured. How? By knocking his sconce against them, sure. Go easy. Bald he was and a millionaire, maestro di color che sanno. Limit of the diaphane in. Why in? Diaphane, adiaphane. If you can put your five fingers through it, it is a gate, if not a door. Shut your eyes and see."

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