domingo, 14 de fevereiro de 2010

EM BUSCA DE PALAVRAS 98

À Velocidade da Vida
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Há pouco tempo perguntavam-me como corria o livro. Respondi que devagar. O meu interlocutor voltou a retorquir que pensava que "estava a correr à velocidade duma bala". Respondi "quem me dera ..." Mas depois reconsiderei e pensei "não, não queria isso, mesmo que fosse possível".
Nenhum livro, pela experiência que tenho, pode correr à velocidade duma bala ou sequer de um comboio. As palavras são como frutos dum pomar da condição humana e precisam, por isso, de tempo para amadurecer, ganhar corpo, cor e sabor, brincar com a luz e a escuridão, ser transplantadas e recombinadas e voltarem a florescer.
Não. Um livro não é como um filme, em que num minuto um personagem sofre um choque, tem uma epifania e decide mudar de um dia para o outro um importante ítem da sua lista personalítica. Os filmes são (têm de ser, mesmo os melhores) sumos de fruta concentrados, ou então transformam-se em séries de televisão.
Não. Um livro é como a vida, real, compassada, respirada, por vezes dolorosamente lenta.
Não. Um livro é como as pessoas, que demoram muito tempo a perceber certas coisas ou a mudar.
Não. Um livro respira como uma pessoa, nunca como uma bala, mesmo que seja sobre balas que viajam a uma média de 300 quilómetros por segundo.

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