sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 11

AVISO: Este post é de leitura interdita a menores de 18 anos ou a pessoas sem o mínimo de bom senso ou senso de humor dentro da tola

A Melhor Amiga de Um Sniper – Parte IX
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“A guerra educa os sentidos, chama a vontade para a acção, aperfeiçoa a constituição física, desencadeia rápidos e íntimos embates em momentos críticos em que o homem avalia o homem.” - Emerson
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Continuamos em plena Segunda Guerra Mundial, mas desta feita um pouco mais a oeste, numa região chamada Normandia, que ficou famosa no dia 6 de Junho de 1944 - o Dia D.
Do filme "O Resgate do Soldado Ryan" já tudo se disse. A primeira parte é uma recriação soberba, estou em crer, do desembarque das tropas aliadas. Nunca em mais nenhum filme (nem com Platoon, nem mesmo com Apocalipse Now) fiquei com noção tão aproximada do que é um palco de guerra, ou seja, do que é o Inferno Dantesco. As memórias mais marcantes que ficaram do filme na altura da estreia foram 2: um soldado a quem uma explosão tinha arrancado um braço, à procura dele na areia da praia, meio atordoado e em estado de choque, totalmente alheado das balas que continuavam a ziguezaguear em seu redor e um soldado americano com uma grande panca, chamado Jackson, que fazia rir as pessoas nas salas de cinema e que funcionava como um catalizador-descompressor no meio daquele horror brutal que parecia não ter fim.
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E lembrei-me de Jackson novamente, para a minha pesquisa. Porque Jackson era o sniper do grupo que ia em busca do soldado Ryan, o tal que tinha perdido os outros 3 irmãos na mesma guerra.
Jackson tinha 2 características especiais e magnetizantes para as audiências: era um atirador exímio e antes de atirar, recitava trechos do Salmo 166 da Bíblia. Mas Jackson é muito mais do que um sniper com uma grande panca e Spielberg sabia o que fazia quando concebeu este personagem. Brilhantemente interpretado pelo canadiano Barry Pepper, Jackson é aquele tipo de soldado que gosta realmente do que faz, nasceu para aquilo, é o homem certo, no lugar certo, com a perícia certa. Como o próprio diz: "Deus fez de mim uma afinada peça de armamento. Da maneira como eu vejo as coisas, meu sargento, se me pusessem a mim e a esta espingarda de atirador até 1 milha de Adolph Hitler, podiam começar a fazer as malas - esta guerra acabava já."

Jackson é o mais seguro e o menos preocupado de todos os que acompanham Tom Hanks naquela missão quase impossível. Não é por acaso que é também o único que consegue adormecer profundamente sempre que páram para repousar, como um bebé, sem fantasmas. Porque Jackson acredita que tem um escudo protector poderosíssimo - Deus. A quem agradece e honra continuamente, para que Ele não se esqueça de olhar por si e pela sua pontaria. O resultado é um paradoxo brilhante: Jackson beija continuamente o crucifixo que traz pendurado ao pescoço e cita o salmo da Bíblia de cada vez que se prepara para atirar e matar um alemão. Não estamos somente perante um exemplo dos muitos milhares de soldados que certamente terão feito o mesmo na guerra real. Creio que o objectivo de Spielberg era fornecer ao espectador uma justificação plausível para torcermos por ele, esquecendo-nos que está a matar outros seres humanos - mas fá-lo em nome de Deus. Jackson funciona por isso como um descompressor e faz-nos até sorrir. Ele descansa o nosso coração e faz-nos torcer por ele, faz-nos torcer por todos os 7. Faz-nos acreditar. Acreditar naquela missão louca, que nos parece impossível.
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“Mas Tu, Senhor, não Te afastes de mim ...”
Pumba!
“Força minha apressa-te em socorrer-me.”
Pumba!
“Senhor, em Ti confio. Não me deixes envergonhado. Não deixes que os meus inimigos triunfem sobre mim.”
Pumba! Pumba!
“Bendito seja o Senhor, meu rochedo ...”
Pumba!
“O senhor é a minha fortaleza, o meu alto refúgio e o meu Salvador.”
Pumba!
“O meu escudo e Aquele em quem confio.”
Pumba! Pumba! Pumba!
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Quase no final do filme, e antes da sua morte, Spielberg oferece-lhe um requiem absoluto e triunfal. No topo de uma velha igreja em ruínas a câmara dá-nos um grande plano de Jackson, o seu semblante determinado, totalmente focado, enquanto reza e dispara, reza e dispara, sem parar. Ele é o rosto do Aliado, que não desiste, que não soçobra, que jamais fraquejará e que não deixará o inimigo avançar. E continua a disparar até ser atingido pela explosão de um bulldozer. Apercebendo-se que vai morrer, Jackson tem apenas tempo para gritar um aviso ao seu companheiro, antes de ser incinerado.
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O que aprendi?
Que a confiança em si próprio, mais do que a fé, é uma arma com um poder extraordinário.
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E aqui fica uma das cenas mais emblemáticas protagonizadas por Jackson:
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Nos próximos episódios continuamos com snipers, mas avançamos no tempo até ao presente. A diferença é abissal. Os últimos grandes heróis solitários fizeram-se na II Guerra Mundial e no Vietname. Nos palcos de guerra actuais os snipers funcionam em equipas. Já não são homens solitários.
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Hasta la vista, baby.

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