segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Passo os dedos pelo dicionário ao acaso e aterro em ...

ASSOMO
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A vida é feita de assomos, mais do que de aparições repentinas. Os assomos são a poesia de que todos nós somos capazes, mesmo os que dela nada entendem ou dizem não apreciar. çlkfçld
Assomamos à beira das vaginas das nossas mães. Assomamos no rebordo de portas entreabertas em contra-luz, espreitando assomos de outros que se esgueiram e nos assustam ou fascinam. Assomamos no rebordo de beijos, de manjares, de carícias, de páginas de livros, de jornais, de pedaços de anúncios, de primeiros acordes de músicas que adivinhamos porque já são nossas há muito tempo.
Os assomos provocam-nos esgares de espanto, de terror, fazem-nos cócegas na imaginação, despertam-nos os sentidos, provocam-nos taquicardias inesperadas, fazem-nos sonhar.
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Assomamos na vida de alguém, pé ante pé, devagarinho, tacteando terrenos desconhecidos, ou assomamos na nossa própria vida, experimentando, aprendendo, criando hábitos, ganhando coragem, perdendo medos.
Tudo começa sempre por um assomo. E quando não é assim, algo está errado ou faz-nos recuar, aguardar em expectativa, desconfiar, assustar.
Colocar o pé na água, tacteando terreno, assomando, ou entrar de chapão?
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Sempre que somos um assomo, desenhamos um verso no mundo que poderá ou não ser continuado, partilhado, construído em conjunto, para formar um poema inteiro.
Os poemas começam assim, por assomos sucessivos, intercalados, cada vez mais descarados.
Mas ... alguma vez deixaremos de ser apenas cascatas traquinas e inesperadas de contínuos assomos?

1 comentário:

Dry-Martini disse...

Ah somos? :)