sábado, 2 de fevereiro de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 9


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A minha pesquisa prosseguiu com Hannibal Lecter, não porque o serial killer fizesse parte da lista que eu ando a preparar, mas porque há muito tempo que os romances de Thomas Harris estavam na minha lista privada de livros a ler obrigatoriamente, por um motivo muito bom: sabia (e confirmei) que, por melhores que os filmes fossem (e são) os livros seriam de certeza muito melhores.
Por outro lado, se vou escrever sobre um assassino, ainda que não seja de todo um assassino em série, só posso retirar lições valiosas do fascinante e requintado Hannibal.
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Houve uma coisa que sempre me intrigou no personagem de Hannibal Lecter – porque será que as pessoas adoram este serial killer demoníaco, que devora pedaços das suas vítimas com a mesma displicência com que depenicaria uns meros houer d’ouvre num cocktail requintado? Seremos assim tão sádicos e tão malignos?
Sim, somos. O ser humano tem destas coisas e existe um lado de fascínio mórbido em ver os outros sofrer, desde que sejam os outros e desde que estejam bem longe. Lamento desiludir os mais ingénuos, mas é algo que podem aprender rapidamente se vasculharem os cantos mais obscuros da vossa própria mente e se abrirem um livro qualquer de psicologia para principiantes.
Mas, ainda assim, teria de haver uma explicação plausível para o sucesso megalómano que Hannibal tem junto do público, e não é só por causa da soberba interpretação de Anthony Hopkins, se bem que ela ajude e muito ao fascínio exercido.

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A leitura dos livros veio cimentar uma suspeita que eu tinha e acho que descobri o busílis da questão – as pessoas adoram Hannibal, porque ele é um serial killer requintado. Ou seja, ele não se limita a abrir a bocarra e dar dentadas. Ele não é feio, porco e mau. Ele é culto, escolhe Florença para habitar, adora arte, percebe de física e ainda tem tempo para escolher e preparar cuidadosamente os alimentos mais requintados para o seu palato exigente.
Como resistir a este homem? Impossível.
E depois, senhores, ahhhh, aquela história de amor estranha entre Hannibal e Clarice é a cereja em cima do bolo, certo?

Outra coisa que confirmei foi algo que já suspeitava também - as pessoas associam sempre muito mais a interpretação de Jodie Foster ao retrato de Clarice Starling, mas devo dizer (e confirmei com os livros) que a interpretação de Julianne Moore é muito mais rica e fiel ao personagem criado por Thomas Harris, cheia de nuances, ambiguidades e uma sensualidade que Jodie não conseguiu, na minha modesta opinião, fazer passar.
Aconselho todos os que nunca leram os romances a fazê-lo. Até porque o final do terceiro romance é totalmente diferente do final do terceiro filme ... :) Ou seja, Hollywood teve que ser politicamente correcta, como é seu hábito, aliás – Hannibal foge depois de poupar a vida da sua Clarice e auto-mutilando-se no processo.
Sempre achei que aquela auto-mutilação do dedinho não se adequava nada a Hannibal. Aliás essa foi uma das razões para querer ler os romances. Hannibal nunca se auto-mutilaria, mesmo pela sua Clarice, pensava eu. Não estava nada de acordo com o seu modus operandi e a sua personalidade.
E descobri que a minha suspeita estava correcta. O final do livro é diferente e deliciosamente arrepiante .... :) Pôs-me os pêlos em pé, literalmente. E eu não sou de ficar assim com qualquer coisinha, acreditem.

No próximo capítulo, voltamos aos snipers, desta vez legítimos soldados. Por isso, não perca o próximo episódio de "A Melhor Amiga de Um Sniper".
Hasta la vista, baby

2 comentários:

Dry-Martini disse...

Só lhe peço uma coisa. Pode ser? Não automutile os seus dedinhos pois a sua história está a ficar interessante :)

Andrómeda disse...

Pode ficar descansado lol Que raio de pedido ...
Mas não percebi, qual história é que está a ficar interessante?