sábado, 22 de março de 2008

Passo os dedos pelo dicionário ao acaso e aterro em ...

SEDE

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A mulher algemada à cama, que tenta desesperadamente esgravatar o pulso com um pedaço de vidro, para conseguir livrar a mão da algema e assim conseguir alcançar o copo pousado em cima da mesa-de-cabeceira, que contém as únicas milagrosas gotas de água que lhe saciarão a sede. Do romance de terror “Gerald’s Game”, do fabuloso contador de histórias Stephen King.
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A primeira sede divertida da história da humanidade, quando Noé apanhou uma grande bebedeira de vinho e apareceu nu na sua tenda. De um tal de Antigo Testamento.
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O único alimento do jovem Bobby Sands, o lendário terrorista do IRA que fez greve de fome durante 66 dias na terrível prisão de Maze, desafiando a Dama de Ferro. Ela não cedeu. Ele também não. Até ao fim, quando morreu. Apenas com água e um espírito imbatível que o transformaram num mártir da Causa. Da sangrenta e infindável pedra no sapato do Império Britânico.
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A doença dos corpos mergulhados em ácido noite após noite, girando em contorções até à exaustão, que pedem água e apenas água. Das noites em muitas capitais de muitos países por esse mundo fora.
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A chávena de chá e a torrada diárias, único alimento de outro homem que desafiou o mesmo império sem nunca ter usado de violência. E venceu. Da vida de Mahatma Gandhi, a Grande Alma.
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A insaciável sede de poder de Adolph, Mao, Josef e tantos outros, que a tantos mais roubou a vida gratuitamente. Do espírito de competição e de posse que todo o Homem tem dentro de si.
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A imensa sede questionadora de Albert, Stephen, Galileu, Leonardo e tantos outros, a quem tantos mais devem tanto. Do espírito incansável do Homem para descobrir, aprender, conhecer.
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A sede de ti, tanta, inesgotável, insaciável, incolmatável, insubstituível, indecifrável que me traz até aos braços teus ou me rouba os dias meus. Dos romances diários a acontecerem todos os segundos por todo o nosso mundo.
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Tanta, tanta, tanta sede tem este planeta. Porque é dela que provimos e para ela haveremos de regressar, é ela que corre nos nossos vasos, nos nossos interstícios, nas nossas células. Água.
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Tens sede?
E a água, terá sede? E de quê? De corpos que possa inundar, claro está.

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