quarta-feira, 27 de março de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

Lynch
David



The Fabulous Mind Player

Marcos: Conhecido pelos seus filmes surrealistas, Lynch desenvolveu um estilo cinematográfico muito próprio, denominado "Linchiano",~caracterizado pelo seu imaginário onírico e o design musical meticuloso. Os elementos surreais, por vezes violentos, são conhecidos por "perturbarem, ofenderem ou mistificarem" o público. Foi descrito como o mais importante cineasta da sua era e o renascentista da cinematografia americana moderna. Ao mesmo tempo o seu sucesso comercial classifica-o como o primeiro surrealista popular. Os seus filmes estão tão carregados de temas recorrentes, motivos, personagens recorrentes, imagens, composições e técnicas, que podem ser vistos como autênticos puzzles de ideias: imaginário onírico, realismo mágico, máquinas industriais, violência social escondida, deformidade, fogo, luzes, palcos onde uma cantora solitária se apresenta, o imaginário da cultura ameircana dos anos 50. Outra das suas características é o uso de personagens femininas com personalidades múltiplas ou fracturadas. Lynch afirmou, sobre o uso dos sonhos: "Waking dreams are the ones that are important, the ones that come when I'm quietly sitting in a chair, letting my mind wander. When you sleep, you don't control your dream. I like to dive into a dream world that I've made or discovered; a world I choose… [You can't really get others to experience it, but] right there is the power of cinema."

O que gosto: O surrealismo brutal. A comicidade. O horror. A brutalidade estilizada. O desespero. A beleza. O glamour. A inteligência impressionante. O entrelaçar de horror e de maravilhoso, por vezes na mesma cena, pessoa, objecto. Os labirínticos jogos mentais a que nos obriga, e que nos deixam estenuados, a abanar a cabeça, a pensar "mas como é que este filho da mãe construiu este enredo?". A sua própria personalidade é deliciosa. O seu aspecto físico, o seu cabelo, a sua forma de falar, a sua forma de vestir, e a maneira compulsiva como fuma não dão a bota com a perdigota e é isso que o torna único - Lynch parece um cavalheiro, mas depois é capaz de proferir a maior barbaridade enquanto descreve alguma coisa. A forma tão clara como se entende a América quando se vê um filme dele - que aquilo é uma mistela de gente completamente distinta, que se mantém "colada" à mesma bandeira não imaginamos como (eu sei como, mas não foi o Lynch quem me mostrou isso). Não há um único filme de Lynch que seja razoável ou apenas bom. São todos para cima de Muito Bom.

O que não gosto: Que nunca haja uma explicação. Gosto de explicações. Mas, talvez se houvesse explicação, Lynch perdesse toda a piada. Ao contrário de Kubrik, por exemplo, Lynch é complexo mas pode ser visto em qualquer dia. Se Kubrik é o Dostoievski do Cinema, então Lynch será o Joyce do Cinema, no sentido de que apesar de podermos não entender tudo à primeira, nem à segunda, nem à centésima, nem à milésima, a viagem, mesmo assim, continua sempre a dar prazer, mesmo se for feita todos os dias.

Os Filmes de Referência: The Elephant Man, Dune, Blue Velvet, Wild at Heart, Twin Peaks, Mulholand Drive

Os meus Preferidos: The Elephant Man, Blue Velvet, Wild at Heart, Twin Peaks (série), The Straight Story, Mulholand Drive, Inland Empire

Alguns planos do mestre:




"This whole world is wild at heart
and weird on top."

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