PARIS
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"Pour te dire je t'aime
Aussi loin que tu sois
Une part de moi-même
Reste accrochée à toi
Et l'autre solitaire
Recherche de partout
L'aveuglante lumière
De Paris au mois d'août"
Charles Aznavour
Tentei escrever sobre Paris
Tentei usar palavras caras
Encostei a pena ao nariz
Mas as luzes foram raras
Admito que falhei
Tive que me dar por vencida
Nem uma gota de verve saiu
E estou completamente esvaída
Guardei apenas momentos
Pequenos e intensos fragmentos
Que como flashes de memória
Me contam uma doce história
Era uma vez uma cidade
Envolta em suave neblina
Nela se erguia uma torre alta,
Elegante e feminina
Por lá um belo rio serpenteava
E uma míriade de pontes o polvilhavam
Do topo de magníficas catedrais
Terríveis gárgulas espreitavam
O arco triunfal, a avenida descomunal
Deslumbrantes e vastos jardins
Quartier Latin, Montmartre, Pigalle
Desdobrando-se por escadarias sem fim
Foi em Paris que encontrei
Um sorriso enigmático
Foi em Paris que me deslumbrei
Com um minúsculo pensador surumbático
E pensei para comigo
Que aquela cidade nunca antes vista
Desenhada capaz era de ter sido
Por um mestre impressionista
E concluí com um sorriso
Que na verdade podia até ser
Que Paris existisse apenas
Num postal comprado ao entardecer
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