segunda-feira, 27 de novembro de 2006

VIAGENS XI

EGIPTO
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“Egypt! from whose all dateless tombs arose
Forgotten Pharaohs from their long repose,
And shook within their pyramids to hear
A new Cambyses thundering in their ear;
While the dark shades of forty ages stood
Like startled giants by Nile's famous flood.”

Lord Byron

Segui o curso do ancestral rio
desde as paredes de chocolate sujo
da infernal e ruidosa Cairo
até às areias douradas
da beleza esmagadora do deserto
e às águas vermelhas
do mar transbordante de vida e cambiantes

e depois lá estão elas
eternas
as pirâmides
desenhando uma geometria misteriosa
ao pôr-do-sol
sussurraram-me segredos de milénios
perdidos na poeira do deserto
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desci ao ventre da terra no vale dos reis
e contemplei uma das maravilhas do mundo
as cores preservadas da corrupção dos elementos
a par com o cheiro pestilento das entranhas tumulares
céus azuis estrelados de dourado
discursos escritos a pincel por centenas de escravos
corredores e corredores de suspiros maravilhosos

espreitei uma múmia no museu
preservada, enrugada e encolhida, pelos óleos secretos
e as esplendorosas jóias do jovem rei Tutankamon
tão jovem …
tão magnificamente jovem e eterno
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mergulhei no Mar Vermelho
e apanhei corais proibidos
oferecidos à sucapa pelo velho marinheiro
com um sorriso
fiz uma tatuagem de hena no braço
o meu nome em árabe
e nas ruas chamavam-me
e diziam-me deles, és egípcia
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o nariz partido da Esfinge contemplou-me
enquanto um soldado aponta a sua kalashnikov
despreocupadamente pendurada no ombro
e o taxista estende o seu tapete para rezar na rua
e os olhos dos homens devoram as minhas pernas nuas
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a areia do deserto reflectida nas águas do Nilo
cria paisagens alienígenas
e o silêncio do recorte das montanhas
no horizonte do deserto

não esquecerei jamais
as cores dos hieróglifos no ventre da terra
a poesia do tapete estendido no meio da rua
para a oração diária

"Al Salam Aleikum"
Que a paz esteja contigo
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1 comentário:

Dry-Martini disse...

Um sol nos cornos de uma vaca que se tornou letra e som. Nunca se esteve tão perto do jardim do Éden como nas margens do Nilo. Perfeição entre homem e natureza, conhecimento e respeito pelas origens. Onde criaturas, metade homem metade bicho se banharam no rio dos deuses, criando esse assombroso mistério, que dá pelo nome de Egipto.