terça-feira, 2 de janeiro de 2007

MURMÚRIOS DE LISBOA XI

O Velho Mar
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Torre S. Gabriel - Parque das Nações
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Hoje aconteceu uma coisa extraordinária. Ernest Hemingway entrou no autocarro. Curiosamente também na paragem do aeroporto, como o anjo. Começo a pensar que o aeroporto talvez seja um portal entre dimensões. Mas isso é outra história.
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Tinha o cabelo todo branco, uma barba magnífica, que lhe chegava ao princípio do peito, a pele do rosto tisnada pelo sol e uns intensos olhos azuis, daqueles que começaram por ser castanhos mas que acabaram da cor do mar que tanto contemplaram. Não era muito alto, nem muito forte e vinha vestido com um corta-vento azul escuro curto, umas calças de ganga deslavadas e uns ténis castanhos.
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Seria o velho pescador? Talvez fosse de facto o velho pescador, porque trazia um envelope grande na mão e saiu perto do hospital. Deviam ser as análises. É que o velho pescador sofre de cancro, sabem? Mas autor e personagem costumam confundir-se, por vezes.
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Sim, tenho a certeza que era o velho pescador de O Velho e o Mar. É que ele existe mesmo, sabiam? A partir do momento em que Hemingway começou a transportá-lo lenta e cuidadosamente, com um amor imenso do tamanho do mar, da sua cabeça para o papel, o velho abandonou definitivamente as ondas da imaginação e materializou-se aqui.
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A única maçada é que sofrerá eternamente de cancro e está condenado a carregar nas mãos pequenas (tinha mãos pequenas) e enrugadas envelopes com análises para o resto da vida. Mas também não se pode ter tudo ... Já foi uma sorte ter sido criado por Ernest Hemingway.
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Estava cansado, o velho pescador. Bem vi que ainda era um homem rijo e que o mar ainda ruge intensamente nos seus olhos, mas havia um leve desequilíbrio em todo o seu corpo, apenas perceptível a um olhar mais atento. Ou talvez fosse apenas o efeito natural de quem não está muito habituado a pisar terra firme.
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Queria muito ter-lhe tirado uma fotografia mas, enfim, o que teria ele pensado de mim se o tivesse abordado dizendo-lhe que me fazia lembrar muito um dos personagens mais extraordinários jamais escritos por alguém?
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Só gostava que o tivessem visto ... era o mar, se o mar fosse uma pessoa.
Conseguem imaginar? ...

1 comentário:

pnunes disse...

Feliz 2007, cara M!

Espero que te tenhas divertido na passagem de ano e que todos os teus desejos se realizem em breve.

Tudo isto para te dizer que todos os dias vislumbro a paisagem desta foto :)

(já estivemos mais longe)