Bette Davis
“I was the Marlon Brando of my generation.”
Só Bette Davis me faria desrespeitar o alfabeto.
Era suposto ser alguém com um P.
Entre os fascinantes e ofuscantes olhos azuis
de Peter O’Toole e a magnífica Perfídia (cá está o P)
de Bette Davis, o meu coração não teve outra escolha possível.
Porque Bette Davis quebrou todas as regras que era possível quebrar.
Ela não era bonita, nem sensual e até a sua voz era irritante.
Os seus olhos eram desmesurados e salientes, como os de um sapo.
Só que Bette Davis era uma actriz do outro mundo, não deste.
Não houve nenhuma outra como ela.
E depois … bom, depois havia aquele pequeno pormenor
deveras importante – ninguém fazia de má, megera, pérfida
e insuportável tão bem como ela.
E nós adorávamo-la por isso.
Nós queríamos mais e mais e mais. E nunca era suficiente.
Regozijávamos de todas as vezes que ela se dispunha
a destruir uma alma com umas poucas palavras proferidas
no tom mais incrivelmente displicente e cruel deste mundo.
Aplaudíamos a imensa capacidade que ela tinha de dizer e fazer
aquilo que todos já quisemos dizer ou fazer algumas vezes na vida,
mas nunca tivemos coragem nem talento para isso.
Bette Davis foi-se deste mundo, aparecendo uma última vez
no soberbo “As Baleias de Agosto”, ao lado da deliciosa
e amorosa Lilian Gish (a heroína da época muda de Hollywood).
Nesse filme, já com mais de 90 anos,
as duas interpretam um par de irmãs.
Adivinhem quem é a irmã má? :)
Passamos o filme inteiro com pena de Lilian Gish e ao mesmo tempo
com um sorriso delicioso de cada vez que Bette berra “Saaaaaaaaarah!”
E ficam as saudades imensas, desmesuradas,
pelo regresso da “baleia” mais magnífica do Cinema.
Volta, Bette, estás perdoada :)
terça-feira, 16 de janeiro de 2007
OS ACTORES DE ANDRÓMEDA - PARTE I
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