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Av. da República - Grafitti no muro das ruinas da Feira Popular
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O bombista suicida é novo. Não mais de 25 anos. É baixo e magro, moreno e usa barba. Para um rapaz de não mais de 25 anos, usar barba é um pouco estranho e por isso lhe chamo o Bombista Suicida.
Veste sempre umas calças bejes e um blaser verde tropa com botões e bolsos e zipper firmemente apertado até ao pescoço. Como se lá dentro tivesse um arsenal de explosivos prontos a serem accionados a qualquer momento, e por isso lhe chamo o Bombista Suicida.
Os olhos dele são castanhos opacos e sempre fixos numa qualquer ideia, a sua expressão demasiado grave e madura para alguém com não mais que 25 anos, e por isso lhe chamo o Bombista Suicida.
Senta-se sempre lá para trás, invariavelmente num dos bancos virados ao contrário, como se até no lugar onde se senta tivesse que ser revolucionário, e por isso lhe chamo o Bombista Suicida.
Veste sempre umas calças bejes e um blaser verde tropa com botões e bolsos e zipper firmemente apertado até ao pescoço. Como se lá dentro tivesse um arsenal de explosivos prontos a serem accionados a qualquer momento, e por isso lhe chamo o Bombista Suicida.
Os olhos dele são castanhos opacos e sempre fixos numa qualquer ideia, a sua expressão demasiado grave e madura para alguém com não mais que 25 anos, e por isso lhe chamo o Bombista Suicida.
Senta-se sempre lá para trás, invariavelmente num dos bancos virados ao contrário, como se até no lugar onde se senta tivesse que ser revolucionário, e por isso lhe chamo o Bombista Suicida.
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Já esteve sentado ao meu lado e se estivéssemos em Telaviv ou em Jerusalém e não em Lisboa, eu teria com toda a certeza saído disparada na próxima paragem depois de ele ter entrado, com medo de ir pelos ares juntamente consigo.
Mas não. Estamos em Lisboa e por isso permaneço. Estamos em Lisboa e por isso admito que o rapaz pense noutras coisas graves, que não em problemas fronteiriços na Faixa de Gaza, a morte do lendário Arafat ou a brutalidade cada vez mais incontrolável do exército israelita.
Estamos em Lisboa e por isso admito que o rapaz tenha apenas frio e goste de se sentir completamente abotoado até ao pescoço para se proteger de resfriados mais violentos.
Estamos em Lisboa e por isso admito que use barba porque lhe apetece, porque não tem pachorra para a fazer todos os dias, porque lhe dê gozo ser diferente.
Estamos em Lisboa e por isso o rapaz apenas provoca alguns olhares curiosos.
Porque se estivéssemos em Jerusalém, esta história seria totalmente diferente – este rapaz seria um Bombista Suicida de não mais que 25 anos, olhar duro e fixo num único objectivo, cabeça feita e “lavada” por fundamentalistas, com um único pensamento dentro dela – vou rebentar com esta porra toda, sacrificar-me em nome de Alá, desintegrar-me em 60 biliões de pedacinhos e flutuar até ao reino dos céus onde terei 60 virgens à minha espera.
Já esteve sentado ao meu lado e se estivéssemos em Telaviv ou em Jerusalém e não em Lisboa, eu teria com toda a certeza saído disparada na próxima paragem depois de ele ter entrado, com medo de ir pelos ares juntamente consigo.
Mas não. Estamos em Lisboa e por isso permaneço. Estamos em Lisboa e por isso admito que o rapaz pense noutras coisas graves, que não em problemas fronteiriços na Faixa de Gaza, a morte do lendário Arafat ou a brutalidade cada vez mais incontrolável do exército israelita.
Estamos em Lisboa e por isso admito que o rapaz tenha apenas frio e goste de se sentir completamente abotoado até ao pescoço para se proteger de resfriados mais violentos.
Estamos em Lisboa e por isso admito que use barba porque lhe apetece, porque não tem pachorra para a fazer todos os dias, porque lhe dê gozo ser diferente.
Estamos em Lisboa e por isso o rapaz apenas provoca alguns olhares curiosos.
Porque se estivéssemos em Jerusalém, esta história seria totalmente diferente – este rapaz seria um Bombista Suicida de não mais que 25 anos, olhar duro e fixo num único objectivo, cabeça feita e “lavada” por fundamentalistas, com um único pensamento dentro dela – vou rebentar com esta porra toda, sacrificar-me em nome de Alá, desintegrar-me em 60 biliões de pedacinhos e flutuar até ao reino dos céus onde terei 60 virgens à minha espera.
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É certo que uma coisa partilham em comum o rapaz da barba e o seu homónimo Bombista Suicida do outro lado do mundo – qualquer um deles sonha de vez em quando com 60 virgens e os 60 biliões de posições possíveis de praticar com elas ...
É certo que uma coisa partilham em comum o rapaz da barba e o seu homónimo Bombista Suicida do outro lado do mundo – qualquer um deles sonha de vez em quando com 60 virgens e os 60 biliões de posições possíveis de praticar com elas ...
2 comentários:
Ora ai está talvez a razão de começarem a achar muito mais suicidamente interessante um decote semi-desabotoado que andarem para ai a brincar ao Carnaval .) Não acha?
Suicidamente interessante? Há-de-me explicar o significado dessa ... :)
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