sábado, 12 de janeiro de 2008

MURMÚRIOS DE LISBOA LIII

Anjos Cool
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Grafitti no muro junto ao Centro Comercial Amoreiras
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Eram três anjos negros.
Caminhavam à minha frente e nunca lhes vi sequer os rostos.
Tudo durou uns 30 segundos, se tanto.
Foi numa estação inter-face, algures em Lisboa.
E não caminhavam, estes anjos, mas dançavam.
Ou andavam-dançavam.
Aquele andar gingado, ritmado, como se marcado ao compasso de uma batida qualquer, a batida dos seus corações.
Tac Taac Tac Taac
Aquele andar cool que só os anjos negros costumam ter.
E os meus olhos transformaram-se por instantes numa câmara de filmar.
E o tempo atrasou um pouco, e 1 segundo demorou 4 segundos.
Taac Taaaac Taac Taaaac
E continuei a vê-los, mas em câmara lenta.
Eram os três muito novos.
Vestiam os três de modo igual, muito azul, ganga e preto, nylon e bonés de pala.
E o líder era o do meio, só não via quem era cego.
Tinha o dançar de comando.
Os sons das outras pessoas, os sons do trânsito lá em cima, os sons das chávenas e dos pacotes de açúcar nos cafés, os sons das conversas entre vendedores e clientes, os sons da humanidade atarefada afunilaram-se como se fugindo num túnel de som.
E ficaram apenas os sons dos passos dos três anjos nos meus ouvidos.
Depois a música começou dentro da minha cabeça.
Era

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A câmara das minhas íris continuava a seguir as costas dos três anjos.
Taac Taaaac Taac Taaaac
Os nomes dos actores surgiram por cima da imagem.
Depois os nomes do responsável do casting, do autor da banda sonora, do director de fotografia, do argumentista, do produtor e do realizador.
Pode ser
Quentin Tarantino
ou
Martin Scorsese
ou
Spike Lee
é o que quiseres
O filme vai começar.
Não sei para onde se dirigem os três anjos negros.
Agora é contigo ...
Imagina o que quiseres ... ;)






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