domingo, 28 de setembro de 2008

CRÓNICAS DO PARAÍSO 16

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O último dia no Paraíso.
O mar está azul luminoso e coberto de diamantes cintilantes de sol.
Não me vou esquecer da areia, das conchas, dos búzios minúsculos, das estrelas do mar com pernas cortadas, das alforrecas, deste mar imenso, do céu azul, das nuvens de farrapos ou em grossos cachos ou a sarapintar o horizonte, do homem das bolas de berlim com creme e sem creme, da senhora dos pastéis de nata e de amêndoa, do céu de todas as cores, do sol amado na pele, dos castelos e das catedrais de Gaudi de areia molhada, das pegadas à beira-mar, do levante e das ondas de todos os tamanhos, das bandeiras verde, amarela e encarnada, das conquilhas apanhadas na maré baixa, de todas as marés e de todos os humores, do horizonte lá ao fundo com a serra, da curva da costa ao longe, dos passeios, dos pôres-do-sol deslumbrantes, das conquilhas saborosas, do casino, das bicicletas, da promenade, da avenida comprida bordejada de palmeiras, do mini-golf do hotel, da estrada para a Vila Real, da mata, do parque de campismo, dos mirones, do maluquinho da vila, do velho Carolino e seu espírito empreendedor, da casa dos frangos e seu Adónis suado, da Igreja e seu sino repicante, da feira e sua parafernália e barulheira infernal, da Senhora do Paraíso, bonita e digna passando entre os feirantes e os churros e os carrosséis, dos pescadores a regressarem do mar lutando por vezes com as ondas gloriosas e monstruosas, dos românticos e atrevidos conquilheiros traçando linhas mar dentro com as suas redes e as suas pernas destruídas com reumático, dos Marés Vivas que passam nos seus carros artilhados de bóias salva-vidas, da polícia marítima e suas motas todo-o-terreno, dos cafés do largo e seus “mirones” do socialite, dos cafés da Avenida, do chinês e seu néon brilhante, da araucária no jardim a balançar cada vez mais para o lado esquerdo ...
Não me esqueço nunca de nada ...
Até para o ano, Paraíso ...
HNNHN

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