sábado, 20 de setembro de 2008

CRÓNICAS DO PARAÍSO 8


LJLK
Antes da praia, substituição da merenda do gato e nova tentativa de aproximação. Ele aprochega-se, sissia miudamente e foge. Um mimo. A mãe quase que nos matava com o seu olhar rosa fulminante, quando se apercebeu que estávamos demaisado próximos do bichano. Quando saímos, lá estava ela no seu posto de sentinela habitual, debaixo de um carro estacionado na rua, agachada em posição de ataque.
Aparentemente o bichano já desce as escadas e segue a mãe até ao portão grande. Continua um mistério a possibilidade de ela já o ter introduzido na selva exterior.
jlk
As gaivotas vêm aos bandos a fugir das nuvens que se acumulam para outros lados. E as gaivotas têm sempre razão.

Passeio na praia porque o vento corre veloz. Constatação de que o Paraíso tem muito menos conchas que Tavira e que dantes talvez tivesse mais. O Paraíso desconchizou-se.
As crias de gaivotas esvoaçam sobre as ondas da beira-mar e os adultos pairam imponentemente no ar, com dificuldade em rumar contra o vento forte.
JHJH
Dada a impossibilidade de permanecer mais tempo a enfrentar a areia que nos atinge como setas afiadas de todas as direcções, foge-se da praia, e ruma-se às lojas em busca de mais vestidos de verão.
Na varanda, sem nada para pensar, a não ser revistas, cremes, cores de vestidos e missões impossíveis – fotografar libelinhas.
E aprecia-se o maravilhoso céu nublado de Setembro. Grossos mantos de nuvens reflectem rosas, azuis e roxos, enquanto a noite cai lenta e suavemente sobre o Paraíso. As luzes da Avenida acendem-se. O pagode chinês começa a intercalar o seu néon verde e encarnado e o casino acorda.
As ondas revoltas do mar cobalto rugem ao longe, inquietas.
O Paraíso está calmo. Os feirantes levantam as últimas tendas.
Toma-se a decisão de tentar pelo menos não perder um único entardecer do Paraíso. São todos deslumbrantes.
Dantes havia, parecia, tanto tempo para tanta coisa, quando o tempo era a última coisa em que se pensava.
Agora, que nos lembramos sempre dele e de o amaldiçoar, parece correr cada vez mais veloz, como se mangasse de nós e do nosso desespero.
JKKLJ

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