sábado, 6 de setembro de 2008

Passo os dedos pelo dicionário ao acaso e aterro em ...

Desvendar
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Um corpo meio vestido é mais sensual que um nu. Um nu que apenas se adivinha, mais sensual que o nu totalmente exposto. Porquê? Pela expectativa do que irá surgir. A imaginação é sempre mais poderosa que a realidade.
E por esse motivo, Ridley Scott decidiu no primeiro Alien da série, revelar apenas partes do monstro, suspiros do horror, sombras que apareciam e desapareciam deixando o resto à imaginação sem rédeas dos espectadores e transformando aquilo que muitos prognosticavam como mais um reles filme de série B, num êxito planetário de sequelas garantidas, que catapultou a desconhecida Sigourney Weaver para o estrelato eterno.
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Mas casos há em que desvendar a verdade é a melhor e mais correcta opção, a mais democrática e madura. A censura agrada aos déspotas. Precisamente porque a censura é a maior arma do poder que ao invés de conquistado é usurpado. Quanto mais ignorante se mantiver o povo assim roubado, menos questionador será e mais seguro para o governante auto-proclamado à revelia das suas escolhas. A censura é sempre um sinal da insegurança e imaturidade do censor. E, por consequência, do seu despotismo. Um povo questionador e democrático é, no mínimo "chato como o caraças", no máximo perigoso para a manutenção do poder.
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E por esse motivo também a maioria dos adultos não morre de amores por crianças perguntadeiras. A maioria dos professores prefere ensinar para decorar, a ensinar para questionar. A educação peca por ser medrosa e não científica.
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Em Veneza, no século XVI, quando a celebração do Carnaval atingiu o seu zénite e durava metade do ano, a bauta, máscara de meio rosto, era a mais popular entre os nobres que a usavam com uma capa negra e um chapéu de três bicos. A bauta era usada por todas as classes para ocultar a identidade do seu portador. Era absolutamente proibido destapar o rosto de alguém. Nem mesmo a polícia tinha autorização para fazê-lo. Era o pretexto ideal para se cometerem as maiores loucuras, sob a sua protecção. Era como se houvesse uma espécie de armistício temporário, para soltar as pulsões interiores da multidão.
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Todos amamos detectives. Todos somos, no fundo, pseudo-detectives de vão de escada. Mas é estranho que o ser que mais adora desvendar coisas, seja precisamente aquele que mais se mascara ao longo da sua vida.
E quem não usa máscaras, que atire a primeira pedra ...
E quem não ache mais interessantes os que as usam, em oposição aos que dizem da sua vida ser um livro aberto, que se acuse ...
O segredo é muito mais interessante, mas apenas quando nós e não os outros o conhecemos.
Desvenda-te. Mas só para mim ...

2 comentários:

Dry-Martini disse...

Precisamente Sigourney. Está a ver porque é que às vezes não lhe conto tudo .)

XinXin

Andrómeda disse...

Inspirei-me em si :P